Lucros da Fidelidade caem 4% para 173 milhões de euros. Operação no Peru foi a mais rentável
Os resultados líquidos globais do grupo Fidelidade refletem o negócio positivo de seguros e da Luz Saúde e 85 milhões de perdas no imobiliário. Vendas subiram e quotas de mercado foram reforçadas.
O grupo Fidelidade vai apresentar lucros de 173,5 milhões de euros na próxima assembleia geral a realizar no dia 9 de abril. Depois de terem recebido 400 milhões de euros de dividendos no ano passado, os acionistas Fosun e Caixa Geral de Depósitos podem receber 85% e 15%, respetivamente, dos 85,7 milhões de euros que a administração se propõe atribuir com base na existência nas contas da empresa de uma reserva livre superior a 687 milhões no final de 2024.
No entanto, estes valores representam para o presidente Jorge Magalhães Correia e para o CEO, Rogério Campos Henriques, uma rentabilidade abaixo das “expectativas, refletindo o impacto que a evolução das taxas de juro teve quer na valorização dos investimentos imobiliários quer na rentabilidade do negócio Vida Financeiro”.
Repartindo as áreas de atuação foi o imobiliário que fez perder 85 milhões de euros ao grupo durante o ano passado, com prejuízos em 10 das 16 empresas desta atividade que investem primordialmente na Europa.
A Luz Saúde contribuiu com um resultado líquido positivo de 37,7 milhões de euros para o grupo, representando um crescimento de 21%. As receitas da Luz saúde subiram 10%, para os 730 milhões de euros.
Nos seguros, a adição de resultados líquidos – antes de interesses minoritários – atingiu 221 milhões de euros, com as contas individuais da Fidelidade em Portugal e das suas sucursais em França, Luxemburgo e Espanha, a contribuírem com apenas 11,4 milhões de euros.
A Fidelidade justifica esta quebra de 86% face a 2023, como “reflexo de uma redução não apenas no resultado de investimentos como também no resultado não operacional, e do impacto da diretiva Pilar 2 decorrente de algumas participadas internacionais beneficiarem de um regime fiscal favorável”.
Prós e contras do ano 2024 na Fidelidade
Nas operações, o resultado dos contratos de seguro evoluiu favoravelmente para 366,5 milhões de euros, um aumento de 54,8% face a 2023, refere a Fidelidade no seu relatório. O desempenho foi “motivado pelo aumento dos réditos de contratos de seguro, pela contenção dos níveis de sinistralidade e pelo aumento dos níveis de eficiência com reflexo nos custos alocados aos ramos”.
Com esses fatores, o rácio combinado em 2024 foi de 90,7%, menos 3% – ou seja, melhor que um ano antes –, “demonstrando a robustez das políticas de subscrição de riscos e um elevado nível de eficiência operacional”.
Para além do imobiliário também o resultado não operacional evidenciou um agravamento para -133,2 milhões de euros, “refletindo um aumento nos gastos não atribuíveis, relacionado, entre outros, com os custos decorrentes da emissão de divida que se verificou em 2024”, explica a administração.
O resultado técnico de Vida Financeiro atingiu 35,6 milhões de euros, um aumento de 10% face a 2023, motivado pelo aumento do resultado dos produtos Vida Financeiro com Participação de Resultados, afirma a companhia, enquanto o resultado de investimentos registou um valor de 58,9 milhões de euros, uma diminuição de 15,4%, que reflete “o aumento das taxas garantidas a clientes dos produtos de Taxa Fixa”, explica.
Em consequência, essencialmente, do resultado não operacional, o resultado líquido global registou uma diminuição de 3,8% face a 2023, para 173,5 milhões de euros. No entanto, acrescenta a administração, “se se considerar o desempenho recorrente, ou seja, excluindo impactos não recorrentes e eventos extraordinários relacionados com custos de reestruturação e ativos imobiliários, o resultado líquido ajustado ascendeu a 235 milhões de euros, refletindo um ROE (rentabilidade dos capitais dos acionistas) de 9,4%. Como está nas contas a apresentar corresponde o ROE corresponde a cerca de 7%.
Quase a atingir 10 milhões de clientes
Se a rentabilidade em 2024 não cresceu, o negócio do grupo Fidelidade aumentou 18,5% a nível de global atingindo um volume de prémios de 6.172 milhões de euros. Os ativos sob gestão também subiram 10,3% para 19.161 milhões de euros e produziram 3% de rendimento no ano passado. Também o número de clientes em todo o mundo está em 9,8 milhões.
A nível global o negócio segurador está quase igualmente repartido entre ramos Vida e Não Vida e 70% está em Portugal e 30% em 13 outros países.
Em Portugal, a Fidelidade tem 31% de quota de mercado no ramo Vida e 29,5% nos ramos Não Vida, em 2024 faturou 4.336 milhões de euros, mais 23,7% que um ano antes devido essencialmente à subida de prémios no ramo Vida em 37,6%.
O Peru significa 12% das vendas do grupo através da La Positiva Vida e da Positiva Não Vida em que a Fidelidade entrou em 2019 e tem hoje 93,9% do capital. Neste país, as companhias La Positiva em conjunto resultam no 4º maior grupo segurador em dimensão, com 13,2% de quota de mercado. A contribuição para os resultados líquidos do grupo da operação peruana foi de 155 milhões de euros e, mesmo descontando interesses minoritários, é verificável que foi responsável por 84% de todos os lucros do grupo em 2024.
A Liechtenstein Life Assurance AG é a seguradora Vida que o grupo tem no principado, é a terceira maior geografia com 360 milhões de prémios e significa 5,8% dos negócios globais, mas 12% dos resultados líquidos.
A Bolívia é o quarto maior mercado e o grupo detém 21% de quota de mercado com a Alianza, e é segunda em quota de mercado local seguida, em dimensão de vendas, pelo Chile, França + Luxemburgo, Macau, Espanha, Angola, Moçambique, Paraguai e Cabo Verde, em que é líder de mercado com os 67% de quota da Garantia.
O grupo contava com 14.088 colaboradores no final de 2024, 72% em Portugal – dos quais 6.608 no grupo Luz Saúde – e 28% nas operações internacionais.
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