Bruxelas recebeu 76 propostas para gigafábricas de IA. Portugal disputa projeto com mais 15 países
A Comissão Europeia recebeu mais de 70 demonstrações de interesse para instalar gigafábricas de inteligência artificial em 60 locais diferentes. Portugal é um dos 16 países que entrou na corrida.
A Comissão Europeia recebeu 76 demonstrações de interesse para instalar gigafábricas de Inteligência Artificial (IA) em 60 locais diferentes de 16 Estados-membros. O conjunto de propostas iniciais, onde Portugal está incluído, representa um investimento total de aproximadamente 230 milhões de euros.
O valor é “indicativo” e representa um investimento a dois ou três anos. O plano passa ainda por os consórcios adquirirem, pelo menos, três milhões de processadores de IA de última geração, de acordo com a informação transmitida esta segunda-feira pela instituição europeia.
Bruxelas vai entrar “em breve” em discussões bilaterais com os países para preparar os próprios passos de forma a lançar a call oficial até ao final deste ano, “talvez” em novembro, segundo a vice-presidente executiva para a Soberania Tecnológica, Segurança e Democracia da Comissão Europeia, Henna Virkkunen.
“A nossa chamada para apresentação de demonstrações de interesses em instalar gigafábricas de IA foi um grande sucesso. Estamos muito entusiasmados com a resposta, que está muito além das nossas expectativas e demonstra o impulso e entusiasmo em inovar na IA na Europa”, afirmou Henna Virkkunen, em conferência de imprensa.
Em causa estão propostas informais de um grupo “diverso”, composto por empresas de energia, de centros de dados e de telecomunicações, mas os nomes não vão ser divulgados nesta fase por serem (ainda) apenas demonstrações de interesse.
“O nosso objetivo inicial era instalar quatro ou cinco gigafábricas, portanto este é um sinal muito positivo de interesse”, referiu a comissária europeia. No entanto, quando questionada sobre se o número de propostas não vinculativas recebidas significa que vão aumentar a quantidade de instalações, Henna Virkkunen só garantiu que “vão atingir” as quatro ou cinco, se se comprometer com a expansão.
Bruxelas considera que as gigafábricas de IA “vão ser game changers” por criar um ecossistema onde estão reunidos recursos e financiamentos para aumentar a competitividade europeia. “As empresas, os investidores e o setor público estão prontos para construir (…). É agora que o trabalho começa”, assinalou a comissária de origem finlandesa, num balanço divulgado esta tarde.
O prazo para pré-concorrer terminou a 20 de junho e Portugal é um dos 16 países europeus que foi a jogo. O Banco Português de Fomento (BPF) entregou à Comissão Europeia uma proposta de candidatura para tentar atrair para Sines uma destas infraestruturas de supercomputação, num investimento que poderá rondar os quatro mil milhões de euros, envolvendo um “consórcio alargado” de investidores privados, como avançou o ECO.
O plano português, encabeçado pelo BFF, prevê que a construção em Sines arranque em abril do próximo ano. A eventual gigafábrica abrangeria uma área total de 28 mil metros quadrados e a criação de 270 empregos diretos a tempo inteiro.
“Não significa que estas intenções se irão materializar, mas mostra que a Europa é o lugar para investir em IA”, ressalvou a comissária europeia com a pasta da Soberania Tecnológica, Segurança e Democracia.
A previsão é que o projeto em Sines arrecade receitas de 1,6 mil milhões de euros em 2030, maioritariamente através de vendas para os mercados externos, escreve o Diário de Notícias.
No início deste ano, a Comissão Europeia anunciou que pretendia mobilizar mais de 200 mil milhões de euros em investimentos em IA, entre os quais 20 mil milhões de euros com infraestruturas dedicadas a esta tecnologia.
Com as regras da IA generativa, expostas no AI Act, a pouco mais de um mês de serem aplicadas, a 2 de agosto, a comissária europeia Henna Virkkunen esclareceu que este regulamento não está incluído nas negociações comerciais com os Estados Unidos até à próxima semana.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Bruxelas recebeu 76 propostas para gigafábricas de IA. Portugal disputa projeto com mais 15 países
{{ noCommentsLabel }}