Indústria do futebol rende 268 milhões de euros ao Estado

Receitas do futebol profissional superaram pela primeira vez 1.000 milhões de euros. Estudo da EY estima contributo de 0,25% para o PIB e faz contas a empregos, salários e transferências de jogadores.

A indústria do futebol pagou 268 milhões de euros ao Estado na última época desportiva. Entre IRS, Segurança Social, IRC e outros impostos, as contribuições fiscais subiram 18%, equivalente a 40 milhões de euros adicionais, face à temporada anterior, com a primeira divisão (Liga Portugal Betclic) a concentrar 89% do impacto fiscal apurado pela EY na 8ª edição do Anuário do Futebol Profissional Português.

De acordo com este relatório, que retrata o impacto económico, cultural e social da indústria, o volume de negócios agregado destas sociedades desportivas ascendeu a 1.073 milhões de euros na época 2023-24, chegando pela primeira vez na história aos dez dígitos. A Liga Portugal, que recentemente deixou de ser liderada por Pedro Proença, registou o novo ano consecutivo de resultados positivos: 29 milhões em receitas e lucros de 774 mil euros.

Fonte: Liga Portugal | Nota: sociedades desportivas ordenadas por ordem decrescente de acordo com as receitas de direitos audiovisuais

Apesar de a estimativa de contributo para o PIB português ter descido de 667 para 662 milhões de euros, no estudo apresentado esta quinta-feira no Porto, o country managing partner da EY, Miguel Farinha, salientou ter sido um valor equivalente a cerca de 0,25% da riqueza nacional – e “contribui para uma taxa de crescimento anual composta de 8% desde a época 2019-20, o que reflete a resiliência e a afirmação do setor”.

“Os dados sublinham o peso crescente do futebol profissional na economia nacional, o que deve servir de referência ao poder político, a quem cabe um papel relevante na garantia de condições justas para assegurar a competitividade do setor”, sublinha Helena Pires, presidente interina da Liga Portugal, completando que esta indústria é atualmente “mais sólida e coesa” e “investe na formação de mais e melhores quadros, desde a base até ao topo”.

Fonte: Liga Portugal | Nota: não estão incluídos os dados de emprego do Länk Vilaverdense por falta de informação

A estrutura organizadora e as sociedades que disputam as provas profissionais asseguram mais de 4.000 empregos. O destaque vai para a primeira divisão (73% do total), com 989 jogadores, 322 treinadores e 1.928 funcionários afetos às áreas de suporte, gestão e administração. Incluindo nas contas também a Liga Portugal e a prova secundária, de uma época para a outra, os salários pagos dispararam de 364 para 424 milhões de euros, com a ‘fatia de leão’ (70%) a ficar no bolso dos futebolistas.

Transferências com saldo de 151 milhões

O 8ª Anuário do Futebol Profissional Português faz também as contas ao mercado de transferências, com 377 jogadores a entrarem e 364 a saírem, num saldo positivo de 151 milhões de euros. Se, por um lado, diminuiu (-1 p.p.) o peso dos negócios entre as sociedades desportivas da Liga Portugal Betclic e ainda mais (-2 p.p.) os que vieram da Liga Portugal 2 Meu Super, continuou a aumentar o peso das transações com ativos provenientes de campeonatos estrangeiros (+3 p.p.).

Segundo o balanço apresentado neste estudo da EY, em 2023-24 foram transferidos 230 jogadores da Liga Portugal Betclic para ligas estrangeiras (63% do total), o que “comprova a internacionalização do futebol português”. As saídas desses futebolistas para outros países ascenderam a 361 milhões de euros, correspondendo a 90% do valor global. Sem surpresa, o verão foi o período mais ativo: concentrou 75% de todas as saídas da época 2023-24.

A centralização dos direitos audiovisuais prevista para 2028 aumentará a relevância económica do futebol, que se tornará ainda mais competitivo a nível internacional.

Miguel Cardoso Pinto

Partner da EY

Do relvado para as bancadas, houve mais 10% de adeptos a ‘ir à bola’, num total de 4,2 milhões de pessoas, das quais 3,7 milhões para verem jogos da principal prova nacional, conquistada pelo Sporting Clube de Portugal. Com uma progressão de 15 pontos percetuais em relação à temporada anterior, a ocupação média subiu para 66% na Liga Betclic, muito acima da percentagem (23%) verificada na prova secundária e que teve o Clube Desportivo Santa Clara como vencedor.

Miguel Cardoso Pinto, partner da EY e líder da área de Strategy and Transactions, contextualiza que “as mais de 4 milhões de presenças nos estádios recordam que não estamos a falar apenas de um jogo, mas de união, cultura, economia e inovação”. Porém, citado em comunicado, o especialista frisa que a centralização dos direitos audiovisuais prevista para 2028 fará o setor “aumentar a sua relevância económica e tornar-se ainda mais competitivo a nível internacional”.

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