Apagão. Investigação europeia focada na falha dos planos de defesa do sistema

  • Lusa
  • 17:22

Poucos segundos antes do apagão, os planos de defesa do sistema espanhol e português "foram ativados, mas não conseguiram impedir o colapso do sistema elétrico ibérico", referem peritos europeus.

O comité de peritos europeus encarregado de investigar o apagão elétrico ibérico de abril considera ser necessário saber por que motivo os planos de defesa do sistema não conseguiram travar o processo que levou ao apagão total.

De acordo com uma atualização publicada na sexta-feira pela ENTSO-E – Rede Europeia de Operadores de Transporte de Eletricidade, com base nos dados recolhidos até ao momento, estes planos não conseguiram evitar o colapso do sistema elétrico ibérico após dois períodos de flutuações de potência e frequência na Área Síncrona Continental Europeia (AECE), meia hora antes do apagão generalizado.

Os investigadores salientam que apenas um minuto antes do apagão foram observadas “interrupções na geração no sul de Espanha, o que levou a um aumento da tensão nos dois países afetados”. Esta sobretensão “desencadeou” uma cascata de perdas de geração que provocaram uma quebra na frequência do sistema elétrico da Península Ibérica”, refere o relatório. Nesse momento, Portugal e Espanha começaram a “perder a sincronização com o sistema europeu”.

De acordo com a cronologia preliminar elaborada pelos investigadores, poucos segundos antes do apagão, os planos de defesa do sistema espanhol e português “foram ativados, mas não conseguiram impedir o colapso do sistema elétrico ibérico” apesar de terem sido “elaborados de acordo com as obrigações legais”.

Por último, “as linhas áreas de corrente alternada entre França e Espanha foram desligadas por dispositivos de proteção perante a perda de sincronismo” e, como resultado, os sistemas elétricos português e espanhol entraram em colapso.

O comité de peritos observa ainda que “o rápido restabelecimento do fornecimento em Espanha e Portugal demonstrou a preparação e eficiência” dos operadores de rede afetados, a Red Elétrica e a REN, com o apoio e colaboração do operador de redes de transporte francês RTE e da empresa de eletricidade marroquina ONEE.

Uma vez concluída a recolha e análise de dados pelo comité de peritos, será remetido à Comissão Europeia e aos Estados-membros um relatório final com recomendações para prevenção de incidentes semelhantes no futuro. A próxima reunião do painel de peritos está agendada para o dia 23 de junho.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou no dia 28 de abril Portugal e Espanha. O fecho de aeroportos, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta a de combustíveis foram algumas das consequências do apagão.

As investigações preliminares apontam para uma perda súbita de geração de energia solar como possível causa, mas as conclusões definitivas ainda estão pendentes.

A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade está a investigar as causas deste apagão, que classificou como excecional e grave. Este painel de peritos terá de elaborar um relatório factual que servirá de base ao relatório final, a concluir até 28 de outubro deste ano.

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