Supervisor dos seguros alerta para imobiliário e sedes off-shore
Regulador dos seguros europeu analisou o impacto no setor segurador dos riscos do setor imobiliário e resseguradores com sede em praças off-shore.
A Autoridade Europeia de Seguros e Pensões Ocupacionais (EIOPA) alertou, no seu relatório sobre estabilidade financeira de dezembro de 2024, para os riscos sistémicos que ameaçam o setor segurador europeu. Entre estes estão os novos riscos relacionados com o aumento das interligações entre instituições financeiras, porque aumentou a vulnerabilidade do sistema financeiro a choques inesperados.
O relatório menciona que os riscos emergentes como alterações climáticas, cibersegurança e transformações digitais são cada vez mais relevantes.
Apesar do ambiente de incerteza, as seguradoras e os fundos de pensão europeus apresentam uma posição sólida para enfrentar possíveis choques económicos. No segundo trimestre de 2024, os índices de solvência (SCR) para seguradoras de vida e não vida atingiram 239,2% e 212,6%, respetivamente, valores bem acima do limite de 100%.
O relatório destaca que o setor imobiliário continua a ser uma preocupação, refletindo os impactos de mudanças estruturais como o teletrabalho e o aumento das taxas de juros. Enquanto o teletrabalho resultou numa diminuição das taxas de ocupação dos escritórios e o aumento das taxas de juro e inflação dificultaram a acessibilidade e, consequentemente, a uma menor procura. Estes fatores levaram à desvalorização de imóveis residenciais e comerciais, prejudicando a rentabilidade de ativos ligados ao setor.
Embora seguradoras e fundos de pensão invistam cerca de 10% de seus ativos em imobiliário, a EIOPA concluiu que, mesmo sob cenários de choque, o impacto no setor seria limitado.
A popularidade do resseguro intensivo em ativos tem crescido, permitindo que seguradoras transfiram riscos de investimento e subscrição para resseguradoras. Essa prática tem ajudado a melhorar os índices de solvência das cedentes.
Porém, a EIOPA alerta para os riscos associados a estas operações, como a concentração em poucos resseguradores, muitas vezes localizados em jurisdições offshore, e o aumento da exposição a riscos de crédito e operacionais.
O relatório da EIOPA também analisa o contexto macroeconómico, destacando que a inflação na Zona Euro está próxima da meta de 2% do BCE, e as taxas de juro começaram a cair após cortes sucessivos. Contudo, permanecem dúvidas sobre o crescimento económico da região, agravadas pelas incertezas geopolíticas e possíveis choques macroeconómicos.
A EIOPA conclui que, apesar da resiliência geral do setor, a supervisão contínua é indispensável para lidar com riscos sistémicos e emergentes. O impacto de choques externos e mudanças estruturais deve ser monitorizado para preservar a estabilidade financeira e evitar desequilíbrios no mercado.
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