O que Trump dá, Trump tira. Bitcoin apaga ganhos desde as eleições americanas
Resistiu à pressão das tarifas na semana passada, mas foi apanhada pela maré vermelha esta segunda-feira. A bitcoin esteve a valer menos de 74 mil dólares e já caiu 30% desde último máximo histórico.
O tsunami que inundou os mercados financeiros nos últimos dias alastrou-se esta segunda-feira aos criptoativos, e não está a poupar vítimas. A bitcoin já esteve a negociar abaixo dos 75 mil dólares, eliminando toda a valorização registada desde que Donald Trump foi eleito Presidente dos EUA em novembro.
Ao final da manhã desta segunda-feira, 7 de abril, a maior criptomoeda em valor de mercado já tinha recuperado de parte dessa queda, mas seguia com uma desvalorização de 6,66% relativamente ao dia anterior e a negociar por menos de 77.300 dólares, de acordo com dados da plataforma de preços CoinMarketCap.
O cenário era ainda pior para o Ethereum (ver gráfico). À mesma hora, esta criptomoeda alternativa registava uma queda superior a 16%, cotando a menos de 1.500 dólares a unidade e negociando no valor mais baixo desde março de 2023, segundo a mesma fonte. São fortes sinais de que os investidores estão mesmo a fugir ao risco, e não apenas a vender ações.
Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.
Estas quedas resultam do pânico que se instalou nos investidores após o anúncio das “tarifas recíprocas” por Donald Trump, num discurso no roseiral da Casa Branca que ficará para a história. A decisão de taxar as importações oriundas de alguns dos seus principais parceiros comerciais, e a retaliação anunciada pela China, já fez evaporar vários biliões de dólares do mercado, no pior momento para as bolsas desde o início da pandemia em 2020.
No final da semana passada, enquanto os mercados de ações colapsavam, a bitcoin manteve-se relativamente estável, negociando entre os 82 mil e os 84 mil dólares e fechando a semana com ganhos acumulados. Também o Ethereum concluiu a semana com uma subida marginal face à semana anterior. No entanto, à medida que as bolsas continuam em trajetória descendente esta segunda-feira de manhã, os criptoativos juntam-se à maré vermelha.
“Por um momento, parecia que as criptomoedas poderiam manter-se estáveis, mas, com os mercados de criptoativos a funcionarem 24/7, os investidores acordaram no domingo em pleno ‘modo de vender'”, escreveu Charlie Sherry, analista de criptomoedas da BTC Markets, numa nota de research citada pela Bloomberg.
Para os entusiastas mais fervorosos das criptomoedas, estas quedas têm um sabor particularmente amargo. No final do ano passado, a eleição de Trump para a Casa Branca deu um novo elã aos mercados financeiros, incluindo aos criptoativos, levando a bitcoin a superar a fasquia psicológica dos 100 mil dólares.
Foram muitas as promessas do republicano para apelar ao voto da comunidade ‘cripto’ e, durante algumas semanas, parecia difícil perder dinheiro a investir em bitcoin. Mas a cotação da criptomoeda já caiu cerca de 30% desde o máximo histórico de 109.114,88 dólares alcançado a 20 de janeiro, dia em que o atual Presidente dos EUA tomou posse.
Enquanto isso, o valor de mercado do conjunto de todas as criptomoedas ronda agora os 2,43 biliões de dólares, praticamente em linha com o registado em novembro, na altura das Presidenciais americanas, e longe do máximo de 3,72 biliões. Com as bolsas em queda livre e os fundos alavancados a terem de liquidar posições, os investidores arriscam mais turbulência no horizonte.
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