“Faltam-nos médicos no SNS, deixamos de ser atrativos”, reconhece ministra da Saúde
A ministra da Saúde admite que "não se pode normalizar urgências hospitalares fechadas" e defendeu que é "necessário uma unidade de combate à fraude".
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconheceu esta quarta-feira que “faltam médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS)” e que o sistema “deixou de ser atrativo para os profissionais de saúde”.
“Faltam médicos no Serviço Nacional de Saúde, saíram cerca de dois mil médicos nos últimos dois, três anos”, disse Ana Paula Martins em entrevista ao Jornal da Noite da SIC. A ministra justifica estas saídas com a “questão demográfica”, a reforma de muitos médicos, admitindo “que outros saíram para outras latitudes”.
“A partir de uma certa altura o SNS deixou de ser atrativo para os médicos, sobretudo os mais jovens”, reconhece a ministra, justificando que os “médicos mais jovens têm uma enorme necessidade de ter vida própria e já não querem trabalhar 24 sob 24 horas”.
A partir de uma certa altura o SNS deixou de ser atrativo para os médicos, sobretudo os mais jovens.
Ana Paula Martins afirma ainda que o “SNS tem serviços de urgência muito exigentes” e que “todos os mecanismos que nos últimos 15 anos foram acrescentando ao sistema são incentivos perversos”, reconhecendo que o “privado pode ser mais atrativo em algumas áreas”. Questionada sobre mais parcerias com o privado, remata que “não temos como não trabalhar mais”.
A ministra da Saúde admitiu que “não se pode normalizar urgências hospitalares fechadas”, mas assegura que o Governo “melhorou significativamente a resposta do ano passado para este ano”. Ana Paula Martins assegura que “neste momento estão abertas 165 urgências”.
“Isto é uma rede inteira, não é irrelevante”, afiança. Questionada sobre as urgências constantemente encerradas no país, a governante reconhece que “há falta de recursos humanos”. “Não temos médicos e enfermeiros suficientes”, assume.
Ana Paula Martins garante ainda que “a partir de 1 de setembro Hospital da Garcia da Horta vai estar aberto 325 dias por ano, 24 horas por dia”. “Vamos ter um equipa que virá do setor privado para podermos reconstruir o serviço”, refere.
“Não está tudo feito. Vamos levar algum tempo para conseguir estabilizar, nomeadamente, a Península de Setúbal, que, como sabemos, é a área mais crítica, já era a área mais crítica quando entrámos”, disse a ministra que afirmou na semana passada que “só abandonará o cargo no dia em que o primeiro-ministro entender que a sua missão chegou ao fim”.
Sobre os dois bebés que morreram no Hospital de Santa Maria e no Hospital de Cascais, a ministra da Saúde assegurou que teve o “cuidado de lamentar o que se passou”.
“Não poderia nunca não sentir de perto o que estas mulheres devem ter sentido. E não há palavras de consolo”, disse Ana Paula Martins.
Em relação ao dermatologista do Hospital de Santa Maria que recebeu aproximadamente 400 mil euros por dez sábados de cirurgias adicionais, a ministra reconheceu que é “necessário uma unidade de combate à fraude”.
“Isto não é desconfiar dos nossos profissionais e dos nossos gestores”, disse, exemplificando que “outros países têm uma unidade de combate à fraude”.
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