Falta de literacia financeira afasta jovens dos seguros
Jovens europeus valorizam seguros, mas sentem falta de literacia financeira e processos simples. Exigem informações claras, inovação e maior apoio do setor para decisões mais seguras e conscientes.
A maioria dos jovens europeus (82%) considera que não tem literacia financeira suficiente para tomar decisões informadas na escolha dos seguros. Esta é uma das conclusões de um inquérito conduzido pela Insurance Europe em conjunto com o European Youth Parliament (EYP) que recomenda aos reguladores europeus que apostem na educação financeira para os mais novos em todos os estados-membros.

O estudo mostra que os jovens (82%) valorizam a proteção que os seguros oferecem, e estão até dispostos a pagar mais por uma cobertura mais vantajosa. No entanto, consideram frequentemente que o processo de compra é demasiado complicado. Sete em cada dez jovens querem informações mais claras e direcionadas ao consumidor.
Vários dados podem ajudar a aproximar as empresas de seguros das respostas que procuram para se adaptarem aos consumidores mais jovens. As primeiras gerações que cresceram num ambiente em que o digital serve como entretenimento, fonte de rendimento e forma de socialização demonstram que o ecrã não é, de forma homogénea, a preferência na compra de seguros. Os jovens também valorizam a compra presencial (34%) e uma abordagem híbrida (34%).
A maioria (57%) considera que o processo de comprar um seguro não é fácil. Muitos tiveram dificuldades com as informações recebidas durante a compra: 41% consideram difícil de entender, 4% disseram que não era de todo compreensível e 6% admitiram que nunca leram. “A complexidade tanto do processo como da informação é um obstáculo claro que pode desencorajar as pessoas de se envolverem com os seguros”, lê-se no estudo.
Quanto ao papel que os jovens esperam que os seguros desempenhem na sua vida, acreditam que os produtos devem ir além da simples indemnização em caso de sinistro coberto. Defendem que as seguradoras devem ser ativas na promoção de comportamentos responsáveis, apostando numa presença mais próxima. Além disso, 54% mostram-se dispostos a partilhar dados com as empresas.
“Este inquérito prova que os jovens europeus compreendem a importância dos seguros”, afirmou Thea Utoft Høj Jensen, diretora-geral da Insurance Europe. “Dá-nos um mergulho profundo na forma como a próxima geração espera clareza e inovação, reforçando a necessidade de criar um ambiente regulamentar que coloque o consumidor em primeiro lugar, garantindo que a informação é mais simples e concisa”.
A valorização das carreiras no setor segurador não acompanha a valorização dos produtos que este oferece. A maioria dos jovens europeus afirma não ter interesse em trabalhar com seguros.
As seguradoras também oferecem produtos de investimento que servem como complemento para a reforma. Nesse aspeto, 65% dos inquiridos considera importante planear a reforma, mas mais de metade (54%) ainda não está a poupar para esse fim. Os principais motivos apontados por este grupo são a falta de dinheiro (41%), a perceção de serem demasiado jovens (37%) e o facto de simplesmente não pensarem muito sobre o assunto (22%).
Os jovens consumidores têm uma ideia clara sobre como tornar os seguros mais atrativos: no topo da lista está a disponibilização de informações mais claras e acessíveis (70%), seguida de preços mais competitivos (58%) e de serviços digitais mais fáceis de utilizar (44%).
Com base nas conclusões do estudo, a associação de seguradoras europeias apela aos decisores políticos que colaborem com o setor segurador para incentivar a inovação que permita às seguradoras utilizar dados com o objetivo de satisfazer as necessidades dos clientes — como, por exemplo, produtos que ajustam os preços de acordo com o uso de um veículo. A associação defende ainda o apoio à educação financeira precoce, a simplificação de processos e informações, bem como a promoção do planeamento da reforma e do investimento.
A Insurance Europe apela também ao setor que melhore a sua narrativa sobre o que significa trabalhar na área dos seguros, realçando o seu valor humano e social, e posicionando-se como um empregador moderno, sólido e dinâmico.
O estudo recorreu a uma amostra de 651 jovens de 33 países europeus (incluindo de Portugal) com idades compreendidas entre os 19 e 34 anos, tendo os mais novos maior representatividade. O nível de escolaridade com maior representação é o secundário (43,01%) seguindo-lhe a licenciatura ou equivalente (35,84%). O inquérito online foi conduzido pela Insurance Europe em parceria com o European Youth Parliament (EYP) entre 20 de novembro de 2024 e 22 de abril deste ano.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Falta de literacia financeira afasta jovens dos seguros
{{ noCommentsLabel }}