Aethel Mining admite “reavaliação estratégica” nas minas de Torre de Moncorvo
Empresa confirma que a operação nas minas de Torre de Moncorvo não está "a decorrer em plena capacidade" e quer que o projeto avance de "forma sustentável e alinhada com as novas necessidades".
A Aethel Mining, concessionária das minas de Torre de Moncorvo, admitiu esta quarta-feira que está a fazer uma “reavaliação estratégica” do projeto, mas reafirmou o seu “compromisso inabalável” com o mesmo e negou vendas, após se observar inatividade na mina.
“Embora a operação não esteja a decorrer em plena capacidade, a empresa está a desenvolver um trabalho contínuo de reavaliação estratégica, de modo a garantir que o projeto avance de forma sustentável e alinhada com as novas necessidades do setor mineiro global”, pode ler-se em respostas de fonte oficial da empresa à Lusa.
A Aethel, detida por Ricardo Santos Silva e Aba Schubert, já tinha afirmado, num primeiro comentário enviado à Lusa após a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) dar nota de falta de planos e de atividade operacional, querer “reforçar e expandir a atividade” na mina. Esta quarta, em resposta a questões da Lusa, reafirmou “o seu compromisso inabalável com o projeto mineiro de Torre de Moncorvo”, no distrito de Bragança.
“Não houve qualquer venda do projeto nem de partes do mesmo e a empresa mantém-se totalmente focada em garantir a viabilidade do projeto a longo prazo, respeitando as exigências ambientais e promovendo o crescimento económico na região”, refere.
No dia 31 de janeiro, fonte oficial da DGEG disse à Lusa que “o concessionário não tem desenvolvido atividades operacionais na área da concessão e não se encontram aprovadas quaisquer atividades de exploração, ou outras, uma vez que não foi submetido o Programa de Trabalhos para o ano de 2025”.
A Lusa também constatou no local que desde finais de setembro não há qualquer atividade ou movimento na área da concessão que começou a laborar em março de 2020, no lugar da Mua. A empresa refere que “mantém o seu compromisso total com o futuro da mina de Moncorvo e continua a explorar todas as soluções possíveis para viabilizar a continuidade do projeto”.
“Nos últimos meses, a empresa tem conduzido uma análise detalhada das opções disponíveis, tendo em conta as mudanças no setor siderúrgico e os desafios colocados pela transição energética”, acrescentando que a “recente crise dos projetos de hidrogénio verde, que levou ao reajuste ou cancelamento de várias iniciativas em todo o mundo, demonstrou que a transição para o aço verde será um processo mais longo e complexo do que inicialmente previsto”.
Assim, “a Aethel Mining está atenta a esta nova realidade e tem estado a analisar diferentes cenários para garantir que a mina de Moncorvo seja um ativo competitivo no longo prazo”. A empresa diz que tem “trabalhado ativamente com reguladores, especialistas do setor e parceiros estratégicos para identificar soluções que permitam recuperar e expandir o projeto”, salientando o papel da câmara municipal, do Governo e dos reguladores.
“A comunidade tem sido um dos pilares fundamentais da nossa visão para o futuro da mina”, aponta, falando numa “mineração responsável” feita “em sintonia com as pessoas, gerando benefícios tangíveis para a economia local e promovendo o bem-estar social”, como a “criação de emprego, investimento na modernização da infraestrutura local e apoio a iniciativas que impulsionem o desenvolvimento da região”.
Em janeiro de 2024, a Aethel recebeu parecer desfavorável ao Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE) relativo à fase definitiva do projeto, mas em fevereiro reafirmou o seu compromisso com o projeto, rejeitando vendas. O projeto mineiro instalado no cabeço da Mua, em Torre de Moncorvo, foi retomado no dia 13 março de 2020, após 38 anos de abandono, com um investimento previsto de 550 milhões de euros para os próximos 60 anos.
As minas de ferro de Torre de Moncorvo foram a maior empregadora da região na década de 1950, chegando a recrutar 1.500 mineiros. A exploração de minério foi suspensa em 1983, com a falência da Ferrominas.
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