“Temos de fazer mais.” Bruxelas prepara estratégia para acelerar IA nas empresas
Plano de Ação Continente IA anunciado esta quarta-feira prevê a preparação de medidas para aumentar a percentagem de empresas europeias que usam tecnologias de inteligência artificial (IA).
A Comissão Europeia vai apresentar “nos próximos meses” um plano estratégico para acelerar a adoção de ferramentas de inteligência artificial (IA) pelas empresas. A intenção consta do novo Plano de Ação Continente IA, numa altura em que menos de 13,5% das empresas da União Europeia recorrem a este tipo de tecnologia, com Portugal a situar-se quase cinco pontos percentuais abaixo da média.
Para esse efeito, Bruxelas pretende alavancar a rede europeia de hubs digitais, assim como as novas Fábricas de IA, das quais 13 já estão em desenvolvimento, de acordo com a Comissão. Importa recordar que Portugal faz parte de um desses projetos, que é liderado por Espanha e inclui também a Turquia e a Roménia, prevendo a instalação de uma nova unidade focada em IA associada ao supercomputador MareNostrum 5, localizado em Barcelona.
Ademais, a Comissão Europeia insiste na mobilização de 20 mil milhões de euros de investimento nas chamadas “gigafábricas de IA”, que terão aproximadamente 100 mil chips de última geração para treinar novos modelos e desenvolver novas aplicações. Em fevereiro, a presidente Ursula von der Leyen revelou em Paris que serão criadas quatro destas instalações em várias partes do continente, cujas localizações ainda não foram reveladas, mas o plano prevê agora a criação de até cinco instalações deste tipo.
O plano de ação que Bruxelas apresentou esta quarta-feira passa ainda por propor um novo Cloud and AI Development Act. Sobre esta nova lei, Bruxelas explica que “o objetivo é, pelo menos, triplicar a capacidade de data centers da UE nos próximos cinco a sete anos”, com especial atenção para as infraestruturas mais sustentáveis, assume num comunicado.
Não há IA sem dados, pelo que Bruxelas compromete-se igualmente a lançar, ainda este ano, uma União Estratégica dos Dados. O plano é “criar um verdadeiro mercado interno de dados que permita escalar soluções de IA”, acrescenta a mesma nota.
Neste contexto, a Comissão Europeia está também a preparar medidas de capacitação dos cidadãos europeus e promete uma “simplificação regulatória”. Esta última medida passa pela criação de uma entidade própria “para ajudar as empresas a estarem em conformidade” com o regulamento europeu da IA.
Para alcançar estes objetivos, acabam de ser lançadas duas consultas públicas, uma focada na futura lei dos data centers e outra na futura estratégia para acelerar a adoção de IA pelas empresas — batizada de Apply AI Strategy —, que irão decorrer até ao próximo dia 4 de junho. Em maio está prevista uma terceira consulta pública para recolher contributos sobre a nova união dos dados.
“Temos de fazer mais, e temos de o fazer agora”, disse Henna Virkkunen, vice-presidente da Comissão. “Hoje só 13% das empresas europeias usam IA. Temos de acelerar a sua adoção para aumentar a produtividade e criar novos produtos e serviços. Iremos também envolver o setor público, onde em áreas como os cuidados de saúde a IA pode trazer benefícios transformadores”, sublinhou a responsável pela pasta da soberania tecnológica.
(Notícia atualizada a 10 de abril para referir que o plano prevê a construção de até cinco gigafábricas de IA)
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