Reitor da Universidade de Coimbra pede que empresas contratem doutorados para “ir mais além na inovação”

  • Joana Abrantes Gomes
  • 11:27

Reitor da Universidade de Coimbra pede “coesão política na inovação” e critica a Europa por se ter "fixado demasiado tempo no modelo americano”.

O reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, defendeu esta quarta-feira que as empresas portuguesas devem preferir contratar doutorados a várias pessoas a receber o salário mínimo, considerando que esta última prática “inibe” e “impede” o país “de ir mais além na inovação”.

“Há uma coisa que temos de fazer: os nossos empresários não podem continuar a preferir contratar três pessoas a salário mínimo do que uma pessoa doutorada. Isso é algo que nos inibe e nos impede de ir mais além na inovação“, afirmou Amílcar Falcão, durante a XVIII Cimeira da COTEC Europa, que decorre esta quarta-feira em Coimbra.

Falando num painel intitulado “A Universidade Empreendedora e o seu papel na transformação do conhecimento em valor”, o reitor da Universidade de Coimbra sublinhou que “a inovação, para funcionar, tem de ter um modelo de negócio” que “começa na capacitação dos jovens que entram na universidade para o empreendedorismo, associado à liderança e à capacidade que as pessoas têm de se movimentarem no mercado”, pois “só é possível transferir conhecimento para a sociedade se se produzir conhecimento“.

O responsável assinalou as diferenças do tecido empresarial português face ao espanhol e ao italiano. “[Como] o nosso tecido empresarial é sobretudo formado por microempresas que não vão ter uma capacidade de inovação fantástica, temos de arranjar estratégicas para combater esse problema”, disse, acrescentando que, nesse sentido, “a investigação tem de ser bidirecional”.

Para tal, segundo Amílcar Falcão, é necessário “conseguir financiamento europeu”, sendo Coimbra a universidade portuguesa com mais financiamento europeu para a investigação. “Isso reflete-se nas patentes: em seis anos, mais do que duplicámos as patentes no mercado. É com este impulso financeiro que depois conseguimos fazer diferente e ir procurar parcerias a outros locais”, realçou.

No entanto, o reitor da instituição centenária está à procura de parcerias fora do país, porque Portugal “é pequeno para aquilo que [a Universidade de Coimbra] deseja para a inovação”. Além disso, critica a Europa por se ter “fixado demasiado tempo no modelo americano”, apelando a “coesão política também na área da inovação”.

No caso de Portugal, em específico, Amílcar Falcão defende a necessidade de ter pessoas de fora das universidades “a gerir ciência e a apoiar os investigadores, porque estes não são genericamente empreendedores” e, por outro lado, de legislação que estimule os investigadores. “Em Portugal, um inventor ou investigador cria a tecnologia, faz a patente, vai buscar 50% dos royalties das patentes, mas vai ser taxado nos impostos como se fosse rendimento empresarial. Se ganhar 100 mil euros, paga 50 mil em impostos. Isto não é forma de estimular ninguém”, notou.

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