Carlos Martins ‘salva’ negócio da Inapa em Portugal. Credores votam proposta na terça-feira

Através da holding familiar, Carlos Martins, fundador da Martifer, propõe-se comprar o negócio da distribuidora de papel, assegurando os cerca de 200 postos de trabalho e a atividade da empresa.

Os credores da Inapa Portugal vão votar esta terça-feira a venda da empresa a um investidor nacional. Segundo apurou o ECO, o relatório elaborado pelo administrador Bruno da Costa Pereira vai levar aos credores uma solução que irá permitir salvar o negócio da distribuidora de papel e manter os cerca de 200 postos de trabalho no país.

A solução que será levada à assembleia agendada para esta terça-feira, dia 1 de abril, às 10h30, garantirá a “reserva da totalidade dos postos de trabalho” e atividade da empresa, na distribuição de papel, após meses “muito difíceis”, no âmbito do processo de insolvência da holding Inapa IPG, que forçou a empresa em Portugal a continuar a operar sem acesso a crédito, segundo apurou o ECO junto de fonte próximo do processo.

O ECO apurou que o comprador do negócio da Inapa em Portugal se trata de um grupo industrial português, através da holding familiar, que não pertence ao setor, mas já tem experiência em recuperar empresas em dificuldades.

Entretanto, o Jornal de Negócios escreveu que se trata da Black and Blue Investimentos, de Carlos Martins. O chairman da Martifer, que oferece 600 mil euros pelos ativos da distribuidora de papel e da Comunicação Visual, assim como de 100% do capital da Inapa Packaging. Contactado, o empresário recusou fazer comentários.

A proposta para vender a empresa a um investidor nacional surge depois de a companhia ter falhado o plano de revitalização da empresa.

Em declarações à agência Lusa no passado dia 23 de janeiro, o administrador judicial da Inapa Portugal Distribuição de Papel tinha já avançado que, face à inviabilização de um plano de revitalização, a insolvência seria o caminho para “salvar o negócio” da empresa. “Acredito que é possível salvar o negócio e não sair do mercado, porque a empresa continua a vender”, afirmou, na altura, Bruno Costa Pereira.

Segundo explicou, então, “a insolvência garante que a empresa se mantém debaixo do regime de proteção judicial, com a capacidade de continuar a operar sem a disrupção que poderia ser trazida pelo facto de ter dívidas que não foram reestruturadas no âmbito do PER [Processo Especial de Revitalização] e a consequente possibilidade de os credores poderem agir de forma isolada contra a empresa”.

A Inapa Portugal foi arrastada pela insolvência do grupo no passado dia 29 de julho, depois de a empresa ter comunicado, no dia 21 de julho, que o colapso na Alemanha era inevitável, uma vez que não conseguiu aprovação da Parpública, o seu maior acionista, para uma injeção de emergência de 12 milhões de euros, o que teria repercussão na atividade da holding, puxando-a também para a falência.

A antiga gestão da Inapa IPG, liderada por Frederico Lupi, atirou responsabilidades para a Parpública, o maior acionista, com 44,89%, do capital, mas o antigo presidente da Parpública e o Governo rebateram, no final de janeiro, no Parlamento, as afirmações dos gestores.

À imagem do que já tinha adiantado o ex-presidente da Parpública, Realinho de Matos, numa audição anterior, João Silva Lopes garantiu que “da parte da Inapa não foi apresentado qualquer estudo de viabilidade, nem provas que o Estado iria recuperar o dinheiro“. O mesmo em relação à oferta informal dos japoneses da JPP, a qual “não chegou de forma concreta e formal”.

Quanto ao modo como se desenrolou o processo, “apenas no dia 12 de julho o Governo teve conhecimento de toda esta situação iminente de rutura de tesouraria”, na sequência da suspensão de negociação das ações por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários no dia 11 de julho.

Sobre a situação da Inapa Portugal, o secretário de Estado garantiu, na mesma ocasião, que o Governo estava a acompanhar todo o processo e “tanto quanto é conhecimento da Parpública não há qualquer dívida de salários aos trabalhadores“.

O governante afiançou ainda que a situação dos trabalhadores vai continuar a ser acompanhada pelo Executivo, através da Parpública, que estava em contacto com o administrador do processo de insolvência da empresa.

(Notícia atualizada às 20h com a identidade do comprador)

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