Dona da Meo contacta 500 trabalhadores para rescisões por mútuo acordo
Desde final do ano passado, cerca de 500 trabalhadores terão sido contactados para rescisões por mútuo acordo, diz a Comissão de Trabalhadores. Empresa declina comentar.
A dona da Meo contactou “cerca de 500 trabalhadores” para rescisões por mútuo acordo desde o final do ano passado, afirmou esta segunda-feira a Comissão de Trabalhadores. Contactada pelo ECO, a Meo recusou comentar.
“Desde finais de 2024, cerca de 500 trabalhadores estão a ser contactados para rescisões por mútuo acordo (RMA) — um mecanismo que, na prática, representa um despedimento coletivo encapotado”, refere a Comissão de Trabalhadores, em comunicado. “Repudiamos veementemente estas práticas, que ignoram o impacto social e humano das decisões das administrações e colocam centenas de famílias numa situação de enorme incerteza”, diz ainda.
Dos cerca de 500 trabalhadores contactados desde o final de 2024, a CT ainda não tem “informação relativa a 2025” sobre o número de colaboradores que saíram da empresa. Mas, “segundo os dados que nos foram disponibilizados pela empresa, até final de 2024 foram contactados 120 trabalhadores dos quais 80 acabaram por entrar em acordo“, adianta CT, numa resposta por escrito, ao ECO.
“Não se verificando nenhum padrão, acredita-se ser um processo transversal à empresa“, diz quando questionada sobre se alguma área da operadora estava a ser particularmente visada neste processo de redução de quadros.
A denúncia da CT da dona do Meo surge depois de ser conhecido que na Nos estava a ser efetuado um processo de reestruturação, com saída de um número ainda indeterminado de trabalhadores.
Decisões tomadas num momento em que as operadoras registam desempenhos positivos nas suas contas, aponta a CT. No caso da Altice Portugal, em 2024, a operadora gerou “receitas totais de 2.775 milhões de euros em 2024 (+0,7% face a 2023) e EBITDA de 994 milhões de euros”, sendo que “apesar de não divulgar publicamente o lucro líquido anual, a empresa destaca a sua resiliência operacional e o crescimento nos segmentos core“, aponta a CT.
“Estes resultados demonstram que, apesar dos lucros elevados e da solidez financeira, ambas as empresas optam por processos de redução de trabalhadores, colocando eventualmente em causa a responsabilidade social e o respeito pelos direitos laborais”, denuncia a CT.
A CT acusa ainda a administração da Meo de não acompanhar a “retórica de meritocracia” — “nomeadamente aquando do recente apagão nacional, em que foi destacada a mobilização rápida e eficiente das equipas para garantir a continuidade dos serviços” — com “melhorias concretas das condições laborais”.
“O aumento de apenas 1 euro no subsídio de almoço, claramente insuficiente face ao aumento do custo de vida e distante do valor de referência do setor público, evidencia a falta de reconhecimento efetivo do contributo dos trabalhadores, mesmo quando a empresa exige desempenho de excelência e apresenta resultados financeiros robustos”, refere.
Num momento em que o país se prepara para eleições, a CT exige que “todos os partidos e candidatos coloquem o trabalho digno, a proteção dos trabalhadores e a responsabilidade social das empresas no centro do debate político e na agenda eleitoral”, diz em comunicado.
“Não é aceitável que empresas líderes de mercado, com lucros históricos, optem por reduzir postos de trabalho e precarizar as condições dos seus quadros, ignorando o papel fundamental dos trabalhadores no sucesso das organizações”, refere ainda.
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