“O Chega não vai viabilizar uma moção de rejeição ao Governo”, garante Ventura
André Ventura entende que "é impensável uma crise política". Mas, enquanto "líder da oposição", não vai ser "muleta do Governo" e, por isso, rejeita agora acordos com a AD.
O presidente do Chega, André Ventura, garante que “não vai viabilizar uma moção de rejeição ao programa do Governo”, para evitar uma crise política. Mas, agora, enquanto “líder da oposição”, rejeita acordos com a AD de Luís Montenegro, afirmou esta quinta-feira à saída da segunda ronda de encontros com o Presidente da República, em Belém, que antecede a indigitação de Luís Montenegro como primeiro-ministro.
Sobre o Orçamento do Estado para 2026, deixou o sentido de voto em aberto, reiterando que terá “uma maioria pronta e alternativa para governar caso essa situação se coloque”.
“O Chega não vai viabilizar uma moção de rejeição ao programa do Governo e, por isso, não permitirá que soluções irresponsáveis e irrealistas criem numa nova crise política, num momento em que os portugueses querem estabilidade, um Governo e um Parlamento com capacidade de funcionar”, começou por indicar Ventura, acompanhado por comitiva composta por Cristina Rodrigues, Ricardo Regallo Dias, Diogo Pacheco de Amorim e Rita Matias.
O líder do partido de extrema-direita “deu a garantia de que não inviabilizará a entrada em funções do Governo na mesma expectativa de, no futuro, caso o Chega vença as legislativas, haja por parte dos outros partidos, e no caso específico do PSD, a mesma tolerância democrática”, salientou.
No entanto, alertou o Chega “foi mandatado para ser o líder da oposição” e procurará “garantir ao país que há uma maioria pronta e alternativa para governar Portugal quando e como essa situação se coloque”. Ou seja, o partido não será “muleta do Governo” nem irá “sustentar a governação”.
E rejeita acordos com a AD de Luís Montenegro. “Os portugueses querem o Chega a liderar a oposição, não vamos fazer o contrário, que é acordos de governação. O Chega quer liderar oposição, não é bom estar a fazer conluios e a distribuir lugares. O Chega tem de estar preparado a qualquer altura para ser Governo”, frisou. “É habituem-se. Há uma nova forma de fazer oposição, não vamos deixar um milímetro de corrupção por investigar e um milímetro de dinheiro mal atribuído”, acrescentou.
Por isso, reforçou, o Governo “deve sentir que tem no Chega um adversário de respeito, mas nunca deve presumir e pensar que tem no Chega uma espécie de espelho do PS, que fecha os olhos à corrupção ou ao fenómeno da imigração e da insegurança”. “Não esperem de nós nem cartas brancas, nem ser a semelhança do que o PS ou o PSD fizeram em Portugal”, atirou.
Sobre o Orçamento do Estado (OE) para 2026, deixou o voto em aberto mas com avisos à navegação: “Não posso dizer como vamos votar, porque não o conhecemos e o que vimos no último ano é que o PSD preferiu fazer um OE à medida do PS e não da maioria de direita no Parlamento. É preciso haver quem, de forma construtiva, saiba fazer oposição e ser alternativa. Se PS e PSD se entenderam durante 40 anos, porque não o fazem novamente?”.
Quanto à reeleição do candidato da AD, José Pedro Aguiar-Branco, para presidente da Assembleia da República, o líder do Chega referiu que “estão a existir conversas entre as bancadas e o Chega está a ter uma postura construtiva”. De lembrar que, no ano passado, Aguiar-Branco só foi eleito à quarta tentativa, depois do Chega ter rasgado o acordo com a AD. Mas, desta vez, poderá ser diferente, já que Ventura quer assumir-se como um líder da oposição “responsável”. Para além disso, Marcelo Rebelo de Sousa quer que “a Assembleia da República entre rapidamente em funções”, revelou.
Chega admite avançar com uma CPI ao caso Spinumviva
“Não é impossível chegar a um entendimento. Só houve até agora conversações entre as várias bancadas, ainda não houve entre os líderes dos partidos, que poderão ocorrer depois da reunião entre o presidente do PSD e o Presidente da República e deixei o compromisso ao Presidente da República que, ainda esta noite, o informarei sobre qualquer entendimento, que espero venha existir, de governabilidade da Assembleia da República. Não é uma situação igual à do ano passado. Tudo indica que teremos fumo branco”, indicou.
Relativamente ao caso Spinumviva, a empresa da família Montenegro e que motivou a queda do Governo e as eleições antecipadas, Ventura admite avançar com avançar com uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). “Houve agora uma evolução com um pedido de informação pelo Ministério Público, ainda não é conhecido se teremos ou não inquérito criminal e que mais esclarecimento o primeiro-ministro vai dar”, lembrou.
Porém, e “recebidos esses esclarecimentos, o Chega avaliará a necessidade de uma CPI”, salientou. “O Chega não pode de parte a CPI ao caso da Spnumviva. Se o Chega tiver de avançar por entender que há suspeitas graves, o Chega avançará sem nenhum receio como o caso das gémeas. Não temos medo de nenhum poder, de nenhum contrapoder”.
Sobre se apoio a candidatura de Gouveia e Melo à Presidência da República, o líder de Chega escusou-se a fazer comentários. “Nos próximos tempos falaremos com toda abertura. O Chega ainda não decidiu se terá candidato próprio ou não”, disse.
(Notícia atualizada às 17h37)
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