“O futuro está em Portugal”. Vasco de Mello e Ilídio Pinho recebem honoris causa da Católica

Fundador da COLEP diz ter mais esperança do que nunca em Portugal, "com o mundo em convulsão e a Europa em crise". Presidente da José de Mello quer vocação empresarial na família "mais 120 anos".

Os empresários portugueses Vasco de Mello e Ilídio Pinho receberam esta sexta-feira o grau de doutor honoris causa da Universidade Católica Portuguesa (UCP), a distinção honorífica mais elevada que uma instituição de ensino superior pode atribuir.

“Com o mundo em convulsão e a Europa em crise, tenho esperança, mais do que nunca, em Portugal. A nossa geografia e a nossa história permitem-me dizer que o futuro está aqui. Da minha parte, vou continuar a trabalhar. Não me reformo, nem mesmo quando morrer”, afirmou Idílio Pinho na cerimónia doutoramento honoris causa.

Vasco de Mello enalteceu as suas raízes familiares e os valores que ainda hoje partilham de “união, integridade e excelência”. “O legado que transportamos dá-nos uma responsabilidade de continuarmos a ser uma família com vocação empresarial. Queremos continuar a sê-lo, pelo menos, mais 120 anos”, garantiu, preconizando também o “principal ativo” do grupo: os colaboradores.

A homenagem aos dois empresários de renome foi dada numa sessão solene do Dia Nacional da UCP, que se realizou esta tarde sob o lema “O saber como esperança”, no Auditório Cardeal Medeiros, em Lisboa. “Apesar de não ter estudado aqui, sinto que a Católica faz parte da minha biografia”, reconheceu Idílio Pinho, remetendo para o histórico de formados nesta universidade com os quais conviveu.

Já a família e o grupo José de Mello fizeram uma doação milionária à Católica, no valor 12 milhões de euros, para a construção do novo campus da UCP em Lisboa, o Veritati, que irá acolher a Católica Lisbon School of Business and Economics e a reitoria. Para agradecer o donativo, a UCP chamará ao principal edifício do Veritati “José Manuel de Mello”.

O evento contou ainda com a intervenção do ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, que destacou que “as qualificações dos portugueses são incomparáveis com as que existiam há alguns anos”, porque a universidade “transformou a capacidade de o país gerar conhecimento e dar resposta aos problemas da economia”.

O Governo aprovou ontem a proposta de lei que procede à revisão de fundo do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES). Segundo o governante, este diploma é “transformador”, porque reforça a autonomia das instituições para gerir e para definirem o seu caminho. “Porque é que é isto importante? Se há instituições que têm a responsabilidade de pensar o futuro – e Portugal, durante muito tempo, deixou de pensar o futuro – e projetar o médio e longo prazo são as do ensino superior e tecnológico”, defendeu.

Na plateia, estava António Horta Osório, Nuno Amado, João Vieira da Almeida, Eduardo Catroga, Francisco Lacerda, entre outros.

A reitora da UCP, Isabel Capeloa Gil, subiu ao palco para deixar uma mensagem de esperança, que acredita ser possível ter através da sabedoria, uma condição que vai além do raciocínio e entendimento do mundo à nossa volta, mas “ensina-nos a ser pessoas. No discurso de abertura da cerimónia, alertou que é necessário “conceber o saber”, o conhecimento que se adquire nas salas da Católica, “além da lógica tecnocrática que instrumentaliza” e colocá-lo ao serviço da emancipação, da transformação societal e do combate às “profundas” desigualdades da atualidade.

O programa previa também um discurso de D. José Tolentino de Mendonça, mas o cardeal acabou por não estar presente e deixou uma mensagem de vídeo.

Das embalagens aos químicos e portagens

Ilídio Pinho fundou em 1964 a COLEP, a Ilídio Pinho Holding e a Fomentinvest, e lançou uma fundação com o seu nome. Já foi homenageado com o Grã-Cruz da Ordem do Mérito e a Medalha de Mérito Cultural pelos apoios que tem prestado à arte nacional. A COLEP Portugal – Embalagens, Produtos, Enchimentos e Equipamentos é o projeto empresarial mais emblemático de Ilídio Pinho, que tem o cunho das aprendizagens do seu pai e lhe gerou o interesse pela atualidade económica. “Sabe de cor os preços das matérias-primas nos mercados à vista e nos futuros”, admitiu o seu ‘padrinho’, o professor João Pinto.

Vasco de Mello é, desde 2004, presidente do conselho de administração da José de Mello Capital, holding de controlo do grupo José de Mello, que tem participações em grandes empresas portuguesas de infraestruturas e mobilidade (Brisa), saúde (CUF), indústria química e tratamento de águas (Bondalti), lares e serviços para séniores (José de Mello Residências e Serviços) e vinhos (Winestone).

É também presidente da Fundação Amélia de Mello, presidente da mesa da Assembleia Geral da COTEC Portugal, membro da direção da Associação Business Roundtable Portugal (BRP) e faz parte do Conselho Superior da Universidade Católica Portuguesa.

A universidade destacou ainda as funções de supervisão e gestão em empresas como Banco Crefisul de Investimento do Brasil, União Industrial Têxtil e Química, Sociedade Transitec-Lausanne, CUF Finance, Banco Mello de Investimentos e Banco Mello, SIC, Companhia de Seguros Império, José de Mello SGPS, BCP, ONI, União Internacional Financeira e Bank Millennium na Polónia.

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