Pedro Nuno Santos promete que PS só fará alterações “cirúrgicas” na especialidade
"A nossa intervenção na especialidade será cirúrgica. Nós não vamos fazer alterações de fundo”, garante líder do PS, reiterando que o Orçamento do Estado para 2025 “não é do PS, nem nunca será”.
O secretário-geral do PS prometeu que o partido apenas vai fazer “alterações cirúrgicas” na especialidade à proposta de Orçamento do Estado apresentada pelo Governo, assegurando que não pretende transformar o documento.
Em entrevista à RTP3, esta quarta-feira à noite, Pedro Nuno Santos reiterou que o Orçamento do Estado para 2025 “não é do PS, nem nunca será” e salientou que o partido também não pretende “transformá-lo na especialidade para que passe a ser”.
“Não é essa a nossa pretensão. A nossa intervenção na especialidade será cirúrgica. Nós não vamos deixar de marcar a nossa presença na especialidade, mas nós não vamos fazer alterações de fundo”, garantiu.
Pedro Nuno Santos foi questionado porque é que não anunciou a viabilização do Orçamento do Estado antes, uma vez que as duas razões apresentadas para a justificar – os portugueses não quererem eleições e não ser claro que a situação política mudasse substancialmente se fossem realizadas – já eram conhecidas há vários meses.
Na resposta, o líder do PS afirmou que o partido optou por negociar e salientou que, caso tivesse anunciado meses antes a abstenção, isso significaria mostrar ao Governo que os socialistas iam viabilizar o Orçamento do Estado sem o ver.
Pedro Nuno Santos rejeitou ainda que tenha optado por viabilizar o Orçamento por temer um eventual resultado negativo do PS em caso de eleições, salientando que a última sondagem feita antes de anunciar a abstenção “dava o PS à frente da AD”, o que considerou ser “extraordinário, tendo em conta que este Governo deu um destino à margem orçamental que herdou do Governo do PS”.
“Por isso, aquilo que nós sabemos hoje – e sabe o Governo da AD, sabe o PSD – é que o Governo não conseguiu disparar, não conseguiu descolar, não conseguiu essa adesão popular que alguns analistas próximos do Governo e do PSD fazem crer todos os dias quando falam na televisão”, disse.
Recusando ter feito qualquer “ziguezague” ao longo do tempo, Pedro Nuno Santos salientou que o partido só “defendeu o voto uma vez” e referiu que quis auscultar o partido antes de tomar uma decisão, considerando natural que houvesse diferentes opiniões a nível interno. “Perante um tema complexo, é inteligente ter dúvidas e não é muito inteligente ter certezas”, disse.
Sobre os avisos que fez a figuras do PS que defenderam publicamente uma posição sobre o Orçamento do Estado, Pedro Nuno rejeitou ter procurado condicionar a liberdade interna do partido, mas frisou que algumas declarações estavam a condicionar as negociações orçamentais que estavam em curso.
“Há um conjunto de declarações que fragilizam a posição negocial do PS. E, por isso, ninguém pode, nenhum dirigente pode, ignorar o impacto daquilo que diz numa negociação que está em curso”, afirmou.
Interrogado sobre como explica a eleitores de esquerda que esteja a viabilizar um Orçamento do Estado de direita, Pedro Nuno Santos reiterou que é “um homem de esquerda” e recusou ter alterado o posicionamento político.
“Agora, as conclusões que nós tomamos são diferentes das conclusões e das decisões que o Bloco de Esquerda [BE] e o PCP tomam. Tenho muito respeito por aquilo que o BE e o PCP decidem e obviamente que espero também o respeito por aquilo que nós decidimos e pela interpretação que nós fazemos da realidade e daquele que é o sentimento do povo português”, afirmou.
Pedro Nuno Santos disse ter muito orgulho em ter participado na geringonça, salientando que essa experiência governativa “é património positivo de todo o PS”.
“Estamos noutro tempo. Se há uma coisa que nós aprendemos com o grande militante do PS, pai fundador deste partido, é que o PS, em todos os diferentes momentos históricos foi sempre capaz de ler a realidade nacional. Não desistir daquilo que é o nosso quadro de valores e de princípios, mas termos a capacidade de ler a realidade, sentir o povo português e fazer o que em cada momento é necessário”, disse.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Pedro Nuno Santos promete que PS só fará alterações “cirúrgicas” na especialidade
{{ noCommentsLabel }}