Von der Leyen e Costa chegam a Kiev para assinalar 3º aniversário da invasão. “A Ucrânia é a Europa”

  • ECO e Lusa
  • 7:37

"Nesta luta pela sobrevivência, não é apenas o destino da Ucrânia que está em causa. É o destino da Europa", afirma a líder da Comissão Europeia, que vai acelerar entrega imediata de armas e munições.

Os líderes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu já chegaram a Kiev, onde irão manifestar apoio à Ucrânia e ao Presidente Volodymyr Zelensky, por ocasião do terceiro aniversário da invasão russa.

“Estamos hoje em Kiev porque a Ucrânia é a Europa. Nesta luta pela sobrevivência, não é apenas o destino da Ucrânia que está em causa. É o destino da Europa”, afirmou a presidente da Comissão Europeia.

Ursula von der Leyen falava numa mensagem publicada nas redes sociais, acompanhada de um vídeo da chegada de comboio a Kiev ao lado do presidente do Conselho Europeu, o português António Costa.

A presidente da Comissão Europeia chegou acompanhada também por 24 dos seus 27 comissários e foi recebida na estação pelo chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andriy Sibiga.

No comboio, a caminho de Kiev, von der Leyen defendeu que a União Europeia deverá acelerar a entrega imediata de ajuda militar à Ucrânia nas próximas semanas.

A chefe da Comissão Europeia prometeu ainda apresentar “muito em breve” um plano abrangente sobre como aumentar a produção de armas e as capacidades de defesa da UE, do qual a Ucrânia também beneficiaria.

Entretanto, também o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recorreu à redes sociais para elogiar a resistência da Ucrânia, no terceiro aniversário da invasão russa, num dia em que vários líderes estrangeiros chegaram a Kiev para reafirmar o apoio ao país.

“Três anos de resistência. Três anos de gratidão. Três anos de absoluto heroísmo dos ucranianos”, escreveu Zelensky, agradecendo “a todos aqueles que defendem e apoiam” a Ucrânia.

A visita de von der Leyen e Costa surge numa altura em que Zelensky, que tem sido alvo de críticas por parte do homólogo dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump.

Na semana passada, o Presidente dos EUA considerou que Volodymyr Zelensky era “um ditador” sem legitimidade democrática e acusou-o de começar a guerra e de fomentá-la, coincidindo com a narrativa utilizada pelo Kremlin (presidência russa) para justificar a invasão e destoando da postura da Casa Branca durante o Governo do democrata Joe Biden (2021-2025).

A administração dos EUA também considerou que “são irrealistas” os desígnios de Kiev de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e de recuperar o território ocupado pela Rússia desde 24 de fevereiro de 2022, nomeadamente a partes das províncias de Donetsk e de Lugansk e a península da Crimeia (ocupada desde 2014).

Em simultâneo, Washington e Moscovo avançaram com reuniões preliminares para esboçar um cessar-fogo e um acordo de paz, que foi amplamente criticado pela União Europeia (UE) e pela Ucrânia, por excluir o país invadido e os países daquele continente, que sentiram os efeitos imediatos do conflito, nomeadamente, o êxodo de cidadãos ucranianos e as consequências socioeconómicas.

Apesar de não estar disponível o roteiro que Ursula von der Leyen e António Costa farão em Kiev, é expectável que ocorra um encontro com o Presidente ucraniano e uma cerimónia para homenagear os militares e a população civil que morreram nos últimos três anos.

António Costa esteve na Ucrânia no dia 01 de dezembro de 2024, coincidindo com o início do seu mandato na liderança do Conselho Europeu.

Entrega imediata de mais armas e munições a Kiev

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou esta madrugada que a União Europeia deverá acelerar a entrega imediata de ajuda militar à Ucrânia nas próximas semanas. “Devemos acelerar a entrega imediata de armas e munições [à Ucrânia]. E esse será o foco do nosso trabalho nas próximas semanas”, disse von der Leyen a um grupo de jornalistas, a caminho de Kiev.

A chefe da Comissão Europeia prometeu ainda apresentar “muito em breve” um plano abrangente sobre como aumentar a produção de armas e as capacidades de defesa da UE, do qual a Ucrânia também beneficiaria.

A Ucrânia tem uma indústria de defesa “altamente inovadora e próspera”, o que deverá reforçar a resiliência da União Europeia, à medida que os 27 membros assumem “mais responsabilidade pela sua própria segurança”, acrescentou a antiga ministra da Defesa alemã.

