BRANDS' ECOSEGUROS A ressaca – Parte II

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  • 14 Janeiro 2025

Gonçalo Baptista, diretor da Innovarisk, aborda os desafios do crescimento do mercado segurador para 2025.

Bom Ano a todos! E não se preocupem com o título, o conteúdo deste artigo não tem qualquer correspondência com o conhecido filme com o mesmo título.

O mercado Segurador viveu em anos recentes em “Hard Market”, para quem não conhece a expressão, trata-se de um mercado onde as Seguradoras endurecem as condições, isto é, investem menos capital, o que fazem subindo preços, retirando cobertura, apertando os critérios de aceitação e renovação de riscos. Isto acontece normalmente após a diminuição de resultados e pode ser simplesmente porque os prejuízos recentes varreram capital do Balanço, ou através de vários outros mecanismos como o aumento da distribuição de dividendos, programas de recompra de ações, investimentos noutras áreas, entre outras.

Esse endurecimento do mercado é por vezes necessário após descidas de preços para que a atividade seja sustentável e tenha taxas de retorno apelativas para os investidores (e sem investidores não há Capital e sem Capital não há Seguradoras, não é?).

Como consequência tivemos “um mau hábito” das empresas crescerem à custa da subida de taxas, camuflando que não estão a conseguir o mais importante: formas de aumentar a sua atividade. Claro que isto é mais difícil de alcançar num contexto de subida de preços, mas as Seguradoras precisam de crescer para acompanhar a evolução do mundo e manterem-se relevantes do ponto de vista social.

Gonçalo Baptista, diretor da Innovarisk

O ano passado marcou de forma mais acentuada a viragem: depois da “festa” da celebração do regresso aos bons resultados, veio a ressaca. Todos os anos existe a pressão para crescer, temos a tendência para medir a performance e o dinamismo das empresas pelo crescimento, mais do que pelos Resultados Líquidos. E habituaram-se a crescer à boleia da subida de preços e agora, na ressaca, vem o desafio mais difícil: continuar a crescer sem a subida de preços ou até com a sua descida. Nos riscos grandes de áreas como o Cyber e o Directors&Officers, assistimos a decidas de preços no mercado internacional de 2024. A estabilização da inflação é positiva para a maioria dos Ramos. Nos riscos Patrimoniais as subidas suavizaram muito ou até mesmo estagnaram e as previsões para preços dos riscos Catastróficos para 2025 também. Wow! Há quanto tempo não sabíamos o que era a ausência de más notícias neste campo onde as alterações climáticas não parecem dar muitas tréguas?

Temos portanto boas condições e uma quase inevitabilidade para 2025 das Seguradoras tomarem mais risco. A melhor resposta a este desafio será sempre a inovação: diminui o Protection gap ao segurar riscos antes não seguros, com rentabilidades melhores do que aceitar mais riscos “velhos” e com a vantagem de se criar um futuro mais amplo para o Setor. O problema é como todos nós nos reinventarmos? Existe algum receio por determinados tipos de riscos, com a incerteza geopolítica e há ainda o potencial impacto nos mercados financeiros (e por isso no retorno dos investimentos) dessa incerteza.

Soluções criativas exigem talento e o talento escasseia, tornando a sua competição difícil. Sobem-se salários mas os salários são dos maiores custos da atividade pelo que fica difícil manter a competitividade – é necessária maior eficiência. Outro fator decisivo para ser bem-sucedido nesta luta pela inovação é a flexibilidade. As Seguradoras mais flexíveis vão ter mais facilidade em entrar em projetos colaborativos para adquirir competências que não têm dentro de casa ou pelo menos ser mais rápidas a executá-los.

Eficiência e flexibilidade parecem então ser o mote para 2025, nesta Ressaca – Parte II, após o primeiro filme em 2024. Tudo isto exige muito investimento em IT, mais uma área onde os recursos não abundam.

Do lado da procura temos consumidores cada vez mais informados, fazendo melhores escolhas e “obrigando” por isso as Seguradoras a disponibilizarem melhores soluções. Uma procura melhor é sempre um estímulo para as melhorias do lado da oferta. Um fator determinante para a melhor procura é o surpreendente papel que a Inteligência Artificial conquistou nas decisões de compra. É incrível como tão rápido passou a fazer parte das nossas rotinas diárias perguntar tanta coisa ao ChatGPT e como tão boas parecem ser as suas respostas.

Para as Seguradoras não chega. O final da Ressaca – Parte II, não está escrito no ChatGPT. E todos queremos que este filme tenha um final feliz.

Geral Gonçalo Baptista, diretor da Innovarisk

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