TAP agrava prejuízos para 108 milhões no primeiro trimestre. Páscoa em abril e greve de pilotos penalizaram contas
O primeiro trimestre é sempre o mais difícil para a aviação e o da TAP foi este ano ainda mais negativo, com uma quebra de 4,5% nas receitas e o prejuízo a aumentar 18 milhões.
A TAP fechou o primeiro trimestre com um prejuízo de 108,2 milhões, mais 18,1 milhões do que no mesmo período do ano passado. O resultado foi penalizado por uma queda das receitas de passagens aéreas, que a companhia atribui ao facto de a Páscoa este ano ter sido em abril e não em março, e pela greve dos pilotos da Portugália. O mercado americano resistiu, mas o brasileiro caiu com o aumento da concorrência.
“2025 começou com um trimestre desafiante, marcado pela greve dos pilotos da Portugália e pela deslocação da Páscoa. A par disso, o aumento da concorrência nos principais mercados e as disrupções operacionais, como eventos meteorológicos adversos, greves e constrangimentos nos aeroportos e no espaço aéreo europeu, impactaram de forma significativa a performance financeira e operacional do trimestre”, afirma o presidente executivo, Luís Rodrigues, em comunicado.
A TAP somou receitas operacionais de 823,4 milhões entre janeiro e março, menos 4,5% do que no mesmo período de 2024. Além dos fatores referidos, a companhia aponta a estabilização da capacidade (a TAP está impedida pelo plano de reestruturação de aumentar o número de aeronaves) e o aumento da concorrência nos principais mercados, nomeadamente no Brasil, que pressionaram o preço das passagens.
Receitas caem 6% no Brasil
Apesar dos receios sobre o arrefecimento das viagens de e para os EUA devido à deterioração do contexto económico, a transportadora afirma que o mercado norte-americano teve um “desempenho positivo”, “sustentado pelo aumento da receita unitária [+5%] e do load factor [taxa de ocupação]”.
Já na América do Sul, a receita por passageiro teve uma evolução negativa (-6%), com a companhia a sublinhar um aumento de 18% na capacidade oferecida pelos concorrentes. Também na Europa a descida foi de 6%, enquanto em África a receita por passageiros cresceu 3%.
O número de passageiros transportados, 3,51 milhões, ficou praticamente inalterado face aos primeiros três meses de 2024, com a taxa de ocupação a recuar muito ligeiramente para 78,8%.
O negócio de Manutenção, que vem tendo um bom desempenho, também não cresceu este trimestre, com as receitas a recuarem 0,8% para 44,3 milhões. “Esta variação reflete uma ligeira redução da atividade devido a constrangimentos na cadeia de fornecimento que afetaram os prazos de execução dos trabalhos, tendo sido compensada parcialmente por melhores condições comerciais”, justifica a TAP. Já as receitas de carga e correio tiveram um incremento de 6%, mas pesam pouco no resultado global (2,2 milhões de euros).
Do lado dos custos, a transportadora aérea reporta um aumento de 2% para 955 milhões de euros, impulsionado pelo acréscimo de 19 milhões de euros nas despesas com pessoal, na sequência de “aumentos salariais e de remunerações acordados nos acordos coletivos de trabalho”. Os custos operacionais de tráfego aumentaram 4,7%, enquanto os gastos com combustível recuaram 7,7%.
Os gastos foram ainda penalizados pelo aumento de 140,5% na rubrica das imparidades de contas a receber e provisões, para 16,5 milhões, que é “maioritariamente explicado pelo reforço de provisões para compensações a clientes decorrentes da greve dos pilotos da PGA”.
Entre receitas e custos, o resultado operacional foi negativo em 131,6 milhões, mais 57,3 milhões do que no período homólogo. A TAP estima que a deslocação da Páscoa para o segundo trimestre e a greve dos pilotos da Portugália tenham tido um impacto financeiro nos resultados operacionais entre 30 e 40 milhões.
O resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA), que tinha sido positivo no primeiro trimestre de 2024, caiu 52,5 milhões e foi negativo em 9,5 milhões. O recorrente cifrou-se em 2,9 milhões positivos.
Dívida financeira líquida cai quase para metade
Apesar do aumento da dívida financeira bruta, para 1.601,2, o endividamento líquido da TAP caiu quase para metade, cifrando-se em 398 milhões, com o forte aumento do valor em caixa, para 1.203 milhões, para o qual contribuíram a entrada em janeiro da terceira tranche de capital do Estado, no valor de 343 milhões, e a emissão adicional de dívida sénior no valor de 200 milhões, realizada no início de março.
Sobre as perspetivas futuras, a companhia aérea assinala que “as reservas encontram-se, à data, em linha com o ano anterior, mostrando uma recuperação assinalável desde o início do ano, devendo compensar a pressão sobre as receitas unitárias face ao aumento estimado da capacidade”.
A TAP espera um aumento da concorrência nos principais mercados, embora com intensidades distintas. “No Brasil, o foco está na otimização da qualidade das receitas, mantendo os load factors estáveis com yields de qualidade, tirando partido da rede alargada da TAP, apesar da pressão sobre receitas unitárias”, refere o comunicado.
A transportadora irá prosseguir com a modernização da frota, estando prevista a entrega de um avião A320 NEO e dois A321 NEO.
(notícia com última atualização às 8h45)
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
TAP agrava prejuízos para 108 milhões no primeiro trimestre. Páscoa em abril e greve de pilotos penalizaram contas
{{ noCommentsLabel }}