“É óbvio que a IA vai tirar postos de trabalho”, assume administradora da Sonae

A responsável pelos recursos humanos da dona dos supermercados Continente avisa que se não houver um planeamento estratégico dos recursos humanos no país, a IA poderá ser um problema.

António Portela, CEO da Bial, e Isabel Barros, administradora da Sonae MC, no II Congresso Empresarial da AEPRicardo Castelo/ECO

A Inteligência Artificial (IA) é uma oportunidade para aumentar a produtividade e a eficiência, mas estes avanços tecnológicos vão ter impacto no trabalho. Não podemos ser negacionistas. A Inteligência Artificial vai tirar postos de trabalho”, reconheceu Isabel Barros, administradora executiva da Sonae MC, que detém os supermercados Continente, e responsável pelo pelouro dos recursos humanos.

“É óbvio que a Inteligência Artificial é uma oportunidade e é óbvio vai tirar postos de trabalho”, atirou a responsável da MC durante um painel dedicado ao tema do ESG no II Congresso Portugal Empresarial, organizado pela AEP sob o tema “Escalar as Empresas, Fazer Crescer o País”, que decorreu esta tarde na Exponor. A porta-voz da Sonae MC garante que a IA “vai trazer eficiência às empresas” e é uma oportunidade para melhorar processos, contudo tarefas operacionais poderão sentir o impacto desta tecnologia.

“Tira postos de trabalho em determinados setores e liberta noutras. Na gestão de recursos humanos é um tema sobre o qual falamos pouco: planear a médio e longo prazo nos diversos setores”, explica.

Isabel Barros alerta mesmo que “num país que não faz um planeamento estratégico do seu talento, isto é uma preocupação” e dentro de três ou quatro anos poderá existir um problema. “Se não começamos a fazer reskilling de algumas pessoas vai haver um problema. [A IA] deixa de ser uma oportunidade e passa a ser um problema”, alerta.

António Portela, CEO da BialRicardo Castelo/ECO

Orador na mesma conferência, António Portela, CEO da Bial, mostrou uma visão mais otimista sobre este tema: “Tudo nas empresas começa e acaba nas pessoas. As ferramentas vão permitir-nos fazer mais”. Para o líder da farmacêutica, que já utiliza modelos de inteligência artificial, “as empresas não vão deixar de ter pessoas ou reduzir as pessoas; vão é conseguir fazer mais com as ferramentas que têm”.

“Nós hoje já trabalhamos muito com IA”, explica o empresário nortenho, referindo as vantagens que estes modelos trazem na investigação e referindo que “a IA vai permitir-nos desenvolver cada vez mais compostos”. “Não andamos a testar à sorte. Testamos de uma forma mais sistemática. Já estamos a fazer isto e vamos utilizar mais no futuro”, esclarece.

Em relação à investigação, Portela refere uma preocupação em relação à questão do genoma humano e como este está a ser usado. Enquanto na Europa não se pode usar, “na China estes dados não pertencem as pessoas, pertencem aos governos e estão a ser usados para desenvolver novos medicamentos, enquanto na Europa estamos a ficar para trás”.

Outra área incontornável é a sustentabilidade. E também aqui o líder da Bial deixou vários apelos para que as empresas europeias não percam competitividade em relação a outras geografias. “É preciso ter algum cuidado que ao nível da Europa haja bom senso relativamente ao green deal e que não se extremem posições para que na Europa se faça A, B ou C”, enquanto noutros países as exigências são muito menores. Por outro lado, “o que se vai ser pedido às PME é demasiado pesado relativamente à dimensão das empresas”.

Quanto a este tema, Isabel Barros é perentória: “Para nós, a sustentabilidade tem de ser negócio, tem de dar dinheiro”.

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