Rússia encerra ponte da Crimeia após alegado ataque ucraniano

  • Lusa
  • 3 Junho 2025

"O tráfego rodoviário na ponte da Crimeia foi temporariamente suspenso", segundo autoridades russas. A SBU ucraniana admitiu ter colocado minas nas fundações desta estrutura ilegal".

As autoridades russas encerraram esta terça-feira a ponte de Kerch, que liga a Crimeia à Rússia continental, depois de os serviços secretos da Ucrânia terem anunciado que causaram danos nas fundações da infraestrutura. “O tráfego rodoviário na ponte da Crimeia foi temporariamente suspenso”, disse o centro de informação rodoviário, citado pelas agências russas.

O conselheiro do líder da Crimeia, Oleg Kriuchkov, relatou “intensas atividades militares ucranianas no Mar Negro, ao largo da costa da Crimeia”, segundo a agência de notícias espanhola EFE. Kriuchkov denunciou que estava a circular um grande número de informações falsas nas redes ucranianas e apelou para que o público confiasse apenas nas fontes oficiais.

Informações nas redes sociais russas alertam para a existência de um grande número de drones náuticos em toda a Crimeia e, em particular, na direção da ponte, onde as forças ucranianas estariam alegadamente a tentar ultrapassar os bloqueios flutuantes.

É a segunda interrupção do tráfego, depois de o acesso à ponte ter sido encerrado das 06:00 locais (04:00 em Lisboa) até pouco depois das 09:00 (07:00). O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) informou que danificou as fundações da ponte de Kerch, ao detonar 1.100 quilos de explosivos colocados debaixo de água.

A explosão ocorreu às 04:44 locais (02:44 em Lisboa), junto a uma das fundações da ponte, numa operação cuja preparação “durou vários meses”, segundo o SBU. “Os agentes (…) colocaram minas nas fundações desta estrutura ilegal. E hoje, sem qualquer vítima civil, (…) foi ativado o primeiro dispositivo explosivo”, disse o SBU num comunicado, publicado em simultâneo com um vídeo e uma foto da ponte danificada.

Este é o terceiro ataque ucraniano desde o início da guerra contra a ponte, cuja construção foi ordenada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, após a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia em 2014. O chefe do SBU, Vasil Maliuk, supervisionou pessoalmente a operação.

No comunicado, Maliuk explicou que “a ponte da Crimeia é um alvo absolutamente legítimo”, uma vez que foi construída para ligar a Rússia ao território ucraniano ocupado. A ponte serve também como uma “artéria logística para abastecer” o Exército russo. “A Crimeia é a Ucrânia, e qualquer expressão de ocupação será recebida com uma resposta retumbante”, disse Maliuk.

No domingo, os serviços de segurança ucranianos realizaram uma operação que foi classificada como a mais ambiciosa atrás das linhas inimigas desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. Um ataque em grande escala com ‘drones’ visou várias bases aéreas russas, algumas localizadas a milhares de quilómetros da fronteira da Ucrânia com a Rússia.

Cerca de 40 aviões de guerra russos foram atingidos. De acordo com o relatório de perdas divulgado pelo Estado-Maior ucraniano, a Rússia perdeu 12 aeronaves nesta operação das forças ucranianas, enquanto os restantes aviões atingidos terão ficado danificados.

A Rússia responsabilizou também, esta terça-feira, a Ucrânia pelas explosões que provocaram o colapso de duas pontes e acidentes ferroviários no fim de semana, de que resultaram sete mortos e mais de uma centena de feridos. “É óbvio que os terroristas, agindo sob as ordens do regime de Kiev, planearam tudo com a máxima precisão para que as explosões atingissem centenas de civis”, afirmou o Comité de Investigação russo num comunicado.

As explosões ocorreram no sábado à noite nas regiões russas de Kursk e Bryansk, que fazem fronteira com a Ucrânia. Provocaram o descarrilamento de um comboio de passageiros, de um comboio de mercadorias e de um comboio de controlo, matando sete pessoas e ferindo 113, incluindo crianças, segundo os investigadores.

Segundo a mesma fonte, está em curso uma investigação sobre “atos de terrorismo”. A Ucrânia não reagiu de imediato a estas acusações, de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP). A sabotagem ou tentativa de sabotagem de caminhos-de-ferro e outras infraestruturas na Rússia, em especial nas regiões fronteiriças, tem ocorrido regularmente desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Uma operação que resulte num número tão elevado de mortes de civis não tem precedentes. No fim de semana, a Ucrânia também atacou aviões militares russos em vários aeródromos a milhares de quilómetros das suas fronteiras, depois de contrabandear ‘drones’ explosivos para a Rússia numa operação complexa.

Os serviços de segurança ucranianos reivindicaram hoje a responsabilidade por uma explosão na ponte de Kerch, construída pela Rússia entre o território continental e a península da Crimeia, que anexou em 2014. A ponte, que foi entretanto encerrada, já tinha sido alvo de dois ataques de Kiev desde o início da guerra.

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