Líder parlamentar do PSD recusa que “não é não” ao Chega tenha caído nas últimas semanas

  • Lusa
  • 16:25

"Nós dissemos e repetimos que não faríamos um governo de coligação pré-eleitoral com o Chega e dissemos 'não é não', nós não governaremos numa coligação pós-eleitoral com o Chega", disse Hugo Soares.

O líder parlamentar do PSD recusou esta segunda-feira que tenha caído nas últimas semanas o compromisso do partido de dizer “não é não” ao Chega, defendendo que tal só se aplicava a coligações pré-eleitorais ou acordos formais após as eleições.

Na intervenção de abertura nas jornadas parlamentares do PSD/CDS-PP, em Évora, Hugo Soares lamentou ter ouvido, nos últimos dias, alguns comentadores acusá-lo de ser “o coveiro do não é não”, após negociações parlamentares com o Chega, sobretudo nas leis da imigração.

“Quanto ao não é não, eu não perderei muito tempo a repetir aquilo que nós dissemos vezes sem conta em campanha eleitoral ou fora da campanha eleitoral: nós dissemos e repetimos que não faríamos um governo de coligação pré-eleitoral com o Chega e dissemos ‘não é não’, nós não governaremos numa coligação pós-eleitoral com o Chega”, afirmou.

Quanto ao diálogo parlamentar com o partido liderado por André Ventura, Hugo Soares salientou que existiu na anterior legislatura: “Então o ‘não é não’ já caiu foi há dois anos, também na anterior legislatura disse publicamente que falei e negociei várias vezes com o Chega, falei e negociei várias vezes com o Partido Socialista”, contrapôs.

O líder parlamentar do PSD defendeu que “uma coisa são maiorias parlamentares formais” às quais a AD continuou a dizer “não é não” ao Chega. “Outra coisa, bem diferente, é nós conversarmos democraticamente com todos os partidos com expressão parlamentar. E como sempre dissemos que era isso que nós íamos fazer”, afirmou.

Hugo Soares referiu que, quer ele quer o primeiro-ministro, quando questionados – antes das eleições ou mesmo depois – com quem iam governar, sempre responderam “com todos”.

Eu disse várias vezes: nós vamos falar com o PS, que é um partido fundador histórico da nossa democracia, nós vamos falar com o Chega, como segunda maior força política com representação parlamentar”, afirmou, estendendo essa disponibilidade à IL e “até à extrema-esquerda”, se esses partidos tivessem interesse. Para o líder parlamentar do PSD, as últimas semanas “foram lapidares” quanto a esse diálogo com vários partidos.

“Nós viabilizámos uma descida de impostos para as pessoas que trabalham com o PS e com o Chega a viabilizar. Nós criamos uma polícia de Unidade de Estrangeiras e Fronteiras com o PS e o Chega a viabilizar”, exemplificou, cumprimentando esses dois partidos por terem “aderido às ideias da AD” que há um ano rejeitaram, no caso da nova unidade especial.

Hugo Soares diz que foi PS a quebrar consenso na Lei da Nacionalidade e critica Carneiro na TAP

O líder parlamentar do PSD acusou ainda o PS de ter sido o primeiro a quebrar o consenso entre os dois partidos na Lei da Nacionalidade e classificou de “trágico-cómica” a posição de José Luís Carneiro sobre a TAP. Hugo Soares assegurou que o seu partido irá procurar “o maior consenso possível” para aprovar as alterações à Lei da Nacionalidade, que serão discutidas em setembro no parlamento, e devolveu as críticas do PS, que tem acusado o Governo de cair nas mãos da extrema-direita nesta matéria.

Quem acabou com os consensos em matéria de Lei da Nacionalidade em Portugal foi o PS, não fomos nós agora. As últimas revisões da Lei da Nacionalidade o PS ou fez sozinho ou fez com a extrema-esquerda em Portugal e abandonou o consenso histórico que tinha com o PSD”, acusou.

Hugo Soares deixou ainda outra crítica dura ao secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, que defendeu que o Estado deveria devolver aos contribuintes os 3,2 mil milhões de euros injetados na TAP, após o anúncio da reprivatização de 49,9% da companhia por parte do atual executivo PSD/CDS-PP. “Ouvir o secretário-geral do PS apelar a que na privatização de 49,9% do capital social da TAP nós pudéssemos recuperar os 3,2 mil milhões de euros que eles lá injetaram é, no mínimo, trágico-cómico”, acusou.

Por um lado, o líder parlamentar do PSD defendeu que o PS deveria começar por pedir desculpa aos portugueses. “Porque a decisão de investir, de colocar, de despejar 3,2 mil milhões de euros na TAP foi do PS e com a mão toda do ex-secretário-geral do PS, que o atual apoiou”, disse, numa referência a Pedro Nuno Santos.

Por outro lado, considerou esta afirmação de José Luís Carneiro também cómica. “Exigir que nesta privatização se pudesse recuperar os 3,2 mil milhões de euros que eles lá depositaram significava dizer que, grosso modo, o PS avaliava a TAP na sua totalidade em cerca de 6,4 mil milhões de euros, ou seja, valia uma, duas ou três vezes mais do que a Air France”, criticou.

“Das duas, uma: ou é o combate político pelo combate político, sem critério, sem rigor, ou então é mesmo uma manifesta incompetência do secretário-geral do Partido Socialista”, acusou.

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