BRANDS' ECO “Governo deve olhar para os transportes de mercadoria como uma solução e não como um alvo a abater”
Trabalhar a eficiência energética do negócio é uma poderosa arma que no Grupo Paulo Duarte está a contribuir para as metas da descarbonização globais.
Partilhar com os stakeholders os principais destaques do caminho percorrido rumo à descarbonização ao longo dos últimos anos, e revelar a estratégia para o futuro, motivou a apresentação pública do primeiro Relatório de Sustentabilidade da Transportadora Paulo Duarte (TPD). Independentemente das obrigações impostas pelas regras ESG (sigla em inglês para Ambiente, Social e Governança), que entram em vigor já em 2025, a empresa liderada por Gustavo Paulo Duarte procura “melhorar nas diversas dimensões ESG no futuro, para estarmos ao nível que desejamos alcançar”.
O CEO reconhece os desafios e as dificuldades que o setor do transporte rodoviário de mercadorias enfrenta, mas acredita que é possível contribuir para minimizar os obstáculos e para otimizar a eficiência de um setor que é “a solução não só para fazer chegar a comida à mesa dos portugueses, mas todos os bens de consumo que contribuem para uma melhor qualidade de vida das pessoas”.
Gustavo Paulo Duarte apelou ainda à atenção do Governo sem, contudo, “pedir favores”. Na sua opinião, o Executivo deve olhar para os transportes de mercadoria como uma solução e não como um alvo a abater. “Os transportes rodoviários de mercadorias devem ser valorizados por tudo de bom que trazem à melhoria de vida das pessoas”, salienta, destacando ainda que para o setor avançar para a descarbonização, e para cumprir as metas definidas pela União Europeia até 2050, “é necessário ser mais bem tratado e visto de forma mais positiva pelos governantes”.
Pequenos passos, grande impacto
O caminho rumo à descarbonização na Transportadora Paulo Duarte (TPD) não é de hoje. Como referiu ao ECO, Gustavo Paulo Duarte revela que a preocupação com a eficiência e com a inovação para melhorar processos é um percurso iniciado desde a fundação da empresa. “É algo que está no nosso ADN”, afirma.
No entanto, a jornada de redução da pegada carbónica em 90% até 2050, definida a nível europeu, motivou a TPD a estruturar ainda mais a sua estratégia para este caminho, sustentada agora em três pontos-chave – Redução da Pegada de Carbono, Inovação Tecnológica e Captura de Carbono -, alguns dos quais já com resultados quantificáveis e impactantes.
"Se reduzirmos, em média, um litro de consumo em cada camião são menos 1,2 milhões de litros consumidos, o que já tem um grande impacto na descarbonização”
Entre os objetivos de redução da pegada de carbono estão a diminuição de 50,4% das emissões de âmbito 1 (resultantes da própria atividade, como o CO2 emitido pelos camiões) e de âmbito 2 (resultantes do consumo de energia elétrica) até 2032 através do foco na eficiência. Tendo como referência o ano de 2022, a TPD já conta com resultados “muito interessantes”, como revela o CEO.
Entre os projetos Drivian Tasks (sistemas de otimização e melhoria de rotas, que reduzem o número de quilómetros em vazio, com o apoio da tecnologia e da inteligência artificial), EcoDrive (programa de formação massiva dos condutores para uma condução mais eficiente), e o impacto da nova Sede da TPD, “temos resultados fabulosos”, garante Gustavo Paulo Duarte. Ao nível da condução, exemplifica, “se reduzirmos, em média, um litro de consumo em cada camião são menos 1,2 milhões de litros consumidos, o que já tem um grande impacto na descarbonização”. Já sobre a nova Sede, o CEO destaca a importância de conseguir reduzir um milhão de quilómetros percorridos por ano, graças à localização escolhida.
Estas experiências, e os resultados que materializam o seu sucesso são igualmente partilhados com parceiros e clientes que beneficiam do conhecimento prático para extrapolarem para os seus outros fornecedores.
Tirar partido da tecnologia é outra das prioridades na TPD. O Grupo está atento a novos tipos de combustíveis renováveis, como o HVO ou o biometano, que permitem reduzir a pegada carbónica em 90 e 100%, respetivamente, mas cuja disponibilidade não é suficiente para toda a frota. A utilização de Link-Trailers é outro pequeno passo que teria, desde logo, um impacto de cerca de 40% nos transportes, se aplicado a todo o setor e a todo o país, assegura Gustavo Paulo Duarte. “Já usamos alguns Link-Trailers que reduzem diretamente 30% da pegada carbónica da empresa”, exemplifica.
Outro exemplo que, na opinião do CEO, teria um impacto muito relevante para o país seria a utilização de duo trailers (camiões com duas cisternas) no abastecimento de combustíveis no Aeroporto de Lisboa. A TPD participa atualmente num projeto que abastece o aeroporto através do transporte de combustíveis desde o parque de tanques de Aveiras. Para concluir esta missão são feitas 44 mil viagens por ano que, com a utilização do duo trailer reduziria as deslocações em, pelo menos 30%. “Seriam 14 mil camiões a menos por ano, e este é o caminho da otimização”, acredita o administrador da TPD. Assim, reforça, “só pedimos ao Governo que permita o licenciamento deste tipo de veículos, tal como já existe em Espanha, com um impacto direto de 40% na redução no aeroporto de Lisboa”.
Ao nível do terceiro pilar estratégico – Captura de Carbono –, onde eficiência e tecnologia não forem suficientes, a TPD está a investir em projetos de I&D para desenvolver tecnologias inovadoras de captura de carbono, bem como em projetos florestais, e em programas que permitam aos clientes compensar as emissões dos serviços prestados.
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