Salários até 150 mil euros. Estas são as dez profissões mais bem pagas em Portugal

Profissões ligadas à tecnologia dominam ranking das funções mais procuradas e mais bem pagas em Portugal. E, numa altura marcada pela escassez de talento, cargo de diretor de RH regressa à lista.

Com um salário que pode chegar aos 150 mil euros anuais, o cargo de diretor-geral é, neste momento, o mais bem pago em Portugal. Isto de acordo com o ranking preparado pela empresa de recursos humanos ManpowerGroup, ao qual o ECO teve acesso em primeira mão. Na edição deste ano das profissões com vencimentos mais atrativos, os cargos ligados à tecnologia reforçam a sua presença, numa altura marcada pela crescente atenção em torno da cibersegurança e da inteligência artificial.

Todos os anos, a ManpowerGroup prepara um ranking das dez profissões com os ordenados mais expressivos em Portugal.

Por exemplo, em 2024, foi o cargo de diretor-geral dos setores da indústria e serviços a conquistar o topo dessa tabela, com um vencimento máximo de 130 mil euros. Já este ano essa posição passa a ser ocupada pelo cargo de diretor-geral, e o salário associado é mais expressivo do que no último ano: varia agora entre 110 mil euros e 150 mil euros anuais.

Em conversa com o ECO, Nuno Ferro, brand leader da Experies (um dos braços da ManpowerGroup) explica que tal reflete a valorização crescente da liderança e da importância “do rumo estratégico” nas organizações.

O cargo de diretor-geral, convém explicar, corresponde ao principal responsável pela gestão da empresa, tendo a seu cargo a definição das estratégias, mas também a garantia da sua execução de forma eficaz.

Supervisiona todas as áreas da empresa, como operações, vendas, marketing, finanças e recursos humanos, para assegurar o cumprimento dos objetivos corporativos. Representa também a empresa perante os stakeholders, investidores e parceiros“, salienta a ManpowerGroup.

Para este cargo, são procurados perfis com forte capacidade de liderança, de tomada de decisão e visão de mercado, “de forma a identificar oportunidades de crescimento e minimizar riscos, sendo, muitas vezes, o rosto público da empresa”.

Logo a seguir no pódio aparecem os cargos de chief tecnhology officer (CTO) e chied information officer (CIO), confirmando a observação de Nuno Ferro de que, na edição deste ano, há um “grande destaque para tudo o que é tecnologia e para tudo o que é liderança“.

Este ano, há um grande destaque para tudo o que é tecnologia e para tudo o que é liderança.

Nuno Ferro

Brand leader da Experis

No caso destes cargos, os salários variam entre 70 mil euros e 150 mil euros anuais, sendo que os departamentos de tecnologias de informação têm conquistado cada vez mais relevo nas empresas, independentemente do setor de atuação.

No caso específico dos CIO, em causa estão “profissionais executivos responsáveis por toda a gestão, implementação e usabilidade das tecnologias de informação“. Têm, portanto, não só formação em tecnologias de informação, como conhecimentos de estratégia, liderança e gestão, pelo que são dos profissionais mais procurados e, à boleia, mais bem pagos.

A fechar o pódio, aparece o cargo de diretor industrial, com um vencimento entre 90 mil euros e 140 mil euros anuais. Esta função ocupava no último ano o segundo lugar da tabela, pelo que desce agora uma posição. Ainda assim, Nuno Ferro realça que estes profissionais continuam a ser “altamente relevantes” no mercado de trabalho nacional.

“O diretor Industrial desempenha um papel crucial na gestão de uma central de produção, supervisionando todas as operações, desde a produção à manutenção, enquanto garante que todos os procedimentos são seguidos com qualidade, segurança e eficiência“, detalha a ManpowerGroup.

O cargo de diretor industrial é reconhecido como uma das funções mais bem pagas, pois exige que os líderes enfrentem os desafios operacionais e de gestão de pessoas num cenário empresarial dinâmico e altamente competitivo.

ManpowerGroup

“As suas responsabilidades vão além do conhecimento técnico operacional, integrando também competências humanas para gerir equipas. É uma função que exige senioridade e experiência para a gestão de unidades industriais, gestão de pessoas e conhecimentos de princípios de gestão financeira e operacional”, acrescenta a recrutadora.

No caso dos diretores industrias, a formação em engenharia é essencial, mas é também fundamental a constante atualização de competências ao longo da carreira, tendo em conta as transformações tecnológicas que a indústria tem vivido. “O cargo de diretor industrial é reconhecido como uma das funções mais bem pagas, pois exige que os líderes enfrentem os desafios operacionais e de gestão de pessoas num cenário empresarial dinâmico e altamente competitivo”, assinala a empresa de recursos humanos.

