Investimento de 28 milhões ‘escancara portas’ à produção da Vicaima em Vale de Cambra

Projeto da empresa detida pela família Costa Leite inclui modernização de equipamentos e “forte poupança energética”. Cria 32 empregos e reforça em 30% a capacidade de produção de portas de interior.

Complexo industrial da Vicaima em Vale de Cambra

O investimento de 28 milhões de euros que a Vicaima está a fazer em Vale de Cambra — um dos contratualizados pela AICEP no ano passado, num valor total de 420 milhões de euros em seis áreas de atividade — vai permitir à empresa detida pela família Costa Leite aumentar em 24% o volume de negócios e a capacidade produtiva “na ordem dos 30%”, viabilizando a resposta a “pedidos de maior escala” e o desenvolvimento de “novos produtos com maior eficiência”.

Em entrevista ao ECO, Filipe Ferreira, administrador da Vicaima Indústria, explica que o projeto iniciado em 2024 e a concluir no próximo ano engloba a atualização tecnológica de vários equipamentos e processos produtivos através da robotização e automação. Contempla ainda uma “forte poupança energética” com a redução de 22% das emissões de CO2 e faz com que as inovações saídas de projetos de investigação e desenvolvimento (I&D) passem a ter um “aparelho produtivo capaz de as materializar”.

Ao nível da criação de emprego, este investimento enquadrado no projeto Vicaima 4.0 irá acrescentar 32 novos postos de trabalho, dos quais 11 são qualificados, aos 620 que compõem atualmente o efetivo da produtora de soluções de portas de interior, aros, roupeiros, painéis e peças para mobiliário. Paralelamente, destaca o também chief sustainability officer (CSO) do grupo Vicaima, “haverá um impacto positivo na capacitação da força de trabalho, através de formações focadas na adaptação às novas tecnologias e metodologias introduzidas”.

Com este projeto, a capacidade produtiva da Vicaima irá aumentar de forma bastante significativa, na ordem dos 30%. A capacidade adicional será importante para fortalecer o posicionamento competitivo no mercado, permitindo-nos responder a pedidos de maior escala e desenvolver novos produtos com maior eficiência.

Filipe Ferreira

Administrador da Vicaima Indústria

Em 2024, a faturação do negócio portas atingiu os 81 milhões de euros, representando uma “contribuição significativa” para a Vicaima Madeiras, que fechou o ano passado com um volume de negócios global próximo dos 115 milhões, acima dos 110 milhões no ano anterior. Com clientes na hotelaria, habitação e serviços (educação, saúde ou comércio), as exportações para mais de 30 países valem 90% das vendas, com destaque para o Reino Unido (quota de 33%) e Espanha (12%). E os mercados extraeuropeus sustentam já um terço das receitas da empresa nortenha.

Este investimento vai ser apoiado pelo Estado com quatro milhões de euros, que serão financiados exclusivamente por verbas de “fundos nacionais”, como avançou ao ECO fonte oficial do Compete, que em conjunto com a AICEP foi responsável pela gestão, acompanhamento e execução deste dossiê. Questionado sobre as contrapartidas públicas que foram negociadas, o porta-voz da empresa respondeu que “como é habitual em projetos desta dimensão, passam pela atribuição de um apoio financeiro condicionado ao atingimento dos objetivos contratualizados”, notando que o projeto “exige uma contribuição significativa por parte da Vicaima”.

Expansão em Portugal e fábrica no Reino Unido

Fundada por Álvaro Pinho da Costa Leite — filho primogénito do histórico empresário Arlindo Soares de Pinho e irmão mais velho de Ilídio Pinho –, a empresa nasceu em 1959 como a “Florestal” dedicada à comercialização de materiais para carpintaria e construção civil e, volvidos apenas cinco anos, assume a designação Vicaima Industrial e inicia a produção de portas.

Liderado atualmente por Arlindo Costa Leite – os irmãos Humberto e Gabriela são os outros dois herdeiros — este negócio mantém-se na posse da família, que detém outros ativos como a participação na Almina (Minas de Aljustrel), que partilha com os irmãos Carlos e Jorge Martins, fundadores e acionistas da Martifer. O património familiar está avaliado pela Forbes em 381 milhões de euros, ocupando a 36º posição no ranking das maiores fortunas do país.

Em Portugal, o parque industrial da Vicaima está concentrado em Vale de Cambra, com Filipe Ferreira a assumir que o grupo está “continuamente à procura de oportunidades” e “todos os projetos que se afigurem como relevantes para o trajeto [de crescimento] merecerão atenção e análise”. Já fora do país tem há mais de três décadas uma “importante” unidade industrial no Reino Unido (Swindon) e não tem “neste momento planeada a expansão industrial para novas localizações”.

“A nossa estratégia concentra-se em otimizar e expandir as operações das unidades existentes, ao mesmo tempo que exploramos novas oportunidades de mercado por meio de parcerias estratégicas e inovação. De qualquer modo, estamos no mercado global, atentos a oportunidades”, resume o administrador da Vicaima Indústria.

Filipe Ferreira, administrador da Vicaima Indústria e CSO do Grupo Vicaima

A empresa portuguesa conta ainda com filiais no Reino Unido desde 1988 e em Espanha desde 1991. Correspondem aos principais mercados de exportação e “foram e são verdadeiramente fundamentais na estratégia de internacionalização e de proximidade aos clientes”, descreve Filipe Ferreira.

Sobre a possibilidade de abrir outras estruturas semelhantes no estrangeiro, o gestor nortenho aponta o foco a “maximizar o desempenho das unidades já estabelecidas” e “consolidar e reforçar a posição nesses mercados, garantindo que as estruturas existentes continuem a responder com excelência às exigências dos clientes”.

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