BRANDS' ECO Porto Tech Hub Conference 2024 bate recorde de participantes e reúne o ecossistema tecnológico na cidade
A 9ª edição da Porto Tech Hub Conference reuniu mais de 1400 participantes e 30 oradores para falarem sobre Inteligência Artificial, computação quântica e segurança cibernética.
A 9.ª edição da Porto Tech Hub Conference lotou completamente o espaço da Alfândega do Porto, reunindo mais de 1400 participantes que assistiram entusiasticamente às apresentações dos 30 oradores distribuídos por sete palestras simultâneas.
O evento, que se pretende destacar no ecossistema tecnológico não só local, mas nacional e até internacional, ofereceu uma programação repleta de conteúdos inovadores nas áreas da Inteligência Artificial (IA), computação quântica, segurança, Cloud Computing e desenvolvimento de software. Mais do que tudo, explicou ao Eco Luís Silva, presidente da Porto Tech Hub, este é um evento que transforma conceitos em conhecimento “real”, transponível para as empresas e ambientes dos participantes.
Para abrir as “hostilidades”, Stephen Chin – que, além de vice-presidente de relações com desenvolvedores da JFrog e autor, realiza palestras de evangelismo no mundo inteiro, “entrevistando hackers no seu habitat natural” – abordou um dos tópicos quentes da atualidade: a Inteligência Artificial Generativa. Stephen Chin utilizou uma analogia com o cérebro humano para explicar como os Large Language Models (LLMs) funcionam, destacando que, enquanto o cérebro humano possui dois hemisférios – o direito, associado à criatividade e intuição, e o esquerdo, à lógica e análise – a IA, de forma similar, tem forças e limitações dependendo da tarefa. Destacando que a IA Generativa, embora seja excelente para tarefas criativas, enfrenta um grande desafio em termos de precisão e atualização das informações, Chin explicou como os knowledge graphs, construídos com dados factuais e atualizados, podem complementar os LLM através da técnica de Retrieval-Augmented Generation (RAG), permitindo que a IA gere respostas mais fiáveis e fundamentadas.
Outro tema central da conferência foi a segurança cibernética, abordado por Nicolas Fränkel. O Developer Advocate discutiu o desafio de manter a segurança em ambientes corporativos complexos, com centenas de aplicações e múltiplos acessos. Fränkel focou-se na importância de auditorias contínuas e na dificuldade de garantir a integridade da configuração de segurança, especialmente em sistemas baseados em código. O orador apresentou o Open Policy Agent (OPA) como uma solução para externalizar políticas de segurança, permitindo que as configurações sejam mantidas num formato textual auditável, o que, em conceito, facilita a implementação de um controlo de segurança robusto e escalável.
Kim van Wilgen trouxe à Alfândega do Porto uma perspetiva sobre gestão de equipas auto-organizadas, um conceito central do Agile Manifesto, mas que continua a ser um desafio para muitas organizações. Numa sessão onde as cadeiras foram escassas face ao número de interessados na palestra, Van Wilgen argumentou que, embora a auto-organização das equipas seja essencial para a inovação e produtividade, não significa ausência de liderança. Na verdade, para que as equipas auto-organizadas funcionem, é necessário um tipo de liderança diferente, mais voltada para a facilitação e o suporte, garantindo que a autonomia não comprometa os objetivos globais da organização. Van Wilgen apresentou um “crash course” sobre como guiar equipas auto-organizadas, destacando a importância de confiança, comunicação e clareza de propósito.
Os problemas ao trabalhar com LLM
Mete Atamel, engenheiro e Developer Advocate na Google, em Londres, abordou os problemas comuns encontrados ao trabalhar com LLM, como a geração de informações desatualizadas ou imprecisas, e como esses desafios podem ser mitigados. O especialista explicou como técnicas como Retrieval-Augmented Generation (RAG) e ReACT prompting podem melhorar a qualidade das respostas geradas, tornando as IA mais eficientes ao integrar dados atualizados e fontes externas de verificação. Atamel mencionou ainda a importância de dar às IA a capacidade de realizar “Function Calling”, ou seja, de interagir com API externas, para enriquecer o processo de geração de conteúdo e garantir a precisão das informações.
Já Sander Hoogendoorn, especialista em Agile, apresentou um olhar crítico sobre os desafios enfrentados pelas organizações na era pós-Agile, um momento em que muitas empresas se sentem “presas” devido à rigidez dos frameworks Agile tradicionais. Este programador com mais de quatro décadas de experiência – e que continua a escrever código diariamente – explorou nesta nova edição da Porto Tech Hub como muitas organizações estão a lutar para inovar, enquanto tentam manter sistemas legados que estão a definhar tecnicamente, onde a manutenção consome todos os esforços e recursos. O profissional propôs estratégias para desbloquear essa estagnação, incluindo o uso de ferramentas como ‘tech boards’, ‘microequipas’ e ‘idea funnels’, que podem ajudar as organizações a focarem-se em inovação contínua sem perder a agilidade necessária para se manter competitivas. Hoogendoorn partilhou ainda com os presentes exemplos de como essas abordagens têm sido aplicadas em empresas para promover a flexibilidade e a colaboração em tempos caracterizados por uma constante mudança.
Gavin King, por outro lado, ofereceu uma introdução à computação quântica, abordando os conceitos fundamentais de ‘quantum information’ e ‘quantum circuits’. Este Java Champion e Distinguished Engineer da Red Hat explicou, de forma acessível, como a álgebra linear é usada para entender os sistemas quânticos, e detalhou como as empresas estão a começar a explorar as potencialidades da computação quântica para resolver problemas complexos de processamento de dados. O orador destacou que, embora a computação quântica ainda esteja no seu estádio inicial de desenvolvimento, tem o potencial de transformar profundamente várias indústrias, como a farmacêutica, a segurança e a inteligência artificial.
‘Deep dives’ permitem ‘arregaçar as mangas’
Os workshops, que o vice-presidente da Porto Tech Hub, Samuel Santos, prefere apelidar de ‘deep dives’, foram uma parte fundamental da conferência, oferecendo uma oportunidade prática para os participantes aprofundarem os seus conhecimentos em temas específicos. Entre os workshops realizados, destacam-se os de computação quântica, arquitetura de sistemas, Data Science, Cloud Computing e ferramentas de desenvolvimento de IA Generativa. Estas sessões permitiram que os participantes não apenas aprendessem os conceitos, mas também aplicassem as técnicas de forma prática, trabalhando com especialistas da área.
Além das palestras e workshops, a conferência foi uma excelente oportunidade para as empresas parceiras mostrarem as suas últimas inovações tecnológicas. Empresas como a Emergn, Bosch, Volkswagen Digital Solutions e Mercedes Benz.io apresentaram soluções de ponta em várias áreas, demonstrando como estão a impulsionar a transformação digital e a inovação no setor tecnológico. A próxima edição, que celebrará o 10.o aniversário da Porto Tech Hub Conference e da associação, está já marcada para o dia 7 de outubro de 2025, até porque, como reforça Samuel Santos, “mal termina uma edição, começamos logo a trabalhar na seguinte”.
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