Seca é pior que temporais para a agricultura na UE. Seguros são insuficientes.

Relatório da corretora Howden para a União Europeia revela que apenas 20 a 30% das perdas agrícolas relacionadas com o clima estão cobertas por sistemas públicos, privados ou mutualistas do risco.

A maioria dos empresários do setor agrícola terá que recorrer ao seu próprio bolso ou a apoios estatais não previstos nos orçamentos para recuperar dos danos nas suas explorações provocados por catástrofes naturais.

Apenas 20 a 30% das perdas agrícolas relacionadas com o clima estão cobertas por sistemas públicos, privados ou mutualistas do risco, como pela Política Agrícola Comum da União Europeia (PAC). Para as restantes 70 a 80% não existem planos de prevenção monetária feitos à medida o que frequentemente obriga os governos a intervir com fundos não tinham esse fim.

Estes dados constam no relatório desenvolvido pela Howden e financiado pela União Europeia intitulado de “Instrumentos de seguro e de gestão de riscos para a agricultura na UE” (traduzido do inglês). É a primeira avaliação financeira, a nível comunitário, do impacto no rendimento dos riscos climáticos nos rendimentos atuais e futuros das diferentes culturas face a múltiplos riscos, recorrendo às métricas de risco essencial para perda média anual (AAL) e perda máxima provável (PML)

O estudo indica que quando a proteção é planeada, muitas vezes com financiamento público, é muito mais efetivo para agricultores e empresários, do que aqueles que surgem subitamente.

Quanto às perdas concretas, o estudo revela que o setor agrícola europeu perde, em média, 28 mil milhões de euros por ano devido a condições meteorológicas adversas. A Howden prevê que as perdas ultrapassem os 90 mil milhões de euros por ano – num ano de catástrofe em que 40% desse valor é um aumento de 40% devido às alterações climáticas – caso não hajam alterações das emissões emitidas.

Atualmente, as perdas médias anuais decorrentes de riscos climáticos – seca, precipitação, granizo e geada – equivalem a 6,4% do rendimento das culturas da União Europeia (UE) aumentando para mais de 10% nos piores anos. A seca é responsável por mais de 50% das perdas agrícolas totais e representa a maior ameaça em todas as regiões da UE. Em Portugal, o risco de seca é ainda maior, de 60%, seguindo chuvas intensas (21%), geada (16%) e, finalmente, granizo (9%).

Mas os dados a nível europeu escondem importantes variações regionais. De destacar que nas próximas décadas, é possível que em Espanha e na Itália as perdas por catástrofes possam atingir 20 mil milhões de euros. No entanto, as economias mais pequenas podem enfrentar perdas agrícolas superiores a 3% do seu PIB – em anos de perda extremas.

À medida que o clima continua a aquecer, a floração mais precoce de vinhas e árvores de fruto poderão levar a perdas mais devastadoras de uvas de elevado valor e para as culturas de frutos devido às geadas da primavera. “Entretanto, a ocorrência de tempestades mais frequentes e intensas provocará perdas devido ao granizo e às inundações”.

O aumento da frequência de sinistros de menor gravidade provocados pelo clima mas que ocorrem com mais frequência, podem ter um impacto significativo na sinistralidade total, aumentando a pressão sobre os rendimentos e lucros dos agricultores e produzir menos “bons anos” para construir ou manter reservas.

O riscos sistémico e os choques económicos podem ser reduzidos ou limitados através da adoção de um conjunto de mecanismos de transferências de risco, como emissão de obrigações catastróficas e através da intensificação da adoção de resseguro público-privados para proteger o orçamento da União Europeia, acredita a Howden.

A adoção destas pedidas permitiria uma recuperação mais rápida das comunidades agrícolas e protegeriam o orçamento das UE.

“Além disso, a adaptação em grande escala é fundamental para manter os seguros subsidiados à medida que os riscos aumentam e é essencial nas zonas não seguradas que enfrentam perdas frequentes. As políticas devem reforçar a resiliência climática, tanto a nível das explorações agrícolas como a nível regional, para manter a segurabilidade.”

A Howden também recomenda a adoção de medidas de adaptação às alterações climáticas suscetíveis de serem alargadas e racionalizar os dados para uma melhor gestão de riscos.

O relatório foi encomendado pela Direção-Geral da Agricultura da Comissão Europeia e realizado pela EIB Advisory, no âmbito da plataforma fi-compass, com modelação, interpretação e recomendações da Howden e da RiskLayer GMBH do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe.

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