Seguros de crédito à exportação, apoios à formação e à internacionalização são soluções anti-tarifas do Governo
Resposta do Governo português para ajudar as empresas a mitigar os impactos da guerra comercial deverá passar seguros de crédito à exportação, apoios à formação e apoios à internacionalização.
A resposta do Governo português para ajudar as empresas a mitigar os impactos da guerra comercial deverá passar por seguros de crédito à exportação, apoios à formação, apoios à internacionalização e a diversificação dos mercados. Esta foi uma das mensagens que o Governo passou às organizações empresariais com que esteve reunido esta terça-feira na qual tentou perceber quais as necessidades das empresas. Na quarta-feira haverá mais uma ronda de reuniões com cinco associações empresariais.
“O Governo está a preparar um plano robusto para ajudar as empresas”, contou ao ECO Mário Jorge Machado. O presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) explicou que o ministro da Economia não se comprometeu com medidas concretas, mas garantiu que estas vão “abranger diferentes setores” e que o plano será “robusto”. Em cima da mesa estão “seguros de crédito à exportação, apoios à formação e apoios à internacionalização”, mas “algumas medidas exigem autorização de Bruxelas por causa das ajudas de Estado”, avançou Mário Jorge Machado.
Esta foi uma “reunião interessante, porque estando o Governo em gestão houve uma preocupação de estar atento às necessidades das empresas”, disse à Lusa o presidente da CIP, Armindo Monteiro, acrescentando que além do ministro da Economia, o encontro também contou com a participação do ministro das Finanças “porque a parte tributária é muito importante”.
“Houve uma preocupação de ter uma task force forte para poder gizar um plano forte e abrangente e nesse sentido foi bom, porque temos que responder a isto de forma muito concertada porque o desafio é grande“, disse. Em termos de medidas concretas, Armindo Monteiro aponta que “houve desde logo uma reação conjunta por parte da Europa”, sendo necessária “diplomacia e negociação, próprio de qualquer guerra seja convencional e comercial”.
Já no plano nacional, foi identificada a “necessidade de reforço dos planos de seguros de crédito às exportações”, tendo em conta que já antes era necessária a internacionalização da economia portuguesa, defende. “Precisamos aumentar o valor das exportações e precisamos de diversificar os mercados de destino“, reitera, apontando por isso que deve ser considerado o apoio para a diversificação de mercados e apoio para as linhas de crédito e para os seguros na atividade exportadora.
O Governo está ainda a “reequacionar a forma como os instrumentos de apoio às empresas podem ser mais eficazes”, tornar os “programas mais competitivos, com uma visão mais global da indústria”, explicou Mário Jorge Machado.
“O Governo deverá reforçar este programas”, explicou o presidente da ATP, mas não ficou claro no encontra se estes são programas suportados pelo Orçamento do Estado ou pelo Portugal 2030. “O Governo ainda está a desenhar o programa. Não se entrou nesse nível de detalhe”, disse o responsável que garante que os efeitos já se começam a fazer sentir.
Não há ainda data prevista para o programa, mas o pedido dos empresários foi “celeridade”. “O momento requer celeridade para dar apoio às empresas”, frisou Mário Jorge Machado.
Pedro Reis Pedro Reis já tinha anunciado a criação de um grupo de acompanhamento da guerra tarifária e que estava a desenhar medidas de apoio ao nível do programa temático Compete do Portugal 2030 e do Banco de Fomento para ajudar as empresas a resistir à escalada de tensão nas trocas comerciais. Com as alterações que o Banco de Fomento tem vindo a sofrer, a disponibilização de seguros de crédito à exportação é uma das competências que Pedro Reis gostaria de ver operacionalizado na instituição liderada por Gonçalo Regalado.
O objetivo do Executivo é ouvir as associações representativas das empresas com maior exposição aos EUA, para perceber qual o impacto das medidas anunciadas por Donald Trump, e perceber que propostas têm “para o mitigar e minimizar esse impacto nas exportações nacionais”. O Governo tem sido criticado por falta de respostas concretas e rápidas, sobretudo quando comparado com o Governo espanhol que, logo no primeiro dia, anunciou um apoio de 14,1 mil milhões de euros em ajudas e incentivos às empresas espanholas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu que Portugal deve reagir de forma concertada com a União Europeia à imposição de tarifas alfandegárias pelos Estados Unidos e recusou a ideia de que o Governo esteja atrasado. Paulo Rangel garantiu que o Governo já estava a trabalhar no tema “há semanas”.
“Já estamos a trabalhar nisso há semanas. Isto é, a tentar proteger na resposta que a União Europeia venha a dar, os setores portugueses que poderiam ser mais impactados”, disse na segunda-feira, revelando que tudo “terá a sua resposta a seu tempo” e que “nada está atrasado” e a resposta será dada “também em breve”.
Os encontros com as associações inicialmente iam decorrer de quarta a sexta-feira, em Lisboa e no Porto, com 16 associações e representantes da Aicep, IAPMEI, Compete, Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE) e Banco de Fomento. Mas, afinal, os encontros foram antecipados para esta terça e quarta-feira, arrancaram com 18 associações e amanhã seguem-se mais seis.
Nos encontros que decorrem na manhã e início da tarde de quarta-feira, estão o ministro da Economia, Pedro Reis, o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes, e o secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira que recebem a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA); a Associação Automóvel de Portugal (ACAP); Empresas Portuguesas de Combustíveis e Lubrificantes (EPCOL); Associação de Industriais Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP); a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) e a Confederação do Turismo de Portugal (CTP).
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