Mário Centeno deixa negócio imobiliário de “alto risco” no Banco de Portugal
Contrato-promessa assinado com a Fidelidade para a compra de edifícios para a nova sede do banco central tem contingências de "alto risco”, segundo relatórios de due diligence.
A 2 de maio, quando faltavam pouco mais de dois meses para o final do mandato como governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno assinou um contrato-promessa com quatro sociedades do Grupo Fidelidade para a construção da nova sede do banco central nos antigos terrenos da Feira Popular, em Lisboa.
No entanto, segundo avança o Observador (acesso pago), os relatórios de due diligence técnico e jurídico encomendados pelo BdP alertam para 16 contingências graves que podem vir a colocar em causa o negócio, que só será concretizado no final de 2027.
A instituição aceitou pagar um sinal de 57,5 milhões de euros, mas a projeção de custo total da obra é de entre 235 milhões e 280 milhões de euros. Acima dos 191,99 milhões de euros que Mário Centeno prometeu pagar por todas as frações autónomas de dois edifícios ‘em tosco’ e 168 lugares de estacionamento.
Quando o Banco de Portugal avançou para a assinatura do contrato-promessa, a obra de construção dos dois novos edifícios ainda não tinha ‘luz verde’ para começar e nem sequer estavam concluídos os projetos — que tiveram de ter uma “alteração profunda”, segundo um relatório do assessor técnico Ficope.
Embora o Simplex Urbanístico permita que a Fidelidade inicie as obras sem nenhum licenciamento aprovado, conforme admitido nos relatórios, é real o risco de poderem vir a ser embargadas pela Câmara de Lisboa ou suspensas por intervenção do Ministério Público, no âmbito da jurisdição administrativa.
Entretanto, o CDS-PP anunciou que vai pedir uma audição parlamentar “urgente” do governador do Banco de Portugal, na Comissão de Orçamento e Finanças, para que Mário Centeno possa dar “explicações sobre essas operações”.
(Notícia atualizada às 13h50 com pedido de audição parlamentar)
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Mário Centeno deixa negócio imobiliário de “alto risco” no Banco de Portugal
{{ noCommentsLabel }}