Galp continua sem pressa para vender ativos na Namíbia, mas é a “solução natural”
"É claro para nós que não estamos com pressa. Apesar de o farm down ser a solução natural no futuro, não há calendário final nesta fase", afirma a co-CEO, Maria João Carioca.
A Galp continua sem pressa para encontrar um parceiro para o projeto de exploração na Namíbia, afirma a co-CEO Maria João Carioca. A nova administração mantém, desta forma, a posição que já havia sido veiculada pelo ex-CEO, Filipe Silva, de que a petrolífera prefere não apressar a venda destes ativos.
“Continuamos a procurar a solução que nos dê a certeza de que retiramos valor do ativo. Tendo em conta a respetiva dimensão e potencial, acreditamos que a venda parcial [farm down] é, obviamente, uma solução natural“, introduziu Maria João Carioca.
A co-CEO da Galp falava numa chamada com analistas, no rescaldo da apresentação de resultados da Galp, que foram divulgados esta segunda-feira de manhã. “É claro para nós que não estamos com pressa. Apesar de o farm down ser a solução natural no futuro, não há calendário final nesta fase. Faremos por, com certeza, ter uma parceria que alinhe incentivos com um parceiro futuro. E é esse o nosso foco agora”, concluiu.
A Galp detém uma posição de 80% num bloco de exploração de petróleo na Namíbia, cujo potencial comercial despertou a atenção de gigantes do setor desde que foi divulgado, em abril do ano passado. A petrolífera assumiu que pretendia manter uma posição significativa, mas foi noticiado pelos meios internacionais que a empresa portuguesa estaria a considerar vender uma fatia de 40% destes ativos.
Os analistas questionaram ainda a Galp sobre as conclusões que a empresa conseguia, de momento, retirar dos trabalhos de prospeção que estão a decorrer na Namíbia. Carioca afirmou que estão ainda a ser recolhidos dados e que estão a começar a agregar aqueles que já possuem e a analisá-los.
De momento, a petrolífera está na quinta perfuração do complexo petrolífero na Namíbia e, de acordo com o vídeo de apresentação de resultados partilhado esta manhã, a empresa espera ter resultados em relação a esta prospeção ainda este mês.
2025 com perspetivas em baixa. Melhora em 2026
A Galp espera atingir um EBITDA de, pelo menos, 2,5 mil milhões de euros em 2025, comparando em baixa com os 3,297 milhões de euros em 2024. Já a previsão da empresa para o cashflow operacional é de 1,6 mil milhões de euros em 2025, também abaixo dos 2,1 mil milhões atingidos em 2024. Em 2026, com “menos ventos contrários”, o cash flow operacional deverá ascender a 2,6 mil milhões de euros, que seria uma subida de 20% em relação a 2024, contabilizou Maria João Carioca, num vídeo explicativo dos resultados.
Em 2025, a produção do grupo deverá cifrar-se nos 105 mil barris por dia. “Ligeiramente” abaixo dos níveis de 2024 na sequência de um processo de manutenção extraordinário que decorrerá este ano. Em 2026, a normalidade deverá regressar às operações e a produção deve aumentar, segundo foi partilhado no mesmo vídeo.
Em relação ao investimento líquido (net CAPEX) a previsão é que fique abaixo dos 800 milhões em 2025 e 2026, sendo 65% dirigido ao crescimento. Ficam abaixo da anterior fasquia de mil milhões de euros, refletindo a “disciplina” financeira da empresa, justificou a CEO. No entanto, ressalva que 2025 deverá ser um ano “mais pesado” em termos de investimento, tendo em conta a aceleração no projeto de exploração de gás no Brasil, o Bacalhau.
Já no que respeita aos projetos de combustíveis sustentáveis para aviação e de hidrogénio, as operações deverão iniciar-se em 2026, confirma a responsável. A empresa procurará oportunidades no armazenamento e hibridização dos respetivos projetos, admitindo que, no que diz respeito aos projetos solares, houve uma “adaptação” às condições de mercado.
Novo CEO só daqui a seis meses, “pelo menos”
Quanto ao processo de recrutamento de um novo CEO para a Galp deverá demorar, pelo menos, seis meses, adiantou o co-CEO João Diogo Marques da Silva, durante a mesma conference call.
O gestor, que divide para já a liderança interina da petrolífera com Maria João Carioca, após a saída de Filipe Silva, assegurou que a equipa está focada no trabalho.
“Temos um grande apoio do Conselho de Administração”, adiantou, assegurando que “há um processo de recrutamento competitivo em andamento, para avaliar candidatos internos e externos”.
“Sabemos que [o processo de recrutamento] irá levar pelo menos seis meses”, indicou ainda.
(Notícia atualizada às 12:54 com mais informação)
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