O que devemos ter num kit de emergência?
Um mês antes do 'apagão', a Comissão Europeia propôs aos Estados-membros que garantam que as populações tenham um "armazenamento de bens essenciais" para, pelo menos, 72 horas. Saiba o que contemplar.

Lanternas, rádios a pilhas e garrafões de água foram alguns dos artigos mais procurados pelos portugueses nesta segunda-feira, 28 de abril, depois de uma falha no fornecimento de eletricidade ter ‘desligado‘ Portugal e Espanha durante praticamente todo o dia útil. O problema foi tal que muitas famílias foram apanhadas totalmente desprevenidas e sem forma de responder às necessidades mais básicas. Em várias lojas, estes produtos simplesmente esgotaram, trazendo ecos do início da pandemia de Covid-19.
Um ‘apagão’ como o que se registou na Península Ibérica causaria sempre constrangimentos, qualquer que fosse o nível de preparação das populações: houve cortes no abastecimento residencial de água e os semáforos apagados espalharam o caos nas estradas. Mas algumas medidas simples poderiam ter mitigado o impacto da falha no dia-a-dia das famílias. Sobretudo se o problema se tivesse prolongado ainda mais tempo, ao invés de ficar praticamente resolvido ao início da madrugada.
Uma das medidas mais recomendadas é a criação do chamado “kit de emergência”. Há pouco mais de um mês, a Comissão Europeia publicou uma estratégia para “melhorar a capacidade da Europa de prevenir e responder a ameaças emergentes”, em conjunto com os Estados-membros. Além de propor “integrar cursos sobre preparação nos currículos escolares”, Bruxelas assume que irá realizar esforços para “encorajar o público a adotar medidas práticas, como o armazenamento de bens essenciais, para um período mínimo de 72 horas em caso de emergência”.
Nessa estratégia, a Comissão Europeia não especifica quais os bens essenciais que devem ser armazenados pelas pessoas, apontando como “calendário indicativo” da medida o ano de 2026. No entanto, alguns países têm apelado à população para terem em casa um kit com vários artigos úteis para situações críticas. Assim, com base nas recomendações já emitidas por diversas autoridades europeias, incluindo França, Bélgica, Noruega e até Portugal, o ECO compilou uma lista de itens que as famílias devem ter em conta na hora de criar um kit de emergência:
- Estojo de primeiros socorros, com pensos, ligaduras, compressas, fita adesiva, tesoura, pinça, alfinetes de segurança, analgésicos e desinfetantes, por exemplo;
- Medicação essencial, incluindo medicação habitual;
- Alimentos não perecíveis, como alimentos secos ou em conserva e boiões de comida para bebé;
- Água engarrafada (França recomenda seis litros por pessoa);
- Dinheiro em numerário, para quando não for possível fazer pagamentos digitais;
- Carregador de telemóvel e powerbank (carregada);
- Lanternas, preferivelmente recarregáveis à manivela ou a pilhas, sem esquecer pilhas de reserva;
- Um rádio a pilhas, com pilhas de reserva, para obter informações em caso de falha na rede elétrica;
- Fósforos ou isqueiro e velas;
- Canivete suíço;
- Apito para chamar a atenção em caso de emergência;
- Manta térmica, cobertor e roupa quente;
- Artigos de higiene pessoal;
- Óculos suplentes;
- Ração para os animais de estimação;
- Checklist de evacuação, com todos os itens pessoais a levar;
- Lista telefónica com contactos de familiares, amigos, vizinhos e outros números importantes.
Estes artigos, que podem ser guardados numa mochila, são apenas alguns exemplos do que deve conter um kit de emergência, mas o trabalho não acaba aqui. “Verifique regularmente a validade dos diversos itens”, recomenda o Serviço de Proteção Civil de Lisboa, acrescentando: “Ao seu kit poderá adicionar outros elementos que considere essenciais.”
Apesar de ainda não existir uma explicação oficial para o que originou o ‘apagão’ desta segunda-feira, há muitos perigos à espreita que poderão requerer o uso do kit de emergência. A Comissão Europeia assume que a estratégia de preparação onde se inclui o armazenamento de produtos essenciais para viver durante 72 horas torna-se necessária numa altura em que “a União Europeia se depara com crises cada vez mais complexas e desafios que não podem ser ignorados”.
“Desde o aumento das tensões geopolíticas e dos conflitos, passando pelas ameaças híbridas e de cibersegurança, pela manipulação e interferência de informação por entidades estrangeiras, até às alterações climáticas e ao aumento de desastres naturais, a UE precisa de estar preparada para proteger os seus cidadãos e as funções sociais essenciais que são cruciais para a democracia e para a vida quotidiana”, rematava a Comissão, um mês antes do ‘apagão’ ibérico na rede elétrica.
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