Comunicação

APECOM espera “estabilidade” e “ano histórico” com a regulamentação do lóbi para 2025

Rafael Ascensão,

Domingas Carvalhosa, presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação (APECOM), espera que 2025 seja um “ano histórico” para o setor, com a regulamentação do lóbi a “ver a luz do dia".

Maria Domingas Carvalhosa, presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação (APECOM)

Apesar das incertezas, o setor da consultoria de comunicação “lida relativamente bem com as crises”, pelo que Domingas Carvalhosa prevê que 2025 será um “ano de estabilidade”. “Não acreditamos que o setor cresça muito em termos de vendas, mas também não nos parece que vá sentir perdas”, diz a presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação (APECOM).

Do ponto de vista legislativo, Domingas Carvalhosa espera que 2025 seja um “ano histórico” para o setor, com a regulamentação da representação legítima de interesses (lobbying) a “ver a luz do dia” e com Portugal a “fazer parte do lote de países desenvolvidos que optaram pela transparência de processos, no que diz respeito ao relacionamento entre entidades públicas e privadas”.

Em relação a este tema a APECOM, que integra 95% das consultoras que desenvolvem esta atividade no país, “vai continuar a contribuir ativamente para a clarificação de todas as questões pendentes junto do legislador e aguardará pelo final do processo legislativo”.

Domingas Carvalhosa espera que sejam integradas as “sugestões de adoção de um único registo de interesses, online, público e gratuito e da criação de um Código de Conduta, no sentido de contribuir para uma maior transparência e dignificação da relação dos poderes públicos com a sociedade civil e empresarial”.

Recorde-se que o lóbi — tema caro ao setor da comunicação, que luta pela sua regulamentação há quase uma década — esteve perto de ser regulamentado com o anterior Governo. Apesar de ter sido aprovado na generalidade a dez dias de o Parlamento ter sido dissolvido, o tema foi adiado para ser apreciado pelo novo Governo, que entretanto já o inclui no pacote anticorrupção que aprovou em Conselho de Ministros em junho.

Na altura, Domingas Carvalhosa considerou que esse foi um “primeiro passo positivo, mas ainda curto“. “Esperamos que, com a quantidade de informação já existente, devido às muitas tentativas de regulamentação, o Governo não precise de muito tempo para aprofundar as medidas e criar um diploma que regulamente a representação legítima de interesses”, comentou.

À regulamentação do lóbi, junta-se também a do marketing de influência e a das boas práticas de comunicação da sustentabilidade enquanto os três desafios em que a APECOM se vai empenhar no próximo ano.

“Esperamos também, em 2025, ter finalizado um documento — já em fase final — que nos permita reunir com a Direção Geral do Consumidor e com o legislador para lhes apresentar as nossas sugestões de boas práticas no que se refere ao marketing de influência de forma a harmonizar este mercado em ampla expansão“, adianta Domingas Carvalhosa.

Já quanto à questão da sustentabilidade, que se podem “resumir como a tomada de decisão para a realização de melhores resultados nos pilares sociais, ambientais e de governança”, o objetivo passa por garantir as empresas têm um “discurso e uma prática coerentes e consistentes com o propósito das organizações”.

“Mas a coerência só é possível se a comunicação cumprir com os níveis éticos exigidos pelas boas práticas. Neste sentido, em 2025, a APECOM irá também apresentar um conjunto de informação sobre boas práticas na comunicação da sustentabilidade“, avança a responsável.

Em termos internacionais, a APECOM deverá também, a partir do próximo ano, assumir a liderança de um novo grupo de trabalho de public affairs, a criar pela ICCO (The International Communications Consultancy Organisation), entidade internacional da qual a APECOM é associada e que representa associações congéneres de 82 países.

A APECOM olha, apesar de tudo, para 2025 com otimismo“, conclui Domingas Carvalhosa.

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