Multinacional francesa instala ‘mini-data center’ em Lisboa e aproxima portugueses da ‘cloud’

A OVHcloud instalou uma nova Local Zone em Lisboa, infraestrutura mais simples do que um 'data center' e que não requer tanto investimento. "Portugal tem um ecossistema tecnológico em crescimento."

A multinacional francesa OVHcloud, que fornece infraestrutura e serviços assentes na cloud, inaugurou este mês a sua primeira Local Zone em Lisboa, “aproximando” os seus serviços “dos utilizadores e dos seus dispositivos”. Este tipo de implementação é mais simples e exige menos investimento do que a construção de um data center, diz ao ECO o vice-presidente da OVHcloud para os mercados do Sul da Europa e Brasil, John Gazal.

A nova Local Zone da OVHcloud, anunciada a 8 de maio, permite à empresa oferecer aos clientes em Portugal latências inferiores a 20 milissegundos. As empresas que se tornem clientes poderão ainda beneficiar do armazenamento dos seus dados “dentro dos limites geográficos definidos pelos regulamentos locais ou pelas políticas de segurança”, assegura o responsável do grupo com sede em Roubaix, no norte de França.

Devido a estes fatores, esta infraestrutura “também ajuda as empresas com serviços sensíveis à latência, que necessitam de tempos de resposta mais rápidos para proporcionar uma melhor experiência ao utilizador”, diz o responsável. Disso são exemplos “os sites de comércio eletrónico com picos de tráfego ou sazonais, as redes de distribuição de conteúdos, as plataformas de streaming e de reprodução de vídeo digital e os fornecedores de soluções SaaS [Software as a Service] e de análises em tempo real”, explica o responsável da empresa.

“A Local Zone de Lisboa garante a residência local dos dados, cumprindo as rigorosas políticas de segurança de setores como o financeiro, bancário, da saúde e governamental”, aponta John Gazal.

Este nó em Portugal é o 28.º da empresa, que pretende concluir o ano com 42 Local Zones no total e “uma centena a nível mundial nos próximos dois anos”. A multinacional francesa tem ainda Local Zones em cidades como Madrid, Milão, Amesterdão, Bruxelas, Rabat, Nova Iorque e Los Angeles, contando ainda com dezenas de data centers. Os que mais perto ficam da capital portuguesa estão localizados em Paris e Estrasburgo.

Porém, o valor do investimento realizado em Portugal não foi revelado, com a empresa a destacar apenas que já investiu mil milhões de euros desde que entrou na bolsa de Paris em 2021. Atualmente, conta com uma capitalização bolsista de 2,21 mil milhões de euros.

Questionado por email sobre por que é que uma Local Zone é mais adequada a um mercado como Lisboa e não um data center, o vice-presidente da OVHcloud sublinha que a instalação de uma infraestrutura deste tipo pode ser uma “questão de semanas”. “Ao exigir uma infraestrutura simples, com um alojamento eficaz em centros de colocation, as Local Zones são mais ágeis e flexíveis, permitindo à OVHcloud implementar rapidamente os seus ambientes Public Cloud com um capex [investimento] inferior ao dos data centers tradicionais”, reconheceu.

Quanto a outros investimentos na calha em Portugal, não está nada previsto por agora, mas é tudo uma questão de procura. A empresa irá “definir as novas implementações de acordo com a procura de serviços em cada área geográfica”, diz John Gazal. “Além disso, planeamos adicionar novos serviços nas Zonas Locais existentes para completar o portfólio do grupo de soluções de cloud seguras e eficientes”, acrescenta,

Sobre o mercado nacional, que tem sido apontado como um destino alternativo para investimentos em novos data centers, o responsável da OVHcloud destaca que “Portugal tem um ecossistema tecnológico em crescimento, tanto de startups como de empresas em fase inicial, bem como de empresas estabelecidas que oferecem serviços inovadores a nível global”. Sobre a recente decisão dos EUA de reverterem as restrições à compra de chips que iriam entrar em vigor contra Portugal, Gazal desabafa apenas que “a situação atual é muito fluida e gera muita incerteza no setor”.

“Demonstra uma coisa em que nós, na OVHcloud, temos vindo a insistir nos últimos anos: a União Europeia deve aumentar a sua soberania digital e a sua autonomia estratégica para garantir a sua competitividade e independência tecnológica. Nas últimas semanas, nas nossas conversas com clientes e parceiros, deparámo-nos com um facto: os CIO das empresas portuguesas aperceberam-se de que a soberania dos seus dados não é negociável e estão mais interessados do que nunca em fornecedores europeus como a OVHcloud”, aponta.

O plano de instalação de Local Zones da OVHcloud iniciou-se em 2024. Mas esta não é a única fornecedora de cloud a apostar nesta estratégia. A gigante norte-americana AWS, parte do grupo Amazon, também anunciou há vários anos que iria abrir uma Local Zone em Lisboa, mas, este mês, a líder da empresa no mercado ibérico, Suzana Curic, disse ao ECO que ainda não existem novidades sobre esse anúncio. A Local Zone da AWS em Lisboa continua a exibir, no site da empresa, o estado de “anunciada”, ao invés de “disponível”.

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