Bayrou quer despesas militares excluídas das regras europeias de défice
O primeiro-ministro francês diz-se a favor de uma aliança militar à escala europeia, sem os Estados Unidos, defendendo que é “a única solução concebível”.
O primeiro-ministro francês, François Bayrou, defendeu esta quinta-feira a exclusão das despesas militares das regras europeias relativas ao défice, numa entrevista ao jornal Le Fígaro, observando que, “em circunstâncias perigosas”, o país fez grandes esforços em matéria de defesa.
“Partilho das ideias daqueles que dizem que, em circunstâncias tão perigosas, as despesas militares devem ser excluídas das regras europeias do défice”, afirmou Bayrou, defendendo que a França “fez esforços que outros não fizeram, ao desenvolver a sua indústria de defesa”. Segundo o primeiro-ministro francês, essa aposta do país em matéria de defesa “trata-se de um trunfo considerável”.
O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), que vincula os países que utilizam o euro como moeda única, exige que os Estados-membros da União Europeia (UE) limitem o seu défice público a 3% do produto interno bruto (PIB), salvo em circunstâncias excecionais. A França não tem cumprido cronicamente este requisito da UE e está sujeita ao procedimento por défice excessivo, que pode levar a sanções europeias.
Depois de um défice público previsto de cerca de 6% do PIB em 2024, o antigo primeiro-ministro Michel Barnier tinha como objetivo reduzi-lo para 5,0% do PIB em 2025, antes de o seu Governo ter caído, na sequência de uma moção de censura, em 4 de dezembro. Já o sucessor no cargo, François Bayrou, tem como objetivo 5,4% em 2025, ainda acima do limite da UE.
Os europeus estão sob pressão após a eleição do Presidente norte-americano Donald Trump, que os incita a aumentar o seu orçamento de defesa e retomou as conversações com a Rússia para pôr fim ao conflito na Ucrânia, invadida pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022. No início de janeiro, Trump afirmou que os países membros da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) deveriam aumentar os seus orçamentos de defesa para 5% do PIB.
Na mesma entrevista ao Le Fígaro, Bayrou diz-se a favor de uma aliança militar à escala europeia, sem os Estados Unidos, defendendo que é “a única solução concebível”.
“A necessidade é a lei, antes de mais para todos aqueles que acreditavam que a sua segurança seria sempre garantida pelos Estados Unidos”, declarou. Na próxima segunda-feira, a Assembleia Nacional francesa vai debater a situação na Ucrânia e a segurança na Europa, e no dia seguinte será a vez do Senado francês.
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