Novas funções de liderança em destaque

Na edição deste ano do ranking das dez profissões mais bem pagas, vários cargos aparecem pela primeira vez. “Encontramos novas categorias de funções de liderança em destaque em 2025. Funções como CTO, CIO e diretor de serviços partilhados aparecem neste ranking de 2025 e acabam por refletir uma maior especialização e a importância da transformação digital nas organizações“, argumenta o responsável Nuno Ferro.

O cargo de diretor de centros de serviços partilhados é precisamente o quarto na lista elaborada pela ManpowerGroup, com um salário que varia entre 100 mil euros e 120 mil euros por ano.

É o responsável por assegurar a correta implementação e execução das funções de suporte e de serviço que são prestadas às diferentes estruturas de um grupo empresarial, pelo que são procurados profissionais experientes e focados “na disciplina operacional, na eficiência e na experiência do cliente“.

E há dois fatores que estão a levar à valorização salarial deste cargo. Por um lado, ainda há poucos profissionais que encaixem neste perfil no mercado. E, por outro lado, a procura tem crescido, uma vez que o número de centros de serviços partilhados em Portugal (que servem organizações multinacionais) tem crescido.

Além de um perfil especializado, o crescente número de centros de serviços partilhados que se estão a instalar em Portugal para servir organizações multinacionais está a levar a um aumento da procura destes perfis.

ManpowerGroup

A próxima profissão a aparecer no ranking também é uma estreante. Com um salário que vai dos 70 mil euros aos 120 mil euros por ano, o cargo de chief information security officer (CISO) ocupa o quinto lugar da tabela, e reflete também a consolidação das áreas tecnológica nesta tabela, na visão do brand leader da Experis.

Um CISO, importa explicar, é o responsável pela segurança de informação de uma empresa. Por exemplo, define e implementa as políticas de cibersegurança, identifica as vulnerabilidades e gere os risco e as respostas a incidentes. “Além disso, o CISO é também responsável por garantir a conformidade com regulamentações de proteção de dados, como o regulamento geral de proteção de dados“, nota a ManpowerGroup.

Numa altura em que as preocupações em torno da cibersegurança têm crescido e as empresas lidam com grandes volumes de dados, esta é, portanto, uma das profissões mais procuradas e bem pagas em Portugal.

Depois dos estreantes, aparece um repetente: o cargo de diretor de compras, com um salário entre 80 mil euros e 120 mil euros por ano. O intervalo mantém-se face a 2024, sendo que, no último, esta profissão tinha ficado em terceiro lugar. Aparece agora em sexto.

A preocupação em torno da sustentabilidade e das cadeias de fornecimento explica a valorização destes profissionais, que gerem todo o ciclo de aquisição de bens e serviços necessários para a operação de uma empresa. “Desde a negociação com fornecedores até à definição de estratégias de compra, este profissional assegura o equilíbrio entre custo, qualidade e prazo. É também responsável por analisar tendências de mercado, otimizar a cadeia de abastecimento e mitigar riscos, como interrupções no fornecimento”, afirma a ManpowerGroup.

Talento a escassear traz diretores de RH de volta ao ranking

No último ano, o cargo de diretor de recursos humanos tinha ficado de fora do ranking das dez profissões mais bem pagas em Portugal. Mas na edição deste ano está de volta, numa altura em que, por um lado, continua a ser difícil contratar e, por outro, tem crescido o entendimento de que as pessoas são críticas para o sucesso das organizações.

“Somos um dos países com maiores dificuldades em encontrar o talento necessário para as empresas”, realça Daniela Lourenço, brand leader da Manpower, em conversa com o ECO. “Falamos muitas vezes de revolução tecnológica, de um mundo cada vez mais digital, de inteligência artificial, mas nunca como hoje existiu tanta dificuldade em preencher as vagas das empresas“, concorda Nuno Ferro, brand leader da Experis.

Ora, segundo o ranking, o diretor de recursos humanos conta com um vencimento entre 90 mil e 110 mil euros por ano, sendo responsável pelas estratégias para atrair, reter e desenvolver o talento da empresa. ”

Diretores de recursos humanos tornam-se cada vez mais cruciais para alinhar as equipas e estratégias às exigências de um mercado cada vez mais competitivo.

