Conselho das Finanças Públicas corta crescimento para 2,2% este ano e alerta para riscos da guerra comercial

Instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral está mais pessimista sobre crescimento e adverte que guerra comercial representa um risco significativo para a economia mundial e Portugal.

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) reviu em baixa as projeções de crescimento da economia portuguesa para este ano e o próximo, apontando agora para uma taxa de 2,2% e 2%, respetivamente. Apesar de salientar a resiliência que a atividade económica do país tem registado, a instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral alerta para riscos, entre os quais a guerra comercial.

No relatório de atualização de projeções macroeconómicas e orçamentais, divulgado esta quinta-feira, o CFP projeta uma aceleração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos 1,9% verificados em 2024, para 2,2% este ano. Esta previsão encerra, contudo, um corte de 0,2 pontos percentuais (pp.) face ao relatório publicado em setembro.

Apesar do efeito de arrastamento do crescimento registado no último trimestre do ano passado, o impacto da revisão em baixa do crescimento intra-anual, particularmente na primeira metade do ano, no consumo e no investimento, é superior.

A instituição revela-se mais pessimista do que o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, que em ocasiões públicas tem apontado para uma taxa de 2,5%, acima dos 2,1% inscritos no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).

A explicar a evolução face ao ano anterior, o CFP aponta para “o aumento da taxa de investimento, impulsionada sobretudo pelo reforço do investimento público, alicerçado na expectativa de uma maior taxa de execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em face do ano precedente”.

Para 2026 e 2027 prevê um abrandamento no ritmo de crescimento do PIB para 2% e 1,6%, respetivamente, convergindo, no médio prazo, para 1,8%. Em setembro, a instituição apontava para uma taxa de 2,1% em 2026, enquanto o OE2025 prevê 2,2%.

O CFP justifica o abrandamento esperado em 2026 com “a subsistência de níveis de incerteza elevados, condicionando a evolução do consumo, investimento empresarial e exportações, mas principalmente a um impulso menos expressivo do investimento público”.

No entanto, adverte que as projeções estão envoltas em riscos descendentes. “O ressurgimento de políticas comerciais protecionistas e a imposição de tarifas de larga escala, anunciadas já após a data de fecho desta publicação, representam um risco significativo para a economia mundial e, também, para Portugal“, alerta.

“A incerteza gerada por estas medidas pode ter um impacto negativo no comércio, na inflação, no investimento e, consequentemente, no crescimento económico, justificando uma monitorização próxima das suas repercussões por parte do Governo e a preservação de espaço orçamental para a eventual necessidade de adotar medidas de mitigação desses impactos“, acrescenta.

Aponta ainda, ao nível interno, o risco da “possibilidade de o investimento público crescer a um ritmo inferior ao esperado, assim como atrasos adicionais na implementação financeira do PRR”.

Crescimento desacelerou fortemente no primeiro trimestre

O CFP assinala que após o desempenho surpreendente registado no último trimestre de 2024, com uma taxa em cadeia de 1,5% (após uma média de 0,4% nos três trimestre anteriores), “a economia portuguesa deverá desacelerar de forma expressiva no primeiro trimestre”.

O relatório aponta que o crescimento na reta final do ano passado foi “influenciado pelo impacto de medidas de dimensão significativa e de cariz pontual: o suplemento extraordinário de pensões e o ajustamento das tabelas de retenção em sede de IRS“.

Neste sentido, realça que, em conjunto, estas alterações representaram um impulso equivalente a 4% do rendimento disponível trimestral das famílias, pelo que terá um efeito transitório no crescimento.

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