Portugal e Espanha estudam três novas ligações ferroviárias

Montenegro revelou que está a ser analisada a operabilidade da ligação Aveiro e Salamanca e estudada mais duas opções a partir de Faro ou Elvas e Porto ou Bragança.

O primeiro-ministro revelou que estão a ser estudadas três novas ligações ferroviárias entre Portugal e Espanha, a partir de Aveiro, Faro ou Elvas e Porto ou Bragança. Sem definir prazos ou entrar em grandes detalhes, Luís Montenegro sublinhou que estas ligações estão a ser analisadas e a pensar “para o futuro”.

“Há três ligações ferroviárias que estamos a vislumbrar para o futuro. A operabilidade da ligação de Aveiro e Salamanca, e depois duas que estão em estudo para poderem ser aprofundadas nos próximos anos: a ligação Faro ou Elvas e Sevilha, e a ligação de Porto, Bragança e Zamora“, anunciou o primeiro-ministro numa conferência de imprensa com o homólogo espanhol Pedro Sánchez, para dar a conhecer as conclusões da 35º Cimeira Luso-Espanhol que se realizou em Faro, esta quarta-feira.

De acordo com Montenegro, os trabalhos para o desenvolvimento desta e de outras ligações ferroviárias está a ser feito em “consonância” com o Governo espanhol com vista a “conjugar os calendários de obra de uma de outra ligação para se poderem executar no mais curto espaço de tempo”.

Pedro Sánchez sublinhou que o compromisso entre os dois países é de as ligações ferroviárias em causa “estarem prontas em 2030”, a tempo do Mundial da FIFA em 2030, que será organizado por Portugal, Espanha e Marrocos.

O compromisso com o reforço das ligações ferroviárias faz parte de um total de 11 acordos assinados entre Portugal e Espanha no âmbito desta cimeira. Na declaração conjunta a que o ECO teve acesso, lê-se que Portugal e Espanha “comprometem-se a continuar a promover” as ligações rodoviárias e ferroviárias transfronteiriças, em especial as ligações em Alta Velocidade entre Lisboa e Madrid.

Sobre esse assunto, Luís Montenegro diz que a “prioridade” do Governo é ligação Alta Velocidade entre “Lisboa-Porto-Vigo-Madrid”, recordando já ter sido adjudicado o primeiro troço dessa ligação. “Queremos até antecipar o calendário na medida do possível”, admitiu. “A segunda prioridade é a ligação Lisboa-Madrid, via Évora e Badjoz”, continuou.

Paralelamente, Montenegro sublinha que, neste momento, o objetivo é “conciliar a terceira travessia sobre o rio Tejo em Lisboa, com a construção da ligação em Évora em Alta Velocidade”, sendo este “um processo que corre em simultâneo com a construção do aeroporto de Lisboa”.

Além das ligações entre Portugal e Espanha, Montenegro e Sánchez revelaram que vão subscrever uma carta ao seu homólogo de França para “poder levar a cabo a interligação ferroviária” de passageiros e mercadorias entre a Península Ibérica e o centro da Europa.

“Eu e o Presidente do Governo de Espanha vamos subscrever uma carta e vamos endereçar ao primeiro-ministro de França, precisamente para poder levar a cabo a interligação ferroviária que é necessária para o transporte de passageiros e de mercadorias entre a Península Ibérica e o centro de Europa”, disse Montenegro na conferência de imprensa.

O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro (D), e o Presidente do Governo de Espanha, Pedro Sanchez (C), à chegada para a cerimónia de Assinatura de Instrumentos Jurídicos, durante a XXXV Cimeira Luso-Espanhola, na Câmara Municipal de Faro, em Faro, 23 de outubro de 2024LÚIS FORRA/LUSA

Madrid e Lisboa urgem Paris a concretizar ligações energéticas

Outro tema que valeu um acordo entre Portugal e Espanha foi a necessidade de se concretizarem os compromissos establecidos entre os dois países e França a nível das ligações energéticas. Os dois homólogos deixaram um repto para “a concretização dos compromissos estabelecidos entre Portugal, Espanha, França e a Comissão Europeia no domínio das interconexões energéticas”, que o primeiro-ministro português considerou que “não pode esperar mais”.

“Não é admissível que estejamos sempre a discutir as mesmas matérias quando são assumidas como compromissos em documentos solenes”, considerou o primeiro-ministro. “Quer eu, quer o presidente Sánchez, não vamos regatear nenhum esforço para forçar, é o termo, forçar a França e a Comissão Europeia, em representação de todos os outros Estados-membros, para cumprir um desígnio que aliás é uma das pedras de toque, quer do relatório Letta, quer do relatório Draghi”, assinalou.

Na declaração conjunta lê-se que Portugal e Espanha “mantêm-se determinados em expandir e modernizar as interligações energéticas entre a Península Ibérica e o resto da Europa“, com vista a reforçar a segurança e a resiliência do abastecimento energético no bloco europeu.

Os dois Governos destacam a urgência de acelerar o reforço das suas interligações elétricas, em linha com a meta europeia de 15%”, lê-se na declaração.

Ademais, os dois países reforçam a ambição de continuar “a trabalhar na concretização do projeto de hidrogénio renovável H2MED e, nomeadamente, nas infraestruturas CelZa (Celorico da Beira e Zamora) e BarMar (Barcelona e Marselha)”, aprovado em 2022, “tornando a Península Ibérica uma região exportadora líquida de hidrogénio verde”.

Portugal e Espanha assinam “acordo histórico” para a gestão da água

A cimeira entre os dois países serviu ainda para reforçar os acordos em matérias de gestão de recursos hídricos, tema central do encontro entre Montenegro e Sánchez, em Faro. Na declaração conjunta, os dois governos “congratulam-se com o entendimento firmado no quadro da Convenção de Albufeira (…) relativo aos princípios orientadores para o estabelecimento de um caudal diário no rio Tejo, a partir da barragem de Cedillo, com o objetivo de manter os caudais circulantes”.

Ademais, foi assinado um acordo relativo a um “regime de caudais mensais no Rio Guadiana na secção de Pomarão, com vista a garantir o bom estado do estuário e a distribuição equitativa dos caudais disponíveis para o uso de ambos os Estados”.

De acordo com Montenegro, os dois países vizinhos partilham “um bem essencial”, “indispensável para a prosperidade” da Península Ibérica sendo por isso essencial “aprofundar em termos de manutenção de caudais no Tejo e Guadiana” a atividade de pesca, navegação e recreio.

Paralelamente, os dois governos firmaram um acordo para a construção de duas pontes: uma sobre o Rio Sever, entre as localidades de Montalvão-Nisa (Portugal) e Cedillo (Espanha); e outra sobre o Rio Guadiana, entre as localidades de Alcoutim (Portugal) e Sanlúcar de Guadiana (Espanha).

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