Exclusivo Mercados “não alteram foco estratégico” da Fidelidade. Continua a preparar IPO
Fonte oficial diz ao ECO que seguradora continua o processo interno e que nunca viu um IPO em 2025. Evolução dos mercados não altera o foco estratégico, vinca.
A seguradora Fidelidade continua a preparar uma Oferta Inicial Pública (IPO na sigla em inglês), disse fonte oficial ao ECO, sublinhando que as recentes quedas nos mercados não alteram o foco da empresa.
“A Fidelidade prossegue o seu processo interno de preparação, iniciado há vários anos, com o objetivo de reforçar a eficiência operacional, a qualidade do serviço ao cliente e o alinhamento com as melhores práticas internacionais em termos de rácios de eficiência” referiu a fonte.
“Nunca foi anunciada qualquer data para um eventual IPO, tendo sempre sido comunicado que tal não ocorreria em 2025“, explicou. “A evolução dos mercados não altera o foco estratégico da companhia, centrado no reforço sustentado da sua operação”.
O analista João Queiroz considera que, perante o atual contexto de instabilidade económica, a “retração no apetite pelo risco e deterioração da confiança” leva a “questionar se estas operações poderão ou deverão avançar como inicialmente planeado”. No entanto, os indicadores da Fidelidade “são indiscutivelmente sólidos.
“A seguradora apresenta uma posição de liderança destacada no mercado português, um portefólio diversificado, e uma ambição clara de crescimento internacional. A notação de risco de crédito atribuído pela Fitch (IFS A+, acima da notação da República Portuguesa) pode reforçar a sua credibilidade junto dos investidores”, assinala o head of Trading do Banco Carregosa, em declarações ao ECO.
Ainda assim, “a estrutura acionista dominada pelo grupo chinês Fosun e pelo Estado português, através da CGD, pode gerar reservas adicionais num ambiente global onde os alinhamentos geopolíticos pesam cada vez mais nas decisões de investimento”. “A par disso, o atual clima de aversão ao risco torna particularmente exigente a tarefa de alcançar uma valorização atrativa para os acionistas vendedores”, acrescenta João Queiroz.
O tema veio a público no início do ano passado, quando esta intenção começou a ser comunicada a a quadros da empresa após o grupo chinês alienar uma posição de 5,6% no BCP por 235,2 milhões de euros. O plano era que o IPO da seguradora ocorresse a seguir ao da Luz Saúde, embora estivesse(m) condicionado(s) às condições do mercado este ano.
Mais tarde, no relatório e contas de 2023, a Fidelidade confirmou que estava a preparar a dispersão do capital em bolsa em 2025, tendo já iniciado “os trabalhos necessários”. Fonte bancária, familiar ao negócio, apontou os três mil milhões de euros como o valor de referência a apresentar aos potenciais candidatos a investir, nomeadamente fundos de pensões e private equities.
Atualmente, o grupo Fosun detém 84,98% da Fidelidade, a Caixa Geral de Depósitos 15% e 0,02%, simbólicos, pertencem a atuais e antigos colaboradores.
Luz Saúde à ‘caça’ de investidores
Paralelamente, a Fidelidade encontra-se a preparar a entrada de novos investidores para a Luz Saúde, após a suspensão do IPO. O grupo liderado por Rogério Campos Henriques conta receber ofertas não vinculativas (non-binding offers) para vender uma participação minoritária na dona dos hospitais da Luz no final deste mês de abril, de acordo com a informação divulgada pela Mergermarket.
Os memorandos informativos – que nos processos de fusões e aquisições servem para dar aos potenciais compradores informações essenciais e elaboradas sobre a empresa à venda – foram enviados esta semana, avançaram fontes familiarizadas com o assunto à plataforma de M&A.
A Fidelidade — que não comenta estas informações — está disposta a vender uma participação de 40%, mas poderá ser superior em alguns pontos percentuais, procurando uma avaliação superior a mil milhões de euros para o grupo hospitalar.
A seguradora já tinha enviado cartas-convite a mais de uma dezena de potenciais investidores, entre os quais estão sociedades de private equity internacionais, como a KKR, a Macquarie Group ou a PureHealth Holding de Abu Dhabi. Os brasileiros da Rede D’Or São Luiz SA, os britânicos da Intermediate Capital Group (ICG) ou os franceses da Ardian também estarão a analisar este ativo, segundo a Bloomberg e a Mergermarket. O ECO sabe que a norte-americana Advent International também recebeu o memorando informativo.
A agência financeira Bloomberg noticiou em fevereiro que a Fidelidade contratou o banco de investimento Natixis para dar início a contactos com eventuais interessados em comprar uma posição minoritária no grupo Luz Saúde.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Mercados “não alteram foco estratégico” da Fidelidade. Continua a preparar IPO
{{ noCommentsLabel }}