Von der Leyen enfatizou ainda que a UE preparou um pacote energético ambicioso, que aumentará a segurança energética tanto para a Ucrânia como para a União Europeia. O objetivo, disse, é integrar totalmente os mercados de electricidade da Ucrânia e da Moldávia com o mercado de electricidade da UE até ao final de 2026.

A presidente da Comissão Europeia sustentou que “uma Ucrânia livre e soberana é do interesse de todo o mundo” e alertou que a UE aumentará “as sanções punitivas” contra a Rússia, a menos que Moscovo demonstre “uma vontade real de alcançar um acordo de paz duradouro”.

Nos últimos dias, líderes europeus esforçaram-se por estruturar uma resposta às mudanças políticas do novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, face à guerra na Ucrânia e criar um mecanismo para continuar a apoiar Kiev se a ajuda de Washington falhar.

O envolvimento de Trump com autoridades russas e o seu acordo para retomar laços diplomáticos e a cooperação económica com Moscovo, demonstrados nas últimas semanas, marcaram uma reviravolta dramática na política dos EUA que abalou os líderes na Ucrânia e toda a Europa.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu no domingo que pode ser forçado a assinar um acordo económico com Washington, que garantiria a continuidade da ajuda à Ucrânia em troca de os Estados Unidos explorarem minerais raros no país. “Se as condições são: ‘não lhe daremos ajuda se não assinar um acordo’, então fica claro”, disse Zelensky durante uma cerimónia a assinalar três anos da invasão russa.

Rangel adverte EUA que UE tem “palavra a dizer” nas negociações

Entretanto, também o ministro dos Negócios Estrangeiros português defendeu que a União Europeia (UE) “tem uma palavra a dizer” em quaisquer negociações para um cessar-fogo e um acordo na Ucrânia, admitindo que só assim pode ser uma “paz justa”.

“A UE e outros países europeus têm uma palavra a dizer no plano negocial”, disse Paulo Rangel, à entrada para uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco comunitário, em Bruxelas, capital da Bélgica e onde estão localizadas as principais instituições da União Europeia.

O governante português acrescentou que no plano que seja esboçado para um cessar-fogo e um eventual acordo de paz, estão incluídas as “garantias de segurança dos países europeus” e também um “esforço financeiro enorme” na reconstrução do país invadido pela Ucrânia há precisamente três anos. “Isso não é possível, nem faz sentido, sem envolver a UE”, sustentou Paulo Rangel.

Os ministros com a pasta da diplomacia da UE reúnem-se em Bruxelas para discutir, entre outros temas, o conflito na Ucrânia, três anos depois de a Rússia iniciar uma invasão que culminou na ocupação de porções significativas das regiões do Donetsk e de Lugansk (a península da Crimeia foi invadida em 2014). Em causa, na reunião de hoje, estão também as negociações preliminares com a Rússia feitas pelos Estados Unidos da América (EUA), que excluíram a Ucrânia e a União Europeia.

Numa mensagem publicada no portal da Presidência da República na Internet, quando se assinala o terceiro aniversário da invasão da Ucrânia, Marcelo Rebelo de Sousa lembra que na madrugada de 24 de fevereiro de 2022 a Ucrânia “foi surpreendida pelo início da violenta invasão da Federação Russa”.

Marcelo: “Paz só poderá ser alcançada com a plena participação da Ucrânia”

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, salienta que Portugal vai continuar a apoiar a Ucrânia pelo tempo que for necessário e que uma paz justa e duradoura só pode ser alcançada com a plena participação dos ucranianos.

“O Presidente da República, hoje, como há três anos, condena inequivocamente a guerra injusta e ilegal da Rússia, perpetrada em violação flagrante da integridade territorial e soberania da Ucrânia, do Direito Internacional e da Carta das Nações Unidas. Portugal reitera o seu apoio à Ucrânia, pelo tempo que for necessário, e continua ao seu lado no caminho para a adesão à União Europeia e nas aspirações de pertença à NATO”, lê-se nesta mensagem.

Em relação à situação atual nos campos militar e diplomático, o chefe de Estado “presta homenagem à resistência e resiliência do corajoso povo ucraniano, apoiando os seus legítimos anseios por uma paz justa e duradoura”. “Paz que só poderá ser alcançada com a plena participação da Ucrânia”, acentua o Presidente da República.

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