Portugal assume comando de força multinacional de reação rápida pela primeira vez
O Battlegroup da União Europeia terá um efetivo cerca de 1.500 militares, dos quais 1.100 portugueses, integrando ainda militares de Espanha, França, Itália e Roménia.
Portugal, através da Brigada Mecanizada, vai assumir pela primeira vez o comando de um Battlegroup da União Europeia (EUBG), uma força multinacional de reação rápida pronta para responder a crises internacionais, momento considerado “histórico” pelo Exército.
“É, de facto, o primeiro, e um reconhecimento internacional, segundo, o reconhecimento nacional também da nossa capacidade, mas mais importante ainda, para o Exército, é recuperar os saberes do escalão brigada”, disse esta segunda-feira à Lusa o chefe de Estado Maior do Exército (CEME), no Campo Militar de Santa Margarida (CMSM),em Constância, (Santarém).
O general Mendes Ferrão lembrou que “é isso que a NATO solicita a Portugal, que tenha uma brigada completa, pronta para ser empregue” no quadro daquela aliança. Tendo feito notar que “há anos” que o Exército tem estado “a projetar unidades escalão batalhão e companhia”, o general apontou à necessidade de “trabalhar o escalão brigada, pronta para ser empregue no quadro daquela aliança, como, aliás, já teve no passado”.
Mendes Ferrão falava no final de uma visita ao exercício Taurus, de aprontamento para assumir o comando de um EUBG, força que será composta por cerca 1.500 militares de vários países.
“Esta é uma força que é aprontada no âmbito da União Europeia (UE) e materializa um compromisso forte de Portugal, das Forças Armadas e do Exército, no reforço do pilar europeu militar de segurança e defesa e está à disposição da UE para o cumprimento das missões de estabilização e operações de resposta à crise, não é uma força para operações de combate”, notou.
A força é conjunta, integrando militares do Exército, da Marinha e da Força Aérea, e também combinada, porque integra contingentes da Itália, Roménia, Espanha e França, servindo o CMSM como centro de treinos e certificação de algumas das componentes dessa força, e que culminará em maio com o exercício Orion, onde será testada a integração total das forças e meios do EUBG.
“Sendo um exercício conjunto e combinado, traz-nos um acréscimo de capacidade de operar com os nossos aliados, de operar com os outros ramos, que é muito importante nos tempos de hoje”, frisou Mendes Ferrão, tendo assegurado que o EUBG não afeta os compromissos assumidos com a NATO.
“Este compromisso [com a segurança europeia] em nada afeta aqueles que são os outros compromissos que o Exército tem com a NATO e a ONU para outras operações, nomeadamente com a força que já temos na Roménia, uma companhia mecanizada e um grupo de operações especiais, e também a força que temos na Eslováquia, que neste momento está com um pelotão, com cerca de 30 militares, e vai crescer já em junho, com cerca de 120 militares”, declarou.
Tal, frisou, “mostra bem o compromisso que Portugal tem, quer com a União Europeia, quer com a NATO, mas sobretudo naquilo que é o interesse português e das Forças Armadas de reforçar a sua capacidade de resposta militar no âmbito destas duas organizações, e, neste caso, reforçando o pilar europeu”.
O exercício Taurus, que envolve 569 militares e 105 viaturas, é focado no comando e controlo, ou seja, no posto de comando do EUBG que Portugal vai assumir em julho, sendo a força comandada pelo Brigadeiro-General Luís Calmeiro, atual comandante da Brigada Mecanizada.
O EUBG terá um efetivo cerca de 1.500 militares, dos quais 1.100 portugueses, integrando ainda militares de Espanha, França, Itália e Roménia.
A 1 de julho de 2025 Portugal assume um nível de prontidão de 30 dias e, de 1 de janeiro de 2026 a 1 de julho de 2026, o nível de prontidão da força será de 05 a 10 dias com vista ao seu emprego em caso de necessidade, tendo o general CEME destacado a importância do CMSM “enquanto polo agregador de capacidades no âmbito do aprontamento de forças, centro de testagem e desenvolvimento de soluções tecnológicas no âmbito da defesa, quer ao nível nacional como Internacional”.
“O primeiro é recursos humanos, e nós felizmente estamos a conseguir inverter o ciclo de diminuição do efetivo. O outro desafio que se põe tem a ver com o reequipamento, quer no âmbito da lei de programação militar, quer agora neste quadro de aumento das despesas com defesa, até aos 2 % do PIB”, apontou.
“O Exército tem muito claro as necessidades que tem e tem algumas capacidades críticas que têm que ser reforçadas no mais curto espaço de tempo, no domínio da proteção com a artilharia antiaérea, no domínio dos fogos, de renovar a sua capacidade de artilharia de campanha, no domínio das comunicações e sistemas de informação, e também no domínio da substituição das viaturas blindadas”, elencou.
Instado a comentar os três anos sobre a invasão da Ucrânia, o CEME disse “lamentar a guerra” (…) um “fenómeno muito doloroso para todos” e afirmou o “apoio incondicional” a Kiev e disse “acompanhar com muita atenção aquilo que se lá passa”.
“Temos aprendido e introduzido muitos ensinamentos que, do ponto de vista técnico e tático, têm sido recolhidos durante este conflito”, concluiu.
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