Fim de refinaria de lítio em Setúbal é “preocupante e triste”, diz ministra do Ambiente

  • Lusa
  • 27 Novembro 2024

"Não é um caso isolado, significa um certo arrefecimento do mercado em relação à área, ao lítio, às baterias, e significa uma grande força do sudeste asiático", acrescentou ainda a ministra.

A ministra do Ambiente e Energia considerou esta quarta-feira “preocupante e triste” a desistência da refinaria de lítio em Setúbal, nomeadamente porque mostra uma Europa fragilizada, e pediu “uma grande reflexão” nacional e europeia sobre o tema. A Galp decidiu abandonar o projeto Aurora, para uma refinaria de lítio em Setúbal, depois da desistência da Northvolt e de não ter arranjado outro parceiro, foi anunciado na terça-feira.

Havia uma parceria 50/50 entre a Galp e a Northvolt, mas esta comunicou à Galp no início de 2024 a decisão de deixar de investir no Aurora.

“É mais um investimento que não vem para o país, isso é preocupante, e triste, mas é preocupante essencialmente a nível europeu, porque isto não é um caso isolado, significa um certo arrefecimento do mercado em relação à área, ao lítio, às baterias, e significa uma grande força do sudeste asiático, nomeadamente a China, e uma grande dificuldade europeia em fazer concorrência à China”, disse a ministra.

Maria da Graça Carvalho, que falava aos jornalistas no final de uma visita à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), disse que é precisa uma reflexão sobre como se posiciona a Europa em relação ao que se está a passar, a nível mundial, na área do lítio, do setor automóvel, do hidrogénio ou da energia.

“Temos de refletir, porque veem aí grandes desafios. Se não queremos ficar cada vez mais pobres como Europa, sermos um continente irrelevante, vamos ter de (…), ajustar as políticas, vamos pensar como”, afirmou a ministra. Nas palavras de Maria da Graça Carvalho, a desistência indica que está a acontecer uma crise a nível europeu e de concorrência europeia, em comparação com o resto do mundo, um sintoma “crítico e preocupante”.

A ministra admitiu que não ficou surpreendida com a notícia e lembrou que, enquanto eurodeputada, votou com o PP, a sua “família política” contra a eletrificação automóvel até 2035, porque preferia 10 anos mais tarde. “Isto são consequências dessa lei, e a Europa tem de pensar um pouco no que aprovou. E ter uma estratégia, sem ela ficamos cada vez mais pobres, porque este não vai ser um caso isolado”, afirmou.

“Apesar dos esforços significativos, que incluíram a montagem de uma equipa qualificada, a realização de estudos de engenharia, a preparação de processos de licenciamento e a procura de incentivos e financiamentos, o contexto atual e a impossibilidade de contar com um parceiro internacional inviabilizam a prossecução do projeto”, informou a Galp na terça-feira.

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