BRANDS' ECO “A produção de resíduos está a aumentar”
Secretário de Estado do Ambiente reconhece que país tem “desafio tremendo” pela frente, mas acredita no poder da sensibilização. O político participou no evento Cascais Ambiente sobre resíduos.
A produção de resíduos urbanos continua a aumentar desde 2013, acompanhando a linha de retoma económica em Portugal, como apontou Nuno Soares durante a conferência da Semana Europeia de Prevenção de Resíduos. “Se virmos um gráfico dos últimos 20 anos, vemos uma tendência que anda sempre em linha com o crescimento do país. Há uma correlação entre produção [de resíduos] e poder de compra das populações”, analisou o CEO da Tratolixo no evento organizado, na quinta-feira, pela Cascais Ambiente.
Os dados mais recentes indicam que, em 2022, os portugueses produziram 5,05 milhões de toneladas de resíduos urbanos, o que representa um aumento de 0,7% face ao ano anterior. Cada habitante produz, em média e de acordo com os dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), 1,4 quilos de ‘lixo’ por dia.
“Temos um desafio tremendo em Portugal. Temos uma produção de resíduos urbanos que, ao invés de estar a reduzir, está a aumentar”, lamentou o secretário de Estado do Ambiente, que destacou ainda um “aumento dos resíduos que vão para aterro”. O esgotamento dos aterros nacionais estão previstos para 2027, o que, a par com a meta comunitária para limitar a 10% o que é encaminhado para este destino, convoca todo o setor a encontrar soluções.
Emídio Sousa defendeu a alteração de comportamentos e, sobretudo, de mentalidade em relação à forma como encaramos a utilização dos recursos de um planeta que “está a dar sinais de esgotamento”. “Temos de passar a usar a matéria-prima uma, duas, três, quatro vezes”, apelou.
Tratar o ‘lixo’ como recurso
Sara Correia, engenheira ambiental lembrou que “os cidadãos não estão sensibilizados” para temas como o desperdício alimentar ou a gestão de biorresíduos, uma missão que pode ser abraçada pelos municípios. “O nosso papel é apoiar tecnicamente as cidades que se quiserem tornar Lixo Zero”, adiantou, explicando que o processo de pré-certificação demora três anos.
A ideia é que, através de uma combinação de estratégias, as cidades possam reduzir o desperdício, aumentar a circularidade de bens e materiais, e promover, junto dos seus habitantes, a mudança de comportamentos. “As cidades que pretendam subscrever este compromisso terão de alcançar metas até 2030”, acrescentou.
Capacitar para reduzir, reciclar e reutilizar
Porém, parece ser unânime entre os participantes que é preciso envolver a comunidade e sensibilizá-la para a mudança de comportamentos. Esse tem sido o papel de Catarina Barreiros, fundadora e CEO da Loja do Zero, que através das redes sociais partilha informação e dicas relacionadas com sustentabilidade. “O nosso principal desafio é comunicar sustentabilidade para quem ainda nem sequer separa resíduos”, começa por dizer.
A influencer tem oito regras “zero científicas” para garantir que uma comunicação saudável entre marcas e consumidores quando o tema é sustentabilidade. Entre elas, particular destaque para a importância de “comunicar com base em factos” e de “desligar a superioridade moral”, porque, caso contrário, o interlocutor não vai estar disponível para debater.
Catarina Barreiros recusa a ideia de que as pessoas não estão interessadas nestes temas, mas acredita que, muitas vezes, não sabem o que fazer. “Fiz um vídeo sobre como cuidar das nossas malhas para durarem mais tempo e não encolherem na máquina. As pessoas querem saber como podem manter as coisas que têm”, assegura.
Outra regra crucial é ser transparente e explicar que decisão foi tomada e porquê, algo particularmente “importante nas redes sociais”. Comunicar pela positiva é mais eficaz, já que o contrário “gera medo e o chamado freezing [congelamento]” e pode fazer com que “a pessoa se sinta impotente”. “É preciso termos cuidado com esta forma de comunicação”, remata.
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