ManpowerGroup

“O ressurgir da função de recursos humanos indica claramente uma maior atenção ao papel estratégico dos recursos humanos, no pós pandemia e nesta era da inteligência artificial. Este processo de transformação digital das organizações é o recentrar da importância das pessoas no sucesso das empresas“, comenta Nuno Ferro.

Já Daniela Lourenço sublinha que, “mesmo noutras funções indexadas aos recursos humanos”, está a ser sentida essa valorização, o que “é animador” para a área.

Das nuvens à inteligência artificial

As três profissões que fecham o ranking das dez mais procuradas e mais bem pagas são todas ligadas à tecnologia: cloud architect (60 mil euros a 95 mil euros anuais), engineering manager (65 mil euros a 90 mil euros anuais) e artificial intelligence engineer (55 mil euros a 80 mil euros anuais).

Nuno Ferro realça que estas são profissões que muito valorizadas, em termos salariais, também por serem de “índole mais global”. Isto é, como são profissionais procurados por empresas de todo o mundo, os empregadores portugueses têm de competir não só no mercado nacional, mas também a nível global, o que engorda as remunerações.

Os arquitetos de cloud são responsáveis por “projetar, implementar e gerir as infraestruturas de computação em nuvem das empresas“. “A migração para a nuvem continua a ser uma prioridade estratégica para as empresas de todos os setores e, por isso, a procura por cloud architects tem vindo a crescer, à medida que aumenta o foco em escalabilidade, inovação e redução de custos operacionais”, observa a ManpowerGroup.

Quanto ao cargo de engineering manager, trata-se dos supervisores de projetos, pelo que asseguram que são entregues dentro do prazo e do orçamento, e de acordo com os requisitos técnicos e de negócio.

“Este profissional também desempenha um papel crucial na mentoria de engenheiros, na resolução de problemas técnicos complexos e na implementação de processos ágeis. A complexidade tecnológica crescente e a necessidade de líderes que combinem competências técnicas e de gestão tornam esta posição essencial“, refere o ranking a que o ECO teve acesso.

Ferramenteiros e tubistas em destaque

No caso das profissões técnicas, são os ferramenteiros (os responsáveis pela criação, produção e reparação de ferramentas de corte e dobra para estruturar chapas de aço e outros materiais metálicos) que saem melhor na fotografia. Com um salário que varia entre 40 mil euros e 60 mil euros por ano, lideram o ranking.

São profissionais com conhecimentos em todas as áreas da metalurgia, capacidade de leitura e interpretação de desenho técnico, e habilidade de antever o produto final em todos os seus aspetos técnicos. É uma função transversal a diversos setores (do automóvel aos plásticos, passando pelo metalúrgico e siderúrgico), o que faz desta uma profissão com elevada procura.

Em segundo lugar, aparecem os tubistas, cujo salário varia entre 35 mil euros e 42 mil euros por ano. Estes são os profissionais que instalam e fazem a manutenção de tubulações, válvulas e suportes de sistemas de instrumentação, recorrendo à serralharia e à soldagem dentro dos requisitos técnicos exigidos.

A fechar o pódio, aparece a profissão campeã no último ano: motorista de pesados internacional, com um salário entre 32 mil euros e 41 mil euros anuais. “Esta é uma profissão bastante exigente devido às longas horas de condução, à necessidade de conhecimento de várias regulamentações nacionais e internacionais e ao stress relacionado com prazos apertados. O isolamento social e os riscos associados a acidentes são desafios significativos, pelo que é uma das profissões especializadas mais bem remuneradas“, enfatiza a ManpowerGroup.

Ainda no ranking aparecem os encarregados de obra (30 mil euros a 38 mil euros anuais), os técnicos de AVAC (25 mil euros a 35 mil euros anuais), controladores de qualidade (24 mil a 32 mil euros anuais), os técnicos de manutenção industrial (20 mil a 35 mil euros anuais) e os afinadores de máquinas de injeção (22 mil a 34 mil euros anuais).

Daniela Lourenço explica ao ECO que estas são profissões com um alto nível de tecnicidade, sendo que muitas das oportunidades nestas áreas exigem muitos anos de experiência.

Tanto no que diz respeito às profissões técnicas, como nos cargos destacados no primeiro ranking, Daniela Lourenço e Nuno Ferro concordam que há um fosso “muito grande” entre o talento que está a ser produzido e as necessidades das empresas.

Nuno Ferro apela, por isso, a que sejam repensadas as estratégias de ensino, enquanto Daniela Lourenço salienta que as empresas devem trabalhar a sua proposta de valor junto dos candidatos (que ultrapassa as questões salariais), para conseguir atrair esse talento.

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