Sindicatos acusam Stellantis&You de injustiça salarial. Empresa destaca aumentos anuais
A empresa, braço de retalho da construtora automóvel Stellantis, clarifica que a percentagem de colaboradores com salários abaixo dos 1.000 euros representa “19% do conjunto dos colaboradores”.
A federação intersindical Fiequimetal acusou esta terça-feira a Stellantis&You, braço de retalho da construtora automóvel Stellantis na Europa e Marrocos, de injustiça salarial, apesar dos “crescentes lucros”, mas a empresa contrapõe que tem feito aumentos “todos os anos”.
“Com as recentes medidas de ‘aumentos salariais’, a administração da Stellantis&You mais não visa do que dividir e discriminar”, sustenta a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal) num comunicado.
Exigindo “justiça e uma melhor distribuição da riqueza”, a Fiequimetal refere que, nos mais recentes aumentos salariais efetuados, “os responsáveis patronais vieram distinguir entre trabalhadores ‘produtivos’ e ‘improdutivos’, como se uns fossem parte do todo e outros não, como se uns fossem filhos e outros enteados”. Contactada pela agência Lusa, a Stellantis&You Portugal contrapôs que “tem feito aumentos salariais todos os anos, de acordo com um conjunto de requisitos que pode abranger toda a população ou parte dela”.
Numa declaração escrita, fonte oficial da empresa afirma que, “em 2023 e em 2024, a massa salarial total do conjunto dos colaboradores aumentou em cerca de 5,1% em cada ano (sem contar com os aumentos obrigatórios do salário mínimo nacional), de acordo com as regras definidas pela empresa e devidamente comunicadas à Comissão de Trabalhadores”.
Embora aplaudindo “a melhoria dos salários mais baixos”, a Fiequimetal critica o “congelamento dos salários médios” (nível em que diz estarem 53% dos trabalhadores no ativo, num total superior a 200)” e afirma que “cerca de 33% dos trabalhadores auferem salários base abaixo de 1.000 euros”. Adicionalmente, a federação intersindical nota que, “nas ‘atualizações salariais’ dos últimos anos, não tem sido aplicado o princípio básico da retroatividade a janeiro, o que retirou aos trabalhadores uma grande parte do valor que é seu por direito”.
Na resposta enviada à Lusa, a Stellantis&You Portugal clarifica que a percentagem de colaboradores com salários abaixo dos 1.000 euros representa “19% do conjunto dos colaboradores”, salientando que “uma grande parte destes colaboradores (80%) são vendedores de automóveis, que têm pacotes de remuneração variável muito apelativos e que lhes permitem aumentar significativamente a sua remuneração mensal”.
A empresa destaca ainda proporcionar “vários benefícios sociais” aos funcionários, avançando como exemplo a distribuição de resultados, que diz ter-se traduzido, “no último exercício, na atribuição de um prémio de 1.500 euros a todos os colaboradores”, num total de 550.000 euros distribuídos em 2024 referentes a 2023. Aponta ainda o subsídio de refeição e os seguros de saúde e vida, assim como serviços de medicina curativa, de enfermagem e de segurança e saúde no trabalho, entre outros.
Relativamente à retroatividade das atualizações salariais, a Stellantis&You refere que “os aumentos salariais definidos por lei são feitos, como sempre, em janeiro de cada ano”, sendo que, “nos demais casos, a retroatividade não é aplicável”.
No comunicado, a Fiequimetal recorda que a Stellantis tem apresentado “crescentes lucros”: “A PSA Retail [anterior designação da Stellantis&You)] apresentou resultados líquidos, em 2022, no valor de 1.368.235 euros” e “em 2023, já com a denominação de Stellantis&You, os resultados líquidos subiram para 1.489.409 euros, mesmo com um número médio de trabalhadores superior, em cerca de 100 pessoas”, concretiza.
Contudo, lamenta, “tais valores em nada se refletiram numa urgente e necessária melhoria dos salários, num momento em que os trabalhadores se confrontam com cada vez maiores dificuldades”.
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