Exclusivo Mota-Engil foi a “vítima perfeita para um fundo abutre”, diz administrador financeiro

As ações da construtora têm estado sob forte pressão em bolsa, acumulando uma desvalorização de 37,7% desde o início do ano. O anúncio de uma posição curta de um hedge fund intensificou as quedas.

As ações da Mota-Engil EGL 0,00% vivem um ano difícil em bolsa. Apesar de nos primeiros nove meses do ano a construtora ter apresentado um crescimento de 51% dos lucros para 77 milhões de euros e uma carteira de encomendas recorde, a empresa afunda cerca de 38% em bolsa. Um comportamento em grande medida determinado pela tomada de uma posição negativa por parte de um hedge fund. Para José Carlos Nogueira, CFO da construtora, a Mota-Engil foi “a vítima perfeita”, após ter triplicado de valor em 2023.

“Fomos este ano a vítima perfeita para um hedge fund ou para um fundo abutre. Fomos a ação que melhor desempenho teve em 2023, logo um alvo interessante para esses fundos”, justifica José Carlos Nogueira em declarações exclusivas ao ECO. O administrador financeiro da empresa lembra que estes fundos especuladores identificam muitas vezes as empresas onde vão assumir posições através de algoritmos “e a Mota-Engil foi a ação que mais chamou a atenção”, após o disparo de 238,5% no último ano.

Fomos este ano a vítima perfeita para um hedge fund ou para um fundo abutre. Fomos a ação que melhor performou em 2023, logo um alvo interessante para esses fundos (…) Qualquer movimento especulativo cria um efeito muito significativo na performance da ação.

José Carlos Nogueira

CFO da Mota-Engil

Conforme explica o administrador responsável pelo pelouro financeiro da empresa, “num mercado de capitais infelizmente bastante exíguo, e com um free float da empresa também relativamente tímido. Qualquer movimento especulativo cria um efeito muito significativo na performance da ação.

A entrada, no início de setembro, do hedge fund norte-americano Muddy Waters Capital Domino Master Fund no capital da empresa, com uma posição curta, à data, de 0,65% precipitou a queda das ações da empresa, atirando as cotações abaixo dos 3 euros.

Ações da Mota-Engil sob pressão

Entretanto, as ações mantiveram a tendência descendente, apesar deste hedge fund ter recentemente reduzido ligeiramente a participação a descoberto, que visa ganhar com a queda dos títulos, para 0,57%, de acordo com a informação divulgada no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Desde o início do ano, as ações da companhia liderada por Carlos Mota dos Santos acumula uma queda de 37,7%.

[O desempenho bolsista] nada tem a ver com a performance [financeira] da empresa. Fizemos um caminho muito interessante, sobejamente conhecido pelo mercado e pelos investidores. Nenhum dos investidores charneira alterou o seu posicionamento no capital da Mota-Engil“, destaca o CFO da empresa.

[O desempenho bolsista] nada tem a ver com a performance [financeira] da empresa. Fizemos um caminho muito interessante, sobejamente conhecido pelo mercado e pelos investidores.

José Carlos Nogueira

CFO da Mota-Engil

Em setembro passado, o CEO da construtora, Carlos Mota dos Santos, já tinha adiantado ao ECO que “a queda dos títulos da Mota-Engil é um movimento especulativo que não reflete a atividade operacional, nem os resultados da empresa e que está em contraciclo com a performance da empresa nos últimos anos”.

O líder da empresa tem aproveitado a fraqueza das ações para reforçar a sua posição no capital, mostrando que está confiante na evolução da empresa. Apenas este ano, o CEO da Mota-Engil já foi ao mercado em cinco ocasiões diferentes comprar títulos da construtora, tendo reforçado a sua posição com 25 mil novos títulos, num investimento agregado de 89,7 mil euros, segundo cálculos do ECO.

Para José Carlos Nogueira, a entrada de um fundo especulador no capital da empresa é uma realidade com a qual a companhia tem de aprender a viver, ainda que “nada tenha a ver com a realidade”.

“Temos é que continuar a fazer esta maratona [para prosseguir com o plano estratégico]. A ação é muito importante para nós e para os nossos acionistas, que investem e acreditam em nós, mas em que nada abala o que é a nossa capacidade de continuarmos o caminho que temos vindo a fazer”, reforçou.

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