Start Campus elogia mudança de Trump no limite à compra de chips e espera que reanime interesse em data center de Sines
CEO diz ao ECO que potenciais clientes “interromperam ou abrandaram” conversas com a empresa e está “a acompanhar os desenvolvimentos” da nova administração dos EUA, benéficos para Portugal.
Os limites que os Estados Unidos impuseram a Portugal na compra de chips modernos, anunciados em janeiro e em processo de revisão pela administração Trump, foram suficientes para ter um impacto nas grandes empresas interessadas em utilizar os servidores de Sines. O CEO da Start Campus considera que a mudança do novo presidente norte-americano, que se prepara para rasgar a ordem de Joe Biden, é “bem-vinda”.
“Estamos a acompanhar de perto os desenvolvimentos. Qualquer mudança de política que facilite o acesso a tecnologias avançadas de Inteligência Artificial (IA) é bem-vinda e está alinhada com a ambição de Portugal de desempenhar um papel central no ecossistema global de infraestrutura digital. Embora seja prematuro especular sobre resultados concretos, esta evolução poderá influenciar positivamente futuras discussões de investimento, especialmente em projetos que exijam capacidades de computação de alto desempenho”, afirmou Robert Dunn.
Em entrevista ao ECO a partir do megacentro de dados de Sines, Robert Dunn diz que houve negociações com grandes players que foram suspensas ou ficaram em stand by nestes quatro meses. “Não haverá desinvestimento. Interrompeu ou abrandou algumas das conversas para implementações muito maiores? Sim. Para este edifício [o primeiro do data center] e para os próximos 10-20 megawatts não há impacto. Mas há clientes que podem ser afetados – ou são afetados – por alguns dos limites que foram impostos pela regra lançada em janeiro”, afirmou.
A empresa que está a construir o data center no litoral alentejano está em compasso de espera até esta quinta-feira, quando termina a consulta pública. “Falámos com a Embaixada dos EUA, mas não sabem exatamente. Estamos todos à espera para ver o que sai. Esperamos que esta regra mude já” esta semana, acrescentou o CEO da Start Campus.
Dia 15 de maio era a data prevista por Joe Biden para impor restrições à importação de tecnologia de vanguarda norte-americana, inclusive placas gráficas da Nvidia, especializada em IA. Agora, é a data que se encontra no calendário dos potenciais investidores em Portugal nesta indústria dos semicondutores, sendo que o Departamento do Comércio dos Estados Unidos confirmou que as restrições vão ser ‘rasgadas’ por Donald Trump.
“O novo governo [dos EUA] deve ter ouvido muitas pessoas – Nvidia, hyperscalers… – sobre as desvantagens ou consequências não intencionais desta regra. Não sei até que ponto a vão mudar, mas estamos esperançosos de que a mudança nos beneficie ou, pelo menos, nos coloque em igualdade de circunstâncias”, sublinhou Robert Dunn.
Segundo o CEO da Start Campus, os planos dos inquilinos do SIN01 – o edifício que está a funcionar desde outubro de 2024 – mantêm-se, mesmo aqueles com os quais a empresa está a negociar aumentos de capacidade no centro de dados. Em causa estão cinco empresas de grande dimensão e outras mais pequenas, da Europa e dos Estados Unidos, cuja identidade ainda é desconhecida.
Questionado sobre se mantém a previsão de iniciar as obras do segundo edifício do data center até ao final de junho, o CEO diz que é possível que o arranque da obra se arraste mais uns meses no calendário. “Sempre dissemos que seria por volta do meio do ano. Agora, provavelmente, por causa de coisas como a framework, atrasou por alguns meses, mas não muito mais do que isso”, argumentou.
“Entretanto, o que fizemos foi limpar o terreno e alinhar a cadeia de abastecimento. Já encomendámos os transformadores no ano passado, mas agora estamos realmente a preparar-nos para iniciar o projeto. Fizemos progressos”, garante o gestor responsável pelo projeto que, se for bem-sucedido, deverá trazer para o país investimentos superiores a 30 mil milhões de euros.
“Começaremos a construir assim que tivermos um inquilino-âncora. E isso não significa que precisamos de um inquilino para toda a instalação. Significa apenas que precisamos que um cliente queira ocupar algum espaço”, clarificou Robert Dunn.
O ECO avançou que o Governo dos EUA iria reavaliar a decisão de deixar Portugal fora da lista de 18 países considerados “aliados e parceiros” que escapam às últimas restrições à compra de chips para IA. É uma medida que afeta diretamente o negócio da Start Campus, tendo em conta que depende dos equipamentos tecnológicos onde se concentram os sistemas computacionais das empresas com as quais trabalha.
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