Sensei levanta 15 milhões para “ser a empresa europeia líder nas lojas autónomas”

Diogo Mónica, fundador do unicórnio Anchorage Digital, é um dos investidores nesta ronda na qual participou ainda o Kamay Ventures, fundo da Coca-Cola e do grupo Arcor.

Equipa da Sensei

A Sensei fechou uma ronda de 15 milhões de euros para dar gás à expansão e “ser a empresa europeia líder nas lojas autónomas”. Até 2026, a scaleup quer passar de 100 para 1.000 pontos de venda autónomos. Alemanha e Reino Unido são mercados na mira, mas também a expansão na América Latina. No próximo semestre quer reforçar a equipa em 30%. Diogo Mónica, fundador do unicórnio Anchorage Digital, é um dos investidores nesta ronda, na qual participou ainda o Kamay Ventures, fundo da Coca-Cola e do grupo Arcor.

“Com esta nova ronda que captamos, a série A de 15 milhões, o nosso objetivo é consolidar e começar a expandir realmente as cadeias de retalho, nos países onde estamos presentes e a entrar em mais países, porque temos tido muitas solicitações de vários retalhistas para entrar diferentes geografias e, obviamente, para isso era necessário capital”, começa por explicar Joana Rafael, cofundadora da Sensei, ao ECO. Com esta ronda, a scaleup já angariou um total de 21 milhões de euros em financiamento de capital de risco.

“Estamos mais concentrados no sul da Europa, onde já temos presença, Portugal e Itália, e queremos expandir então para países do Centro da Europa Central e Europa do Norte, onde também há um grande potencial para a escalarmos”, diz ainda.

“Há países onde temos um maior foco. Estamos até a reforçar a equipa executiva. Temos um country manager novo em Itália e uma pessoa nova na equipa executiva baseada na Alemanha, para nos ajudarem a reforçar a presença nestes países, onde temos muito desenvolvimento e estamos a planear entrar. Já estamos em França e queremos consolidar a presença noutros países como o Reino Unido. Mas não temos ainda um cronograma específico” de entrada, diz a responsável.

Investidores e potenciais clientes

Liderada pela portuguesa BlueCrow Capital, com a participação da Lince Capital, da Explorer Investments e do fundo de investimento latino-americano Kamay Ventures, que pertence à Coca-Cola Company e ao Grupo Arcor, a ronda foi acompanhada, com reforço de capital, pelo fundo de investimento americano Techstars Ventures, pela Metro AG (multinacional alemã que opera lojas de cash & carry em mais de 58 países), investidores da Sensei desde a ronda pré-seed em 2017. Juntaram-se ainda os empreendedores João Graça, fundador e CTO da Unbabel, e Diogo Mónica, cofundador e chairman executivo do unicórnio Anchorage Digital, como business angels.

“Voltar a Portugal e poder acompanhar de muito perto algumas das mais impactantes scaleups nacionais é uma forma de contribuir, com investimento, mas, sobretudo, com experiência, para o crescimento de uma geração de empreendedores que quer mudar o status quo. O meu investimento na Sensei materializa a visão ambiciosa e valida o talento que temos em Portugal e que queremos manter dentro do país”, diz Diogo Mónica, ao ECO.

“Um sinal de maturidade do nosso mercado” é como Joana Rafael classifica a participação dos fundadores da Anchorage e Unbabel nesta ronda série A.

“Temos founders fantásticos que já fizeram empresas que estão a crescer imenso, com imenso potencial, e que depois também querem participar noutras empresas que, eventualmente, querem fazer o mesmo caminho”, diz. “São pessoas que conhecem bastante o meio de tecnologia, o que é expandir internacionalmente, criar uma empresa que quer ser líder numa área totalmente disruptiva”, continua. “O smart money é poder ter esses business angels, nem é pelo capital, não são grandes fundos de investimento como os outros investidores que vieram à roda, mas trazem algo de diferente. São pessoas que podemos contactar, trocar impressões e ter aqui conselhos muito valiosos de quem já fez”, diz.

Joana Rafael, cofundadora da Sensei

A entrada do Kamay Ventures também dá nova capacidade de expansão do outro lado do Atlântico. Presentes no Brasil, onde já têm uma filial, a Sensei tem objetivos para expandir no mercado da América Latina.

“Temos com esta ronda um novo investidor importante, baseado precisamente na América Latina, o Kamay Ventures, que entrou no nosso capital exatamente num momento estratégico para acelerar a expansão. Até porque é um fundo que, ao mesmo tempo, é potencial cliente, têm uma presença muito forte em toda a América Latina”, afirma Joana Rafael.

“Estamos no Brasil, já temos lá uma subsidiária e clientes [grupo Muffatto], e a ideia é também a expandir nos países da América Latina, porque existe essa oportunidade. E também, obviamente, a entrada deste investidor não é por acaso”, destaca.

Se no Brasil, a expansão passou pela criação de uma Sensei Brasil, para já, o mesmo não está previsto para a expansão europeia. “Somos uma empresa que tem hardware e software. Temos toda uma operação relacionada com a produção de toda a nossa eletrónica e o equipamento que colocamos em loja. Tendo um pé no Brasil exportar tudo de Portugal não é viável, daí fazer sentido num país como o Brasil, ter uma subsidiária local que permite fazer a produção, as compras, as importações e que facilita bastante depois expandir e trabalhar nesse mercado com condições melhores. Mas na Europa, isso não faz parte da nossa estratégia, para já. Podemos prestar todo esse serviço a partir de Portugal e exportar para os outros países da Europa com relativa facilidade”, justifica.

1.000 pontos de venda até 2026

No próximo semestre a empresa tem prevista a abertura da “maior loja autónoma da Europa”, mas a expansão passa por abrir 1.000 pontos de venda até 2026.

“Hoje em dia temos 100 pontos de venda. Sabemos que é muito ambicioso, mas temos projeções já concretas de algumas aberturas e de alguma expansão nos vários formatos que os permitirá, se correr tudo bem, chegar a estes números”, vaticina Joana Rafael.

Pontos de venda que não significam necessariamente lojas autónomas como a criada para o Continente, no Arco do Cego, em Lisboa. Com base nessa tecnologia, a empresa tem vindo a diversificar formatos e retalhistas. Em Portugal, por exemplo, já tem pontos de venda instalados na Nos, Brisa e Galp.

“Temos vários formatos e a expansão que queremos acelerar é nos vários formatos. Temos modelos plug & play, como, por exemplo, os frigoríficos autónomos inteligentes, onde temos tido uma grande expansão, temos quase 100 no mercado, e onde queremos acelerar, porque temos tido muitos pedidos, seja na América Latina, seja Europa, e já estamos a vendê-los para vários países”, diz Joana Rafael.

Ou o que chamam “loja na loja ou dentro de um espaço”, como é o caso das estações de serviço da Brisa ou da Galp. A petrolífera tem lojas de retalho nos postos de combustível e a Sensei não só opera nesses espaços como, no caso da Galp, abriu uma mini loja dentro do próprio escritório. “São lojas sem staff que podem funcionar 24h e está a ter muita tração. É uma loja pequena, de 30, 50 metros quadrados, com os produtos de conveniência”, descreve.

“É algo que estamos a difundir muito em escritórios. Portanto, vamos para além daquilo que as lojas de conveniência aos supermercados, estações de serviço e dentro de escritórios”, sintetiza.

A expansão será acompanhada pelo reforço de equipa no próximo semestre. Hoje já são 70. “Estamos já a reforçar a equipa nos últimos meses, e queremos aumentar cerca de 30%. Temos mais ou menos 25 vagas abertas para preparar as posições, muitas na área de crescimento vendas, mas também em desenvolvimento de produto. Para Portugal e para os novos mercados e mercados onde estamos presentes”, diz a cofundadora.

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