Trump arrisca tudo com plano de 90 acordos em 90 dias

O presidente dos EUA promete negociar 90 acordos comerciais em 90 dias, mas enfrenta críticas e algum ceticismo entre especialistas e investidores.

Donald Trump lançou um novo desafio à sua administração: alcançar 90 acordos comerciais em apenas 90 dias. A meta ambiciosa, anunciada após uma pausa estratégica nas tarifas impostas a vários parceiros comerciais, já está a levantar dúvidas entre especialistas e no mercado de capitais sobre a sua viabilidade.

A decisão do presidente dos EUA surge num contexto de volatilidade económica marcada por receios de recessão e inflação nos EUA. Recentemente, Trump suspendeu temporariamente as tarifas mais elevadas aplicadas a diversos países, mantendo uma taxa base de 10% para a maioria dos parceiros comerciais.

Contudo, a China, alvo de tensões comerciais prolongadas, viu as suas exportações para os EUA sujeitas a uma tarifa agravada de 145%, que fez Pequim retaliar com uma taxa de 125% sobre importações de bens dos EUA.

Segundo Peter Navarro, conselheiro comercial da Casa Branca, Trump será o “negociador-chefe” neste processo. “Nada será assinado sem que o presidente reveja cuidadosamente cada detalhe”, garantiu Navarro numa intervenção na Fox Business canal Fox.

A pausa de 90 dias foi apresentada como uma oportunidade para os países negociarem acordos bilaterais com os EUA, mas também como uma tentativa de restaurar a confiança dos mercados financeiros, que têm reagido com instabilidade às políticas tarifárias da administração.

Apesar do otimismo declarado pela Casa Branca, analistas apontam para desafios logísticos e políticos significativos. Wendy Cutler, ex-negociadora-chefe do Representante Comercial dos EUA, considera “irrealista” alcançar acordos abrangentes em tão pouco tempo. Mesmo os acordos mais simples negociados por Trump no passado levaram meses ou anos a serem concluídos, como sucedeu com as negociações com a Coreia do Sul ou o tratado comercial tripartido EUA-México-Canadá.

Adicionalmente, a administração enfrenta limitações internas, com muitos cargos-chave a permanecer vagos ou são ocupados por funcionários interinos, o que aumenta as dificuldades em gerir simultaneamente negociações com dezenas de países.

Os mercados têm também demonstrado ceticismo relativamente à capacidade de Trump em cumprir esta meta. A volatilidade recente nos preços das ações e nos mercados cambiais reflete preocupações sobre os impactos económicos das tarifas e sobre a incerteza associada às negociações comerciais. O ouro atingiu máximos históricos esta semana, reforçando o sentimento de insegurança entre os investidores.

Além disso, países como o Reino Unido e a Austrália têm mantido conversações com os EUA desde o início da presidência de Trump sem resultados concretos até agora. Este histórico contribui para dúvidas sobre se 90 dias serão suficientes para transformar “conversas” em “acordos”.

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