Novobanco: IPO mais perto, franceses mais longe
Acionistas aprovam esta quarta-feira a admissão à cotação, abrindo caminho para o IPO. Franceses do BPCE perderam interesse, mas ainda não estão fora da corrida.
A venda em bolsa fica a partir desta quarta-feira ao alcance do Novobanco, assim a Lone Star entenda enveredar por esse caminho. Os americanos têm outra opção: a venda direta a outro banco. Mas este processo tem conhecido dissabores nos últimos dias. Primeiro, foi o Governo português a anunciar publicamente que não deseja uma venda a espanhóis. Agora, são os franceses do BPCE que estão mais longe da corrida, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO junto de fontes do mercado.
Os acionistas do Novobanco vão aprovar esta manhã, em assembleia geral extraordinária, uma proposta que visa a admissão à negociação de ações do banco na Euronext Lisbon.
Trata-se de um passo necessário que tem de ser dado pelo banco liderado por Mark Bourke antes de um eventual IPO (initial public offering), a operação que levará o ex-BES para a bolsa, mas que ainda tem de ser decidida pelo fundo americano.
Oito anos depois, a Lone Star está definitivamente de saída do Novobanco, mas procura a melhor opção para o retorno do seu investimento de mil milhões de euros realizado em 2017, em troca de uma participação de 75% do banco português.
Os restantes 25% estão nas mãos do Estado, através do Fundo de Resolução e Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF).
No âmbito do IPO, os acionistas poderão vender entre 25% e 30% do capital do Novobanco. O valor a dispersar na bolsa nesta primeira fase ainda não está decidido. O prospeto, como avançou o ECO, está numa fase avançada de avaliação na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Ou seja, se a Lone Star deseja realizar a operação ainda neste mês, o relógio está a acelerar.
Franceses do Natixis perdem interesse
Além da bolsa, há um outro caminho que está a ser explorado pelo fundo americano. O processo de venda do Novobanco captou a atenção e o interesse de outros bancos, incluindo o Caixabank (dono do BPI) e o grupo francês BPCE (dono do Natixis), como revelou o ECO em primeira mão. Mas também nesta frente ainda está tudo incerto.
Em relação à primeira opção, o Governo português torceu o nariz a um aumento da presença espanhola no mercado português, o que pode dissuadir o interesse num negócio com o Caixabank — visto como um dos principais candidatos ao Novobanco.
“A banca espanhola representa talvez um pouco mais do que um terço do mercado português. Creio que, por uma questão de concentração e dependência, esse valor não deveria aumentar”, afirmou o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, em entrevista à RTP.
Quanto à segunda opção, fontes do mercado adiantaram ao ECO que os franceses, embora não tenham desistido, estão mais afastados da corrida neste momento, ao que tudo indica, por divergências em relação ao preço. “Está muito complicado”, observa uma fonte.
Venda por inteiro ou em partes?
Enquanto isso, de Espanha, por outro lado, as notícias que vão surgindo na imprensa espanhola apontam para sentidos divergentes.
O El Confidencial (acesso pago, conteúdo em espanhol) avançou esta terça-feira que a Lone Star prefere a venda do Novobanco a outra entidade (em vez da bolsa), o que acalenta a esperança junto do Caixabank. “O fundo acredita que isto lhe permitirá maximizar o valor e desinvestir por completo, enquanto, com um IPO corre o risco de ter um preço mais baixo ou de ter de adiar a operação, mesmo estando tudo preparado para os acontecimentos voláteis deste ano”, escreve o jornal espanhol.
Já o Vozpópuli (acesso livre, conteúdo em espanhol) destacou que o fundo americano estaria a preparar um “desmembramento da venda do Novobanco”, encarada como uma “solução local” depois de o Governo português ter mostrado oposição a uma venda espanhola.
“A ideia que está a ser considerada pela Lone Star e pelo Governo português envolve uma venda fragmentada, na qual procurariam compradores separados para os negócios bancários corporativos e comerciais, de acordo com fontes próximas da transação”, precisou o jornal, lembrando que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) já mostrou interesse no negócio de empresas do Novobanco.
Ainda segundo o Vozpopuli, a Lone Star pretende arrecadar entre quatro e cinco mil milhões de euros com a venda total, mas o Caixabank resiste a pagar mais de três.
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