Empresas pedem incentivos ao hidrogénio verde para competir com o “cinzento”

O hidrogénio verde deverá ser uma solução para ajudar as empresas com maiores necessidades de energia a acelerar a transição energética, defendem especialistas do setor.

O hidrogénio verde é um dos setores que se vai desenvolver e vai suportar as indústrias intensivas de energia, ajudando-as a superar os desafios ao nível da eletrificação, mas são precisos incentivos para poder competir com os preços do hidrogénio “cinzento”.

Portugal é um dos países onde as energias renováveis pesam mais na produção de eletricidade, tirando partido das características ambientais do país. De acordo com Pedro Ávila, Diretor de Sustentabilidade Operacional da REN, no final do ano passado, 61% consumo era gerado a partir de energias renováveis, com reflexo nos preços da energia, adianta no Green Economy Forum, a conferência anual do Capital Verde e que se realizou esta terça-feira em Gaia.

O responsável da REN aponta que, no âmbito da transição energética, “o hidrogénio é um setor que se vai desenvolver e vai suportar indústrias que pela dificuldade da eletrificação”, devido às necessidades intensivas de energia, necessitam de armazenar energia para fazer face às suas necessidades.

“Para empresas que querem ser cada vez mais competitivas a nível internacional, esse mesmo processo vai trazer o hidrogénio enquanto setor complementar à eletricidade“, explica Pedro Ávila.

 

Hugo Costa, diretor de desenvolvimento de negócios em Portugal da EDP, defende que são precisos incentivos no hidrogénio verde. “Não conseguiremos competir com hidrogénio cinzento se não houver algum apoio”, alerta.

E a necessidade de incentivos não se fica pelo hidrogénio verde. Com metas muito ambiciosas em relação à transição energética – objetivo é atingir a neutralidade carbónica em 2050 – , o diretor da EDP adianta que a atração de financiamento é fundamental.

“A EDP tem feito movimento de transição fundamental. Mais de 95% da geração da energia é de fontes verdes”, refere Hugo Costa, adiantando que ajudou os anos de 2023 e 2024 terem sido “bastante hídricos”.

Num momento em que se realiza a COP29, o responsável diz que “é fundamental” que haja financiamento para suportar esta transição. “Não podemos pensar que esta transição é feita através de empresas de muita dimensão”, atira.

“Se queremos cumprir com este desígnio tem que haver esse apoio”, destaca.

Equipamentos e licenciamentos atrasam projetos

Num momento em que as empresas têm em andamento projetos para atingir os objetivos ao nível da transição energética, os responsáveis queixam-se que existem dificuldades que podem atrasar os seus planos.

“Fizemos o processo de industrialização que acabou por se deslocar para a Ásia”, refere Hugo Costa, adiantando que estamos “dependentes do que é mercado chinês com componente solar e também baterias”. É preciso o “processo de voltar a trazer para Europa, fazendo o processo de industrialização verde”.

Para o diretor da EDP é necessário trazer essa industrialização verde para a Europa, aproveitando uma oportunidade através do incentivo desta atividade. Caso contrário, “há uma ambição que corre risco de não ser concretizada.”

Pedro Ávila, Diretor de Sustentabilidade Operacional da RENRicardo Castelo

 

Pedro Ávila concorda que a “Europa tem-se posicionado como continente líder no processo de descarbonização”, o que colocou pressão nos contratos de equipamentos. “Hoje são feitos contratos plurianuais”, adianta, apontando que o “nível [de procura] é absolutamente gigante”, com os players a “competir pelos mesmos equipamentos.”

Por outro lado, as empresas lidam com problemas ao nível dos licenciamentos. “Temos um plano de investimentos robusto que queremos executar. Tudo faremos para cumprir compromissos, tendo certo que tema de licenciamento é essencial para ter atração de investimento”, sintetiza.

“Temos objetivos que são muito significativos e temos capacidade de os executar desde que tenhamos os licenciamentos necessários“, conclui.

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