Planear, conhecer e negociar: como proteger a carteira dos aumentos em 2025
Coordenadora do gabinete de proteção financeira da Deco deixa alguns conselhos para os consumidores lidarem com a subida dos preços no novo ano.
Não há receitas mágicas para escapar aos aumentos esperados de preços em 2025, mas se Natália Nunes, coordenadora do gabinete de proteção financeira da Deco, tivesse de deixar um conselho aos consumidores seria: planear, planear e…. planear. Logo em seguida, conhecer o perfil de consumo e negociar.
“É difícil escaparmos aos aumentos porque estamos a falar muitas vezes de bens que são essenciais. É extremamente difícil não sermos confrontados com os aumentos. Diria que o importante é desde logo fazer o nosso orçamento e isto é valido para tudo“, assinala em declarações ao ECO.
Admitindo que fazer um planeamento pode ser “extremamente difícil para famílias que não estão habituadas”, Natália Nunes deixa algumas dicas. A primeira é fazer o diagnóstico da situação financeira.
Para isso pegue numa folha de papel, abra um Excel ou descarregue uma das aplicações que existem no mercado. O importante é compreender de forma clara os rendimentos e as despesas. Nestas identifique as despesas fixas, como a renda da casa, a prestação do carro ou a mensalidade das creches, mas também as despesas variáveis. O objetivo é compreender se as despesas são ou não mais elevadas do que os rendimentos e de que forma é possível atingir o equilíbrio.
“O ideal é que o planeamento seja feito pelo menos mensalmente. Sabemos o valor de algumas despesas, mas o importante é irmos tomando nota do que são os nossos gastos e envolver toda a família, incluindo os filhos caso existam. Isto é fundamental para chegarmos no fim do mês e fazermos um confronto entre as nossas receitas e despesas“, assinala Natália Nunes.
Caso não identifique uma “constipação financeira”, como a especialista da Deco denominou situações em que as famílias poderão identificar um desequilíbrio grave, pode passar para o próximo passo: perceber se pode adotar comportamentos que reduzam as despesas seja no que toca à eletricidade, ao gás, à conta do supermercado ou outras. Uma estratégia fundamental é conhecer assim as opções que existem.
“Saber quanto gasto é fundamental para analisar o mercado e se o que estou a gastar está de acordo com o que o mercado oferece e se não é possível gastar menos”, explica a especialista da Deco, “Tudo passa por sabermos quanto gastamos e como gastamos. Ou seja, conhecer o meu perfil. Devemos ser proativos, ver o que o mercado nos dá, negociar e eventualmente contratar com outros operadores. Devemos perder aquelas ideias que os nossos pais tinham de ‘o meu banco, a minha seguradora’. Agora deve ser o que me oferece as melhores condições. Isto é importante“, refere.
Paralelamente, a especialista da Deco aconselha também a olhar para os rendimentos. “Temos a tendência de olhar só para o lado das despesas, mas também posso tentar aumentar os rendimentos. Posso tentar começar a transformar um hobby num rendimento extra, começar a vender coisas que não me fazem falta, compreender alguns apoios a que possa ter direito”, exemplifica.
“Claro que estamos a falar de valores pequenos, mas às vezes podem fazer a diferença”, avisa.
Da poupança à mudança: como reduzir contas da água e luz
Uma quota relevante das despesas familiares está associada a encargos mensais como as contas da energia e da água. Neste campo, a primeira resposta para “poupar” a sua carteira é mesmo reduzir os consumos, que está associado a apostar na eficiência.
No que diz respeito à eficiência energética, será importante balançar os ganhos de longo prazo que poderá obter com melhorias na casa como um melhor isolamento térmico de paredes, telhados e janelas.
Para uma maior poupança, pode procurar utilizar os equipamentos de forma mais inteligente. Muitos dos seus eletrodomésticos possuem um modo “eco”. Usar esta funcionalidade pode levar a uma redução do consumo de eletricidade de até 45%, de acordo com a Selectra. Ao fim do dia, deverá desligar os aparelhos que se encontram em standby, diretamente na tomada.
Feitas todas as melhorias e reduções possíveis, resta tentar pagar menos pelos consumos que não consegue evitar. A primeira ação passa por fazer simulações frequentes, de forma a entender se existem tarifas da luz mais acessíveis do que aquela que contratualizou e, caso se verifique, mudar. Em complemento, pode considerar investir no autoconsumo, um investimento que deverá ter retorno entre três a cinco anos, de acordo com o CEO da Greenvolt, uma empresa especializada neste tipo de soluções.
No caso da conta da água, uma vez que o consumidor não tem a possibilidade de mudar de tarifário – está sujeito àquele que esteja disponível no seu lugar de residência – a única solução é mesmo a poupança e eficiência. Existem vários equipamentos que o podem ajudar a reduzir o volume de água que sai da sua torneira, e é importante uma verificação frequente em relação a eventuais fugas. A reutilização da água do banho para descargas de sanita ou lavagem do chão é também uma opção.
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