DBRS mantém inalterado rating de Portugal
A agência de rating canadiana alerta que será cada vez "mais difícil" para o Governo manter pequenos excedentes orçamentais no médio prazo.
A DBRS decidiu, esta sexta-feira, manter a notação de Portugal em A (elevado), com perspetiva estável. A agência de rating canadiana mostra otimismo quanto ao rumo da economia portuguesa este ano, ainda que avise que será “cada vez mais difícil” o Governo manter pequenos excedentes no médio prazo.
“As crescentes pressões sobre as despesas e os cortes fiscais planeados”, tal como “maiores gastos militares vão pesar sobre as finanças públicas na próxima década”, indica a agência na nota, em que confirma o rating e do outlook para a dívida soberana do país.
Ainda assim, o rácio da dívida pública portuguesa, que caiu acentuadamente de 116,1% do PIB em 2019 para 94,9% em 2024, deverá recuar para menos de 90,0% do PIB nos próximos dois anos, “o que poderá colocar o rácio da dívida portuguesa abaixo da média da zona do euro”, antecipa a DBRS.
Apesar dos riscos relacionados com o escalar da guerra comercial e com as tensões geopolíticas, a agência espera que o crescimento económico e o equilíbrio orçamental de Portugal superem a média da zona do euro nos próximos dois anos, com as taxas de juros mais baixas e o aumento de investimentos com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) a desempenharem um papel importante no crescimento em 2025 e 2026.
O “forte desempenho orçamental” do país desde 2016, assim como a “posição reforçada” do sistema bancário português também ajudaram a manter a notação de Portugal em A (elevado). A DBRS aponta que entre as principais vulnerabilidades estão o elevado nível de dívida pública, a elevada dívida externa e o relativamente baixo potencial de crescimento económico.
“No entanto, as preocupações com as finanças públicas e os desequilíbrios externos diminuíram significativamente na última década e, a menos que haja outros choques, espera-se que estas tendências continuem”, aponta a agência.
Na frente política, a DBRS acredita que o Governo da AD recebeu um “mandato mais forte”, ainda que a sua duração possa ser questionada ao longo do tempo. A ultrapassagem do PS pelo Chega nas últimas eleições é, para agência, uma “alteração no equilíbrio de poder entre os principais partidos” que pode “contribuir para uma maior estabilidade em comparação com a legislatura anterior e aumentar a probabilidade de o governo avançar com a sua agenda”.
Entre os desafios, para lá da incerteza geopolítica, é destacado ainda o “crescente problema” com a habitação, que se persistir, pode “pressionar a competitividade e limitar o crescimento”.
Em 17 de janeiro, a DBRS tinha sido a primeira agência do ano a avaliar Portugal, com uma subida do rating do país. Seguiu-se a S&P, a 28 de fevereiro, também a rever em alta a notação da dívida soberana, de A- para A, com perspetiva positiva. Em março, a Fitch manteve inalterado o rating de Portugal em ‘A-, com perspetiva positiva. E, em maio, a Moody’s decidiu não mexer na notação do rating ‘A3’ de Portugal, com perspetiva estável.
No calendário, segue-se a Standard & Poor’s a avaliar a dívida soberana a 29 de agosto.
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