Crescimento da economia abrandou no arranque do ano. Incerteza das tarifas já se terá feito sentir
Economistas apontam para, no primeiro trimestre, um crescimento do PIB entre 2,4% e 2,8% na comparação homóloga e 0,1% e 0,6% na comparação em cadeia.
A deterioração da confiança dos consumidores perante um contexto de elevada incerteza internacional terá afetado já a economia portuguesa no primeiro trimestre. É pelo menos esta a expectativa da generalidade dos economistas, que já antecipavam um abrandamento do crescimento face ao forte desempenho registado no final de 2024, com uma queda esperada no consumo privado.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga esta sexta-feira a estimativa rápida da evolução do Produto Interno Bruto (PIB) no arranque do ano. A publicação chegou a estar prevista para quarta-feira, mas foi adiada “devido à falha de energia que impediu a conclusão dos trabalhos”.
As estimativas dos economistas consultados pelo ECO apontam para um intervalo de entre 2,4% e 2,8% na comparação homóloga e 0,1% e 0,6% na comparação em cadeia. O desempenho abaixo do registado nos últimos três meses do ano passado já era esperado, devido ao efeito de base, uma vez que nesse período a atividade acelerou 1,5% face ao trimestre anterior e 2,8% na comparação homóloga. No entanto, a conjuntura internacional também terá tido impacto.
O Banco de Portugal prevê que a taxa de variação em cadeia do PIB seja de 0,2% no trimestre inicial de 2025. “No primeiro trimestre de 2025, o rendimento disponível nominal deverá reduzir-se 1,2% — revertendo parcialmente o aumento do quarto trimestre — e refletir-se numa retração do consumo privado, já corroborada pelos indicadores de conjuntura disponíveis“, escreve a instituição liderada por Mário Centeno no “Boletim Económico de março“.
Uma projeção na mesma linha do NECEP – Católica Lisbon Forecasting Lab e que, na comparação homóloga, aponta para 2,5%. Por seu lado, o Barómetro de conjuntura económica CIP/ISEG antecipa “uma desaceleração significativa” para um valor entre 0,1% e 0,2% no primeiro trimestre deste ano na comparação em cadeia e para um intervalo entre 2,4% e 2,5% em termos homólogos.
“Os três primeiros meses do ano ficam marcados pela deterioração dos níveis de confiança dos consumidores, bem como pelo agravamento, comum aos diversos setores de atividade, do clima e perspetivas económicas do setor empresarial“, aponta.
O Fórum para a Competitividade admite um cenário mais otimista, estimando que a economia terá desacelerado nos primeiros três meses do ano, para entre 0,3% e 0,6% em cadeia, a que corresponde uma variação homóloga entre 2,5% e 2,8%. “No primeiro trimestre, o consumo privado parece ter mantido um dinamismo significativo, mas não tão dinâmico como no final do ano, enquanto o sector da construção terá mantido um bom desempenho”, justifica a análise.
O Fórum assinala também que “as exportações começaram o ano de forma favorável, mas com uma volatilidade significativa“. A venda de bens ao exterior cresceu 7,8%, enquanto as importações subiram 7,1% no primeiro trimestre do ano, face ao mesmo período do ano passado, segundo os dados divulgados pelo INE na terça-feira.
“O cenário internacional degradou-se profundamente desde janeiro, sobretudo devido às medidas do novo presidente dos EUA. As novas políticas, já aplicadas ou anunciadas, envolvem as relações comerciais, a defesa, a desregulamentação e a imigração, entre outras. Para já, as mais gravosas têm sido as novas tarifas, muito elevadas, aplicadas de forma mais intensa sobre aliados do que sobre os outros países”, recorda o Fórum para a Competitividade, destacando que “sem clareza não há investimento nem contratações por parte das empresas, nem há grandes compras por parte dos consumidores“.
O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a intenção de impor tarifas de 25% às importações de alumínio e aço. A decisão abrange também os países da União Europeia (UE), tendo entrado em vigor em março. A tensão comercial escalou e após anúncios de retaliação, negociações e avanços e recuos, a Administração Trump suspendeu as taxas adicionais